Tsipras admite erros. Varoufakis acusa-o de “incoerência”
Tsipras e Varoufakis continuam em conflito. O primeiro-ministro grego deixou várias críticas ao seu ex-ministro das Finanças, revelando até que este "adora" Schäuble. Varoufakis já respondeu.
O atual primeiro-ministro e o ex-ministro das Finanças da Grécia trocaram acusações esta segunda-feira, na sequência de uma entrevista cedida por Alexis Tsipras. Numa altura em que o país está prestes a sair do Procedimento por Défices Excessivos, vai voltar aos mercados esta terça-feira e com a nova ajuda já autorizada, o conflito entre os dois políticos continua. A cisão entre os dois ocorreu em julho de 2015, menos de seis meses do Governo ter tomado posse.
“Eu cometi erros, grandes erros“, confessou o atual primeiro-ministro grego, em entrevista ao The Guardian, publicada esta segunda-feira. Qual o maior erro? “A escolha de pessoas para lugares-chave”, admitiu. Questionado sobre se a referência era diretamente para Yanis Varoufakis, Tsipras rejeitou a ligação, mas disse que o ex-ministro das Finanças grego foi a escolha certa para a primeira abordagem de conflito com os credores.
Contudo, a crítica a Varoufakis chega com Tsipras a acusá-lo de querer reescrever a história: “Talvez chegará o momento em que certas verdades serão ditas (…) quando chegarmos ao ponto de analisar o que ele [Varoufakis] apresentou como plano B, que era tão vago que nem valia a pena discutir”. “Era simplesmente fraco e ineficaz“, classificou Tsipras.
No entanto, o próprio governante do Syriza assumiu os erros que cometeu enquanto líder dos destinos da Grécia. Tsipras justifica-se com a sua falta de experiência governativa, principalmente no que toca à “dimensão das dificuldades no dia-a-dia”. “Atualmente tenho uma diferente noção da que tinha previamente”, referiu. Contudo, Tsipras garante que nunca quis sair da UE: “Sair da Europa e ir para onde… para outra galáxia?”
Talvez chegará o momento em que certas verdades serão ditas.
Alexis Tsipras vai mais longe quando o assunto é o seu ex-ministro das Finanças, chegando a dizer que este tinha grande estima por Schäuble, o ministro das Finanças alemão. “Acho que [Schäuble] é o alter ego dele. Ele adora-o. Ele respeitava-o e ainda o respeita muito”, afirmou o primeiro-ministro grego.
Varoufakis acusa Tsipras de uma “profunda incoerência”
Em resposta à entrevista, Yanis Varoufakis publicou uma carta de opinião também no The Guardian. O ex-ministro das Finanças afirma que há uma “profunda incoerência” na resposta de Tsipras sobre o seu papel no Governo.
“Ou eu fui a escolha certa para ser o ponta de lança da ‘colisão’ com a troika dos credores da Grécia porque os meus planos eram convincentes, ou os meus planos não eram convincentes e, por isso, eu fui a escolha errada como primeiro ministro das Finanças”, contrapôs Varoufakis.
O ex-ministro das Finanças grego conclui que as respostas de Tsipras mostram a “impossibilidade” de manter uma crítica “radical” face aos anteriores Governos gregos enquanto se adotava a “doutrina” Tina (There Is No Alternative; Não Há Alternativa).
No texto Varoufakis é crítico do percurso escolhido por Tsipras, assinalando que a questão que se impõe é saber se ser prisioneiro dos credores é um plano melhor do que aquele que o atual primeiro-ministro rejeitou por ser “fraco e ineficaz”.
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