Sindicato dos tripulantes de cabine admite ações judiciais contra a Ryanair
Tripulantes queixam-se da "forma abusiva e intimidadora como a empresa trata os seus trabalhadores".
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) afirmou, esta terça-feira, que serão tomadas ações judiciais contra a Ryanair, no âmbito dos conflitos laborais na companhia aérea de baixo custo.
Em resposta a questões da agência Lusa, a direção do SNPVAC informou estar a reunir informação sobre os contratos da Ryanair para “agir de forma esclarecedora aos tripulantes, que neste momento já estão sindicalizados” e para outros trabalhadores que entrem em contacto.
As ações junto dos quatro sindicalizados da Ryanair não podem ser divulgadas, por os trabalhadores terem pedido anonimato, uma vez que “existe um normativo que proíbe os trabalhadores de serem sindicalizados, caso o façam e sejam descobertos são imediatamente despedidos”.
“Existem ações que serão tomadas junto dos organismos judiciais portugueses, tendo em vista o estrito cumprimento da legislação portuguesa”, acrescentou a direção.
O sindicato referiu ainda que vários tripulantes têm entrado em contacto “após a revolta que está a existir no seio da Ryanair contra a falta de condições laborais” e a decisão do Tribunal Europeu, de 14 de setembro, de impedir a companhia de recorrer apenas a tribunais irlandeses para questões de qualquer país onde opera.
A SNPVAC informou que um tripulante português da Ryanair, baseado em Itália, fez uma denúncia formal sobre a “forma abusiva e intimidadora como a empresa trata os seus trabalhadores”.
“Desde ameaças de despedimento a quem se quer sindicalizar, tal como referido supra, aproveitamento de situações precárias para penalizar quem falta por doença, não cumprimento das obrigações legais em caso de acidente de trabalho, pressão constante para quem não atinge os objetivos de vendas a bordo, a obrigação de o tripulante pagar pelo seu fardamento, cartão de acesso ao aeroporto e até comida a bordo mesmo em casos de atrasos prolongados”, enumerou o sindicato.
O SNPVAC notou que a empresa perde anualmente profissionais para outras empresas, devido às condições laborais, “aliadas a um ambiente de trabalho de constante pressão e medo de represálias”.
“O problema da atual falta de tripulações deve-se também ao facto de a Ryanair sentir agora muita dificuldade de recrutar novos tripulantes, pois obriga-os a pagar cerca de 2.500 euros pela sua formação, sem garantia de acesso à profissão, o que também coloca um desgaste enorme a quem está a garantir a operação”, concluiu o sindicato.
Na segunda-feira, a Ryanair anunciou ter processado já 305 mil remarcações de voos ou reembolsos, até ao passado domingo, o que abrange 97% dos clientes afetados cancelamento de 2.100, dos seus 103 mil voos programados para setembro e outubro.
Em comunicado, a Ryanair especifica que os restantes 3% de clientes afetados, num total inferior a 10 mil clientes, ainda não terão entrado em contacto com a companhia.
As justificações da empresa para os cancelamentos relacionam-se com erros na marcação de férias de pilotos, que, por seu lado têm multiplicado queixas devido às condições de trabalho.
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