Like & Dislike: Bons números. Mas uma má gestão de expectativas

Os números do PIB foram bons. Mas menos bons do que se esperava porque Caldeira Cabral fez questão de colocar as expectativas onde não devia.

Os valores que o INE divulgou esta segunda-feira foram positivos. No segundo trimestre, a economia cresceu 2,8% face ao período homólogo, uma performance idêntica face aos primeiros três meses do ano.

É importante sublinhar que a economia está a crescer sem políticas expansionistas agressivas, e sem comprometer a consolidação das contas públicas, como fez questão de frisar Mário Centeno na conferência de imprensa desta segunda-feira.

Do lado positivo, além do valor elevado do crescimento do PIB, o investimento continua a aumentar, quer a variação de existências (stock armazenado), quer a Formação Bruta de Capital Fixo. Depois da miséria que foi o investimento no ano passado, sobretudo o público, é um bom sinal esta retoma.

Até porque investimento hoje significa maior capacidade de vendas e exportações no futuro. E aqui é que chegam as notícias menos positivas, já que os números do INE mostram sinais de fadiga na balança comercial.

As exportações desaceleraram e as importações também, mas não tanto. Resultado, a procura externa líquida teve um contributo negativo para o PIB.

É a principal justificação para a desaceleração em cadeia do PIB que passou de 1% para 0,2% no segundo trimestre. É a economia portuguesa a retomar vícios antigos e uma balança comercial de bens deficitária.

Apesar dos bons números da economia, as reações não foram muito efusivas. Isto porque as expectativas estavam colocadas demasiado altas.

Um dos principais responsáveis por esta má gestão de expectativas foi o próprio ministro da Economia que no final de julho disse que encontrava sinais surpreendentes na economia, para admitir que Portugal teria crescido mais de 2,8%. “Neste momento estamos com um crescimento, no primeiro trimestre de 2,8%, e há alguns sinais de que o segundo trimestre possa ter um crescimento superior a esse”. Uma coisa é Marques Mendes mandar uns bitaites sobre a economia. Outra bem diferente é ser um ministro, e ainda por cima o da economia.

E quem foi o primeiro governante a reagir aos números do INE esta segunda-feira? Foi Caldeira Cabral, claro está. O nível de coordenação em termos de comunicação no Governo foi tal que assim que o ministro da Economia começou a falar, os diretos das televisões cortaram-lhe a palavra e passaram para o ministro das Finanças que, entretanto, começava a falar no Terreiro Paço.

Há uma semana, um estudo da Eurosondagem para o Expresso (acesso pago) e para a SIC fazia o ranking dos melhores e piores ministros do Governo de António Costa. Mário Centeno era o melhor e Caldeira Cabral o pior, conseguindo a proeza de ficar abaixo de Azeredo Lopes e de Constança Urbano de Sousa, abalados pelos acontecimentos de Tancos e Pedrógrão Grande.

É obra ter o ministro da Economia como o pior do Governo quando o PIB está a crescer 2,8%. O problema do ministro não é só timidez, como diagnosticou António Costa. É um mau gestor de expectativas e ao que parece já ninguém tem grandes expectativas a seu respeito.

O Like & Dislike é um espaço de opinião.

 

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