NYT: Portugal, a máquina de lavar dinheiro angolano
Na preparação das eleições presidenciais angolanas, o jornal norte-americano faz o retrato da evolução da relação estratégica entre Portugal e Angola.
De colonizador a colonizado, de dominador a máquina de lavar dinheiro. É assim que o New York Times define a evolução da relação estratégica entre Portugal e Angola, com Portugal a assumir o papel principal. Na preparação das eleições presidenciais angolanas, a decorrerem esta quarta-feira, o jornal norte-americano faz o retrato (acesso condicionado) desta relação, não deixando de fora nomes como Isabel dos Santos e Álvaro Sobrinho.
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Na reportagem Portugal Dominated Angola for Centuries. Now the Roles Are Reversed, o jornal aponta dados que mostram Angola como um dos países mais corruptos do mundo e Portugal como um país “relaxado” no que diz respeito ao branqueamento de capitais. É feita depois a ligação entre ‘a fome e a vontade de comer’: “as condições dos dois países criaram uma combinação perfeita”, pode ler-se na reportagem. Condições que se estendem também à situação socioeconómica dos países, com Portugal a recuperar da crise financeira e Angola a prosperar com o dinheiro do petróleo.
"As condições dos dois países criaram uma combinação perfeita.”
Em declarações ao jornal, Ana Gomes, eurodeputada do PS, afirma que “em Angola, chamam Portugal a lavandaria” e Mira Amaral, antigo gestor do BIC e do BFA, garante que “é fácil de justificar o dinheiro” que Isabel dos Santos põe em Portugal, “porque tem várias e grandes empresas em Angola”.
Falar de Angola é falar de Isabel dos Santos
Os negócios da filha do presidente angolano em Portugal não são deixados de lado. O New York Times sinaliza a variedade de áreas em que está envolvida: “A filha mais velha do presidente de Angola, Ms. dos Santos, 44, tem comprado posições ou controlado os diamantes, os telemóveis, a banca e outras indústrias angolanas ao longo dos anos”, escreve o jornal. E ainda que em Portugal, Isabel dos Santos passe a imagem de selfmade woman, em Angola isto não é assim.
“Em Angola, a história dos ovos [que Isabel dos Santos tinha começado a vender ovos aos 6 anos] alimentou escárnio e ira”, continua. A presidência da Sonangol, a presença em eventos mundiais e as constantes campanhas de marketing de imagem também são focadas nesta peça.
Por fim, a ligação entre Portugal e Angola é feita através do “respeito” que em Portugal, “alguns angolanos encontraram”, e “perderam”. É assim referida a passagem de Álvaro Sobrinho pelo BESA, que culminou na investigação por apropriação indevida de fundos e gestão danosa.
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