Angola: Veículo para o malparado não anula riscos diz a Moody’s
Moody's espera que risco dos ativos se mantenha elevado em Angola devido à redução da despesa pública e aos atrasos nos pagamentos do Estado por causa da queda das receitas petrolífera .
A agência de notação financeira Moody’s considera que a criação de um veículo financeiro em Angola para comprar créditos malparados é positiva para a qualidade dos ativos bancários, mas o risco desses ativos vai continuar elevado.
“Esperamos que o risco dos ativos se mantenha elevado em Angola devido à redução da despesa pública e aos significativos atrasos nos pagamentos do Estado no seguimento da descida das receitas petrolíferas, a maior fonte de rendimento do Governo”, escrevem os analistas da agência de ‘rating’ Moody’s.
"Esperamos que o risco dos ativos se mantenha elevado em Angola devido à redução da despesa pública e aos significativos atrasos nos pagamentos do Estado no seguimento da descida das receitas petrolíferas, a maior fonte de rendimento do Governo.”
Numa nota enviada aos investidores sobre a criação de um veículo financeiro para comprar os créditos malparados dos bancos locais, a que a Lusa teve acesso, os analistas lembram que os riscos de desvalorização do kwanza continuam a prejudicar o desempenho dos bancos, cuja exposição a moeda estrangeira vale 30% dos ativos.
“O risco de uma nova desvalorização da moeda local continua a ameaçar o desempenho dos bancos que emprestaram dinheiro em moeda estrangeira, que representa 30% do total dos empréstimos em maio”, escreve a Moody’s.
A sociedade anónima de capitais públicos Recredit foi criada em 2016 e é detida a 100% pelo Ministério das Finanças, com o objetivo de absorver o crédito malparado do Banco de Poupança e Crédito (BPC), um dos maiores do país, mas a missão foi alargada por decisão do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, em dezembro último, a toda a banca nacional.
O Governo angolano anunciou em julho que vai emitir 790 milhões de euros de dívida pública em moeda nacional para financiar nova compra do crédito malparado na banca, elevando a fatura da operação, desde dezembro último, a mais de 2.000 milhões de euros, já que no final do ano passado já tinha sido feita outra emissão de dívida pública a favor da Recredit, no valor de 231.127 milhões de kwanzas (1.212 milhões de euros), especificamente para comprar crédito malparado no estatal BPC.
Apesar destas iniciativas, a Moody’s considera que o setor bancário angolano continua a atravessar um momento difícil: “A compra de créditos difíceis pela Recredit vai melhorar o rácio de crédito malparado em todo o sistema, mas a magnitude dos melhoramentos sistémicos vai depender dos recursos e do âmbito das operações”, dizem os analistas.
"A compra de créditos difíceis pela Recredit vai melhorar o rácio de crédito malparado em todo o sistema, mas a magnitude dos melhoramentos sistémicos vai depender dos recursos e do âmbito das operações.”
Mesmo com estas compras dos ativos mais problemáticos, a Moody’s considera que “o rácio de crédito mal parado em Angola não vai comparar favoravelmente com o de ouros países da África subsaariana no final da compra dos créditos do BPC”.
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