Material desaparecido em Tancos encontrado na Chamusca
A Polícia Judiciária Militar recuperou o material alegadamente roubado na base militar de Tancos. Ministro da Defesa vai ao Parlamento de urgência, a pedido do PS.
Quase todo o material militar de guerra furtado nos paióis de Tancos, Santarém, foi recuperado esta quarta-feira a 21 quilómetros do local, na Chamusca, cerca de três meses e meio depois de o Exército ter divulgado o roubo, em 29 de junho. O trabalho de verificação do material encontrado ainda não está concluído, mas já é possível confirmar que faltam as munições de nove milímetros, disse à Lusa fonte ligada à investigação.
O material foi recuperado na região da Chamusca, segundo a RTP. Em causa estão 44 armas de guerra, granadas e explosivos. Terá existido uma denúncia anónima durante a madrugada desta quarta-feira. Contudo, a Polícia Judiciária não conseguiu recuperar as munições. A denúncia pública de que o material teria desaparecido ocorreu no final de junho. Fonte oficial da PJM confirmou ao ECO que o armamento foi recuperado.
De acordo com a estação de televisão, a investigação da PJ foi feita em colaboração com o núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé. Já o Público avança que, segundo uma fonte militar, o material foi quase todo encontrado, exceto “algumas munições”.
Numa primeira reação, fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional assinalou a relevância da recuperação do material e frisou que é preciso aguardar pela “conclusão da investigação criminal em curso para se conhecerem todos os contornos relativos ao furto”.
A Polícia Judiciária Militar (PJM) tem como missão investigar crimes estritamente militares e de crimes cometidos no interior de unidade, estabelecimento ou órgãos militares. A PJM é um órgão de polícia criminal do Ministério da Defesa. Segundo a Lusa, a Polícia Judiciária Militar informou esta quarta-feira que intercetou na região da Chamusca, distrito de Santarém, o material roubado da base de Tancos.
De acordo com o comunicado, “o material recuperado já se encontra nos Paióis de Santa Margarida, à guarda do Exército, onde está a ser realizada a peritagem para identificação mais detalhada”. O Exército tinha decidido encerrar os paióis nacionais de Tancos, optando por concentrar o material nas instalações de Santa Margarida e admitindo armazenar algum material nos paióis dos outros ramos, em caso de necessidade.
Em sequência deste comunicado, o PS anunciou que vai chamar com caráter de urgência o ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, à Comissão Parlamentar de Defesa, na sequência da interceção pela Polícia Judiciária Militar do material roubado na base de Tancos. Este requerimento da bancada socialista foi transmitido à agência Lusa por fonte oficial da direção do Grupo parlamentar do PS.
Em reação a esta notícia, no Parlamento, Pedro Passos Coelho afirmou que este é também “um caso de falhanço do Estado”. “Espero que o Governo não tenha dúvidas sobre o que aconteceu“, afirmou o ex-primeiro-ministro e atual deputado do PSD, em declarações transmitidas pela RTP.
Já o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, questionado sobre o assunto, preferiu não reagir.
Do desaparecimento em junho ao (re)aparecimento em outubro
No final de setembro, o semanário Expresso revelou um relatório do serviço de informações militares sobre o caso dos Paióis Nacionais de Tancos onde se pode ler que Azeredo Lopes, ministro da Defesa, agiu “com ligeireza, quase imprudente”, revelando uma “arrogância quase cínica”. O documento revela ainda que o assalto revela “fragilidade de liderança e da capacidade de gestão de crise, quer ao nível militar, quer ao nível político”.
O ministro da Defesa chegou a dizer, em entrevista, que, “no limite pode não ter havido furto”. Azeredo Lopes admitiu não saber “se alguém entrou em Tancos”.
Em julho, o Ministério Público tinha decidido abrir um inquérito ao caso de Tancos, na sequência de terem sido levantadas suspeitas de tráfico de armas e terrorismo internacional. “Estão em causa, entre outras, suspeitas da prática dos crimes de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo internacional”, afirmava a Procuradoria-Geral da República.
Eis a lista do material roubado:
- 1450 cartuchos de 9 mm
- 22 bobinas de fio para ativação por tração
- 1 disparador de descompressão
- 24 disparadores de tração lateral multidimensional inerte
- 6 granadas de mão de gás lacrimogéneo CS/ MOD M7
- 10 granadas de mão de gás lacrimogéneo CM Anti-motim M/968
- 2 granadas de mão de gás lacrimogéneo triplex CS
- 90 granadas de mão ofensivas M321
- 30 granadas de mão ofensivas M962
- 30 granadas de mão ofensivas M321 (em corte para instrução)
- 44 granadas foguete antitanque carro 66 mm com espoleta M4112A1 com lançamento M72A3- M/986 LAW
- 264 unidades de explosivo plástico PE4A
- 30 CCD10 (carga de corte)
- 57 CCD20 (carga de corte)
- 15 CCD30 (carga de corte)
- 60 iniciadores IKS
- 30,5 lâminas KSL (Lâmina explosiva)
(Notícia atualizada pela última vez às 16h25 com mais informação)
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