Portas vai com Marcelo ao México sarar “as feridas”
Paulo Portas vai com o Presidente da República na visita de Estado ao México. É preciso ultrapassar "as feridas" do investimento mexicano nos transportes do Porto revertido pelo atual Governo.
O ex-vice-primeiro-ministro Paulo Portas, vai estar com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua visita de Estado ao México, na próxima semana, confirmou a Lusa junto do anterior líder do CDS-PP. Paulo Portas estará na Cidade do México como presidente do Conselho Estratégico da Mota-Engil para a América Latina, construtora que celebra o 10.º aniversário da sua presença neste país e que receberá a visita do Chefe de Estado português num ato de inauguração oficial das suas instalações, na segunda-feira.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, que atualmente é também consultor da empresa estatal petrolífera mexicana Pemex e vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, vai também participar num fórum empresarial marcado para terça-feira, último dia da visita do Presidente da República. A lista de mais de 40 empresas inscritas neste fórum, a que a Lusa teve acesso, inclui a construtora Mota-Engil, o grupo Visabeira, a farmacêutica Bial, a EDP Renováveis e a Efacec, os bancos Millennium BCP e Santander Totta, a Vista Alegre, a empresa de maquinaria Siroco, a rede de ginásios VivaFit, a tecnológica WeDo e a empresa de materiais de construção Revigrés.
O Chefe de Estado vai estar no México entre domingo e terça-feira, numa visita de Estado concentrada na capital mexicana. A sua comitiva nesta viagem inclui o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís de Castro Henriques, e os deputados Luís Campos Ferreira, do PSD, Edite Estrela, do PS, Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS-PP, e Rita Rato, do PCP.
Marcelo: É preciso ultrapassar “feridas” da reversão de negócio mexicano
O Presidente da República considera que Portugal e México devem “criar uma parceria” alargada, “ultrapassando as feridas” do investimento mexicano nos transportes do Porto revertido pelo atual Governo, e “olhando para o futuro”. Em causa está a exploração, por subconcessão, da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) que o anterior Executivo PSD/CDS-PP atribuiu, em final de mandato, à empresa mexicana Alsa, mas que o atual Governo do PS reverteu logo que entrou em funções, cumprindo uma das condições acordadas com os partidos à sua esquerda.
Em declarações à Lusa, numa antevisão da sua visita de Estado ao México, que se vai realizar entre domingo e terça-feira, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se a este processo como “um episódio pontual” que deixou “feridas”, que é preciso superar. Segundo o Chefe de Estado, as autoridades dos dois países devem empenhar-se em “criar uma parceria – e não apenas subir o comércio, não apenas subir o investimento português lá e o investimento mexicano cá -, ultrapassando as feridas que resultaram de um episódio pontual relativamente a um investimento mexicano nos transportes em Portugal, mas olhando para o futuro”.
"Hoje há muitas empresas portuguesas, e empresas importantes, que escolheram o México como destino de atividade.”
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que a sua deslocação ao México “tem certas justificações”, e que “a primeira justificação é levar mais longe o relacionamento institucional, político, e até pessoal, entre os Estados e, neste caso, os Chefes de Estado“. Numa antevisão desta deslocação aos Estados Unidos Mexicanos, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “será uma visita muito condensada, muito curta, muito cheia, obviamente, com uma tonalidade económica muito forte – e importante, sobretudo, para o futuro do tecido empresarial português”.
O Presidente referiu que “hoje há muitas empresas portuguesas, e empresas importantes, que escolheram o México como destino de atividade,” e que, “tirando o Brasil, é o país com maior presença económica portuguesa na América Latina, conjuntamente com a Colômbia”.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que a presença económica portuguesa “está a crescer, permanentemente”, e que este contexto de “importantíssimo relacionamento económico” justifica o fórum empresarial que se vai realizar na terça-feira, último dia da sua visita de Estado.
Exportação de bens para o México está a subir
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), entre janeiro e maio deste ano as exportações de bens para o México aumentaram 45,1% face a igual período de 2016, para 113,3 milhões de euros, enquanto as importações caíram 34,6%, para 29,1 milhões de euros. Nos cinco primeiros meses de 2017, o México foi o 23.º cliente de bens portugueses, mas apenas o 60.º fornecedor.
No total do ano passado, as exportações de bens para o México atingiram 227,4 milhões de euros, e as importações deste país foram no valor de 157,2 milhões de euros. Em 2016, o México foi o 25.º cliente de bens de Portugal, com uma quota de 0,45%, e o 36.º fornecedor, com uma quota de 0,10%.
"Será uma visita muito condensada, muito curta, muito cheia, obviamente, com uma tonalidade económica muito forte.”
O número de empresas portuguesas que exportam para o México tem aumentado nos últimos anos, tendo passado de 524, em 2012, para 740, em 2016, de acordo com o INE. Os principais grupos de produtos exportados para o México são máquinas e aparelhos (66 milhões de euros em 2016), plásticos e borracha (26,5 milhões de euros) e metais comuns (26,1 milhões de euros), enquanto as importações são constituídas essencialmente por combustíveis minerais (65,1% do total).
O comércio com o México é sobretudo relevante em termos de bens, e tem sido globalmente favorável a Portugal. A balança comercial de bens e serviços, segundo o Banco de Portugal, teve um saldo positivo de 92,5 milhões de euros em 2016, com 272,4 milhões de euros de exportações portuguesas para o México e 180 milhões de euros de importações.
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