Angola: Política económica vai manter-se com João Lourenço
A BMI Research considera que a eleição de João Lourenço como novo Presidente de Angola vai resultar numa política económica largamente inalterada.
A consultora BMI Research considera que a política económica do Governo de Angola vai manter-se e que a contestação da oposição aos resultados poderá gerar contestação social, mas de curta duração.
“A eleição de João Lourenço como novo Presidente de Angola vai resultar numa política económica largamente inalterada nos próximos trimestres neste ‘petroestado'”, lê-se num comentário enviado aos investidores.
No documento, a que a Lusa teve acesso, esta consultora do grupo Fitch escreve que “apesar da rejeição do resultado oficial pela oposição, as ações judiciais não deverão resultar em nenhuma contestação social de longo prazo”.
Mesmo destacando o “importante momento” que é a eleição de um novo Presidente de Angola ao fim de 38 anos, a BMI Research considera que isto não deverá resultar “numa significativa divergência política face ao anterior executivo”.
A BMI lembra, por um lado, que João Lourenço é “um aliado antigo da família de José Eduardo dos Santos, e por isso não deverá querer desafiar o ‘status quo’ na fase inicial da sua presidência” e, por outro lado, “Lourenço foi pessoalmente escolhido por José Eduardo dos Santos para ser o seu sucessor”.
Também por isso, enfatiza a BMI Research, “não deverá apresentar qualquer desafio aos interesses da família” do ainda Presidente angolano.
José Eduardo dos Santos, notam, “saiu oficialmente da presidência, mas continua líder do partido, e deverá por isso exercer uma influência substancial devido à sua posição dentro do MPLA”.
Assim, concluem os analistas, não deverão ser feitas “reformas cruciais, incluindo mais transparência na companhia nacional petrolífera e a diversificação da economia para além do petróleo deverá conhecer poucos progressos”.
Sobre a contestação social, esta consultora considera que a oposição não está suficientemente organizada face aos protestos dos cidadãos, e por isso não consegue potenciar o descontentamento.
“Não acreditamos que as vozes da oposição sejam suficientemente organizadas para as tensões serem mais do que agitações populares esporádicas, mas ainda assim alertamos para o facto de o potencial para agitação social continuar a ser uma fonte fundamental de risco político no futuro de Angola”, escrevem os analistas.
É nesta assunção que a BMI Research se baseia para prever que o crescimento da economia deverá abrandar de 4,8% ao ano entre 2011 e 2015 para 2,7% até 2021.
Os resultados provisórios apresentados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) apontam a vitória do MPLA, com 61% dos votos nas eleições do passado dia 23 de agosto, garantindo maioria qualificada no parlamento e a eleição de João Lourenço como novo Presidente angolano, mas os resultados não são reconhecidos pela oposição, que alega irregularidades no escrutínio.
Concorreram nas eleições de 23 de agosto o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).
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