Taxas do crédito à habitação sobem pela primeira vez em três anos
Depois de uma pausa, as taxas do crédito à habitação subiram em julho. Foi a primeira vez desde meados de 2014 que os custos do crédito das famílias se agravaram. A prestação média subiu um euro.
Pela primeira vez em três anos, a taxa de juro implícita no conjunto dos créditos à habitação registou um aumento. Os dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) mostram que a taxa acelerou em julho para 1,009%. A prestação média acabou por subir, mas muito ligeiramente, reflexo da recuperação das Euribor.
De acordo com o INE, a taxa de juro implícita no crédito à habitação subiu de 1,007% em junho, para 1,009% em julho. Tinha ficado estável em maio para voltar a descer em junho, mas a evolução das taxas Euribor, que estão associadas a quase 90% dos créditos em Portugal, levou pela primeira vez desde julho de 2014 a que registasse um agravamento dos custos dos créditos.
Juros sobem pela primeira vez em três anos
Apesar da aposta dos bancos estar a ser, neste momento, o crédito com taxa fixa, os empréstimos com taxa variável dominam. Depois de um período de forte queda, que as colocou em terreno negativo, estas taxas estabilizaram, registando pequenas variações mas sempre em níveis inferiores a zero: a taxa a três meses está em -0,328%.
A subida ligeira da taxa implícita reflete um movimento recente de recuperação das taxas de mercado em resposta à expectativa dos investidores de que Mario Draghi possa, em breve, começar a normalização da política monetária, embora só depois de terminado o programa de compra de dívida que colocou em marcha para puxar pela inflação — os preços na Zona Euro sobem, mas apenas 1,3%, abaixo dos 2% pretendidos. Esta inversão nos juros tenderá, contudo, a ser muito gradual.
A prestação média também acompanhou esta subida das taxas, embora o impacto na fatura mensal das famílias seja muito reduzido. O instituto explica que “entre junho e julho, o valor médio da prestação vencida para a totalidade dos contratos subiu um euro, para 238 euros“, acrescentando que esta mensalidade paga pelas famílias aos bancos tem por base um capital médio em dívida de 51.592 euros. Registou-se uma subida de 60 euros face ao mês anterior explicada pelo maior valor dos novos créditos.
Spreads travam taxas
Nos contratos celebrados nos últimos três meses, e ao contrário do que aconteceu no total dos créditos, a taxa implícita recuou. “A taxa de juro implícita desceu 8,5 pontos base, passando de 1,766% em junho para 1,681% em julho”, de acordo com os dados divulgados pelo instituto. Esta evolução traduz o facto de os juros terem registado uma ligeira subida, num contexto em que os bancos estão a reduzir os spreads associados aos contratos de habitação.
Este ano, e tal como no ano passado, está a assistir-se a um crescimento acelerado do crédito à habitação. De acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal, nos primeiros seis meses do ano, os bancos concederam um total de 6.803 milhões de euros em crédito às famílias, o montante mais elevado desde o mesmo período de 2011, com 3.821 milhões de euros destinados à habitação. O valor médio dos novos créditos subiu de 90.884 para 92.052 euros em julho. É o mais elevado desde pelo menos 2009.
Este aumento da concessão que está a ser acompanhado por um conjunto alargado de revisões em baixa dos spreads do crédito à habitação. A maioria dos bancos pratica taxas mínimas em torno de 1,5%. Os spreads chegaram perto dos 3% na crise, isto depois de terem sido de praticamente zero nos anos anteriores, voltando a cair perante a necessidade de os bancos concederem financiamento para conseguirem voltar a apresentar resultados líquidos positivos.
(Notícia atualizada às 11h45 com mais informação)
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