Startup financiada por Zuckerberg ‘disneyfica’ aprendizagem
Aplicação da Byju’s foi descarregada oito milhões de vezes, e mais de 400.000 estudantes pagam a taxa anual de 10.000 rupias.
Rushi Parmar mora em Keshod, uma cidade no oeste da Índia tão pequena que só tem um parque, um cinema e nenhum centro comercial. Para crianças inteligentes como Parmar, que tem 12 anos e está a entrar na sétima série, a única opção para ter um nível de escolaridade decente era ir para uma cidade maior, a pelo menos três horas e meia de distância de casa. Como isso não era possível, Parmar fez o download da app da empresa de educação online Byju’s e começou a aprender matemática e ciências por conta própria. Um ano depois, ela foi a melhor aluna do ano.
“Gosto de impressionar os meus professores com meus conhecimentos sobre capítulos avançados, como monocotiledóneas e dicotiledóneas na aula de biologia e equilíbrio térmico na aula de física”, gaba-se Parmar. “Os meus professores adoram.”
Impressionados com o desempenho a aluna, vários de seus colegas inscreveram-se na Byju’s para a sétima série.
A educação online tem tido um sucesso explosivo na Índia, e nenhuma empresa será mais beneficiada do que a Byju’s. A aplicação foi descarregada oito milhões de vezes, e mais de 400.000 estudantes pagam a taxa anual de 10.000 rupias (pouco mais de 150 dólares), num país que é conhecido por não aderir a nenhum tipo de assinatura paga. A empresa diz que o número de utilizadores cresce a uma escala de 1.000 novos assinantes por dia e que atingiu uma taxa anual de renovação de 90%. A Byju’s conquistou vários investidores grandes: Sequoia Capital, Lightspeed Venture Partners e Sofina são alguns dos nomes que decidiram apostar na empresa, que é também a única startup na Ásia financiada pela Chan Zuckerberg Initiative, iniciada pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e pela mulher, Priscilla Chan.
“Quero disneyficar a educação na Índia”, disse o fundador da startup, Byju Raveendran, numa conversa recente na sede da empresa, em Bangalore.
Quero fazer pela educação o que Walt Disney fez pelo entretenimento. Quero tornar a educação envolvente e divertida, não apenas para as crianças indianas, mas para as crianças do mundo todo.
Os especialistas concordam que existe um potencial gigantesco: à medida que os smartphones proliferam e a qualidade da internet melhora, projeta-se que o setor de educação online da Índia vá quintuplicar até 2021, para 9,6 milhões de utilizadores pagantes, de acordo com o relatório Google KPMG Online Education in India, divulgado no mês passado. Esse segmento deve se tornar uma oportunidade multibilionária na Índia, diz Nitin Bawankule, diretor do setor da Google India.
Dezenas de empresas correram para participar. Entre as concorrentes da Byju’s estão a Khan Academy, que oferece vídeos gratuitos no YouTube; startups como Toppr, voltada principalmente para a preparação para as provas de faculdades de alto nível de Engenharia e Medicina; Cuemath, que ensina matemática; e Vedantu, que oferece orientação online em tempo real. A Byju’s tenta diferenciar-se criando aulas envolventes e interessantes.
A abordagem da Byju’s contrasta com a da Khan Academy, sem fins lucrativos, que conta com o apoio do bilionário Bill Gates e da mulher, Melinda Gates. Como os vídeos da Khan Academy são gratuitos, estão disponíveis para qualquer pessoa que tenha ligação à internet e não impõem um requisito financeiro aos estudantes. Raveendran respeita essa iniciativa, mas argumenta que o modelo de startup com fins lucrativos tem vantagens: “Podemos investir muito mais para tornar os conteúdos envolventes e personalizados”.
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