Portugueses puxam pelas receitas da imobiliária Christie’s
Houve uma “explosão de compradores portugueses” no ano passado. A tendência mantém-se. E há margem para que os preços continuem a subir.
A Porta da Frente/Christie’s, imobiliária do segmento médio/alto e alto em Lisboa, Cascais e Oeiras, prevê aumentar a faturação 40% este ano, para até 9,5 milhões de euros, dinamizada pelos clientes portugueses, brasileiros, norte-americanos, franceses e suecos.
“Estamos com um primeiro semestre fantástico, fundamentalmente baseado nas vendas a mercados novos como EUA, Suécia e França, na manutenção de mercados como o Brasil e no crescimento notável dos portugueses”, afirmou o diretor-geral da Porta da Frente/Christie´s em entrevista à agência Lusa.
Admitindo que não será fácil continuar a “crescer a este ritmo nos próximos anos”, Rafael Ascenso destaca a “explosão de compradores portugueses” registada no ano passado, em que o peso dos clientes nacionais nas vendas da imobiliária se elevou para 35%, contra os 20% de 2015 e os 15% de 2014.
“Durante dois anos consecutivos (2014 e 2015) o nosso principal mercado foi o Brasil. Em 2016 os clientes portugueses já ultrapassaram aos brasileiros e, neste primeiro semestre, mantém-se esta tendência”, afirmou, atribuindo as crescentes compras por parte de nacionais “à retoma e também à ajuda dos bancos, que deixaram de pagar por depósitos”.
Por outro lado, acrescentou, o aumento do “risco associado aos bancos” deu destaque ao imobiliário, enquanto o “investimento seguro” e alternativo às “aplicações financeiras, que se podem evaporar de um dia para o outro”.
A seguir aos portugueses e os brasileiros, quem mais compra imóveis na Porta da Frente/Christie’s – cujo valor médio de transação rondou os 700 mil euros em 2016 e atingiu os 900 mil euros no primeiro semestre deste ano – são cidadãos franceses, suecos e sul-africanos, a que se juntaram, este ano, “bastantes pessoas do Médio Oriente e dos EUA”.
“Este ano já fizemos cinco ou seis vendas a cidadãos dos EUA”, notou Rafael Ascenso, acrescentando que no ano passado a mediadora transacionou imóveis com clientes de 31 nacionalidades diferentes e, em 2017, já o fez com compradores de mais de 20 países.
De acordo com o diretor-geral da imobiliária portuguesa – que há cinco anos é afiliada da Christie´s International Real Estate – “muitas das pessoas estão a comprar para investimento, como aplicação financeira”, enquanto “outros estão a comprar para se mudarem de armas e bagagens e viverem em Portugal”, nomeadamente brasileiros e franceses.
“Nós durante muito tempo subavaliamo-nos. Temos um país fantástico, muito melhor do que outros, quer em termos de infraestruturas, quer de qualidade de vida, custo de vida e segurança. Isso e o facto de termos, ainda, um preço por metro quadrado muito mais baixo do que as principais cidades europeias atrai grande parte dessas pessoas”, explicou.
É que, recorda, se os seis/sete mil euros por metro quadrado pedidos no segmento médio/alto e alto no centro de Lisboa são por muitos considerados “uma exorbitância”, a verdade é que no centro de Paris o preço chega aos 33 mil euros por metro quadrado e em Barcelona ou Madrid ronda os 13 ou 14 mil euros.
“Somos muito competitivos no preço por metro quadrado e também na qualidade de construção, principalmente da construção nova e das reabilitações, que estão muito acima do que está a ser feito noutros países e com preços muito mais caros”, sustentou.
Relativamente aos receios, nomeadamente do Banco de Portugal, de uma eventual ‘bolha’ imobiliária em Portugal, o diretor-geral da Porta da Frente/Christie’s diz não ver indicações nesse sentido: “Uma ‘bolha’ imobiliária normalmente está associada a crédito da banca, quer seja por parte dos promotores imobiliários, quer dos compradores. E nós não temos tido essa experiência: 95% das nossas vendas no ano passado e 90% este ano foram feitas sem recurso a crédito”, sustentou.
Para Rafael Ascenso, há mesmo ainda “um espaço para crescer os preços” do imobiliário em Portugal, “embora não fosse muito bom que continuassem a crescer ao mesmo ritmo a que estão”, porque tal retiraria competitividade ao país.
“Acredito que vá haver um abrandamento do crescimento dos preços, até porque, neste momento, a oferta de produtos em Lisboa e em Cascais vai equilibrar com a procura. Acredito que a partir do próximo a tendência será para os preços crescerem, mas a um ritmo normal”, rematou.
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