Autoeuropa: Governo “não se deve envolver diretamente”, diz Caldeira Cabral
O ministro da Economia diz estar a acompanhar as negociações mas que o Governo "não se deve envolver diretamente". O presidente Volkswagen diz que o conflito “tem que estar resolvido em Outubro”.
O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, disse esta quarta-feira no parlamento que o Governo “não se deve envolver diretamente” no conflito laboral existente na fábrica da Autoeuropa, mas assegurou acompanhamento das negociações na empresa em Palmela. O presidente executivo da Volkswagen, Herbert Diess, assegura que a Volkswagen não está “a considerar outras opções” para a produção do T-Roc, modelo fabricado em exclusivo pela fábrica da Autoeuropa em Setúbal. Acrescenta contudo que o conflito com os trabalhadores “tem de estar resolvido em outubro”, isto é, um mês antes da data prevista de lançamento do modelo.
“O Governo tem estado atento ao processo, mas não se deve envolver diretamente nem trazer para a praça pública as questões internas da empresa”, afirmou o governante, que estava a ser ouvido pela comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, na Assembleia da República. Manuel Caldeira Cabral recordou que já se reuniu tanto com a direção da fábrica de Palmela como com o presidente executivo da Volkswagen em Milão, Itália. “O que demonstrei foi confiança em que se encontre uma solução com a comissão de trabalhadores, que satisfaça ambas as partes”, referiu. Assinalou ainda que esta é uma “empresa muito importante” para Portugal, uma vez que está “a fazer grandes investimentos” no país, que passam, desde logo, pela “duplicação da produção”.
"O Governo tem estado atento ao processo, mas não se deve envolver diretamente nem trazer para a praça pública as questões internas da empresa”
“É uma situação de stress, mas acreditamos na nova administração”, diz Herbert Heiss. O presidente da Volkswagen espera uma solução até outubro, pois “todas as partes envolvidas têm interesse em resolver”, avança o Público. “Não estamos a considerar outras opções e confio na competência da administração da unidade local”, assegura o presidente da fabricante alemã. A transferência da produção para outra unidade é também excluída pelos custos elevados que implicaria, acrescenta o Observador.
"Não estamos a considerar outras opções e confio na competência da administração da unidade local.”
Herbert Diess diz-se “surpreendido” com os protestos dos trabalhadores da Autoeuropa, que vieram interromper vinte anos de estabilidade. Para além do mais, a necessidade de trabalhar aos sábados está acordada há dois anos, desde que ficou definido que a produção do T-Roc seria um exclusivo da fábrica de Palmela. O líder da Volkswagen acredita que, para além dos novos horários, a instabilidade na fábrica está relacionada com as várias mudanças na estrutura. Em primeiro lugar, a saída no início do ano de António Chora, representante de há muitos anos dos trabalhadores, e ainda, a entrada de um novo responsável de recursos humanos. A nova comissão de trabalhadores será eleita a 3 de outubro e poderão avançar as negociações.
O representante do SITE-SUL, que se reuniu esta quinta-feira com membros dos recursos humanos e da administração da Autoeuropa, descreveu a reunião como “produtiva” e afirmou que “os canais de comunicação estão abertos”.
“É um plano ‘muito ambicioso’”
A capacidade da fábrica da Autoeuropa, que estaria subutilizada, irá agora utilizar o seu máximo para produzir 28 mil unidades até ao final de 2017 e 180 mil em 2018. “É um plano “muito ambicioso”, confessa Herbert Diess, mas garante ao mesmo tempo que todos os carros produzidos pela Autoeuropa teriam comprador. Para além do T-Roc, os modelos Sharan e Sirocco continuariam a ser produzidos na unidade de Palmela.
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