Balsemão: Reestruturação da Impresa “está a correr muito bem”

  • Lusa
  • 18 Outubro 2017

Francisco Pinto Balsemão diz que o processo de reestruturação está a correr bem mas não adianta novidades. Afirma que "continua" e "não há nada de novo para falar".

O presidente do conselho de administração da Impresa, Francisco Pinto Balsemão, disse esta quarta-feira que a reestruturação do grupo de media, com a negociação de venda das revistas, está a correr “muito bem” e como o previsto.

“Está a correr muito bem”, afirmou, quando questionado pela agência Lusa à margem de um jantar no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa, com o tema “Os media na era da pós-verdade”.

Já quanto à pergunta sobre se o processo de reestruturação está a decorrer como previsto, Francisco Pinto Balsemão disse que “continua”, reforçando que “isso foi anunciado e não há nada de novo para falar”.

Estamos atrasados ou não estamos na vanguarda como devíamos estar.

Francisco Pinto Balsemão

Falando esta terça-feira aos jornalistas, Francisco Pinto Balsemão salientou que “o jornalismo profissional, de qualidade, sujeito a regras deontológicas e a sanções quando não as cumpre é cada vez mais importante num momento em que […] há tanta mentira, há tanta notícia falsa e há tanta meia verdade que é posta a circular”.

“É necessário é que haja meios financeiros e independência suficientes para que essa tarefa possa ser cumprida, como é necessário também que os jornalistas se adaptem mais e melhor ao digital porque, em muitos casos, estamos atrasados ou não estamos na vanguarda como devíamos estar”, adiantou o administrador.

A venda

A Impresa anunciou a 23 agosto a venda de todas as publicações (excluindo o Expresso) do grupo, onde trabalham mais de uma centena de pessoas, na maioria jornalistas. Na altura, a empresa indicou que iria vender alguns dos títulos no âmbito de um “reposicionamento estratégico” da sua atividade, que passa por um “enfoque primordialmente nas componentes do audiovisual e do digital”. Mais tarde, no início de setembro, a Impresa confirmou haver interessados na compra de revistas do grupo, sem adiantar mais pormenores desde então.

Após reuniões de elementos das direções com trabalhadores de vários títulos, o presidente executivo do grupo, Francisco Pedro Balsemão, enviou uma mensagem aos funcionários indicando que a reestruturação iria implicar a “redução da exposição ao setor das revistas e um enfoque primordialmente nas componentes do audiovisual e do digital”. “Nesse sentido, [a Impresa] iniciou um processo formal de avaliação do seu portefólio e respetivos títulos, que poderá implicar a alienação de ativos. A prioridade passa por continuar a melhorar a situação financeira do grupo, assegurando a sua sustentabilidade económica, e logo a sua independência editorial”, concluiu, na mesma nota.

Após reuniões com Francisco Pedro Balsemão, a Comissão de Trabalhadores da Impresa considerou haver uma “incerteza total” quanto ao futuro dos títulos do grupo e dos trabalhadores. Por seu lado, o Sindicato dos Jornalistas afirmou, depois de um encontro com a comissão executiva do grupo, ter obtido “o compromisso de [que o grupo iria] privilegiar as ofertas de compra para as 13 publicações à venda que incluam os trabalhadores desses mesmos títulos”.

A Impresa Publishing detém os títulos Activa, Blitz, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Telenovelas, TV Mais, Visão, Visão História, Visão Júnior e Expresso, além do canal de televisão SIC. Estes últimos estão fora do processo de reestruturação.

 

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Santana Lopes: permanência da MAI “já não é solução”

  • Lusa
  • 18 Outubro 2017

Santana Lopes diz que foi "um erro político manifesto" o não prolongamento da fase Charlie e que entende a moção de censura avançada pelo CDS.

O candidato à liderança do PSD, Pedro Santana Lopes, defendeu esta quarta-feira a saída da ministra da Administração Interna do Governo, considerando que a sua permanência no executivo “já não” é solução.

Na sua última participação no programa de debate na SIC Notícias com o socialista António Vitorino, o antigo primeiro-ministro falou dos incêndios que deflagraram no domingo e provocaram pelo menos 41 mortos, deu “um suficiente menos” à proposta de Orçamento do Estado e, a propósito do seu adversário na corrida à liderança do PSD, defendeu que o partido precisa de mais do que “um líder para fazer contas”.

Tem sido dito que a senhora ministra da Administração Interna sair não é solução. E ficar, será que é solução? Eu penso que já não“, disse, defendendo que quando “tragédias como esta” acontecem as responsabilidades “caem em cima dos responsáveis políticos”.

“O país sente-se de algum modo incomodado, para não dizer insultado, se as coisas continuarem como estão”, afirmou, elegendo o combate ao flagelo dos incêndios como uma das matérias de consenso interpartidário.

Santana Lopes considerou que foi “um erro político manifesto” o não prolongamento da fase Charlie, a mais crítica de combate aos incêndios, e disse entender a moção de censura do CDS-PP, embora defendendo que o PSD tem de ter outra ponderação, até pela fase de disputa de liderança que atravessa.

O Governo merece de facto censura política, se se deve traduzir ou não numa moção de censura é outra questão.

Pedro Santana Lopes

“O Governo merece de facto censura política, se se deve traduzir ou não numa moção de censura é outra questão”, disse, defendendo a figura da moção de censura construtiva, como existe noutros países, e que não provoca a queda do Governo.

Santana Lopes elogiou a comunicação ao país do Presidente da República — Marcelo Rebelo de Sousa “foi a voz da consciência nacional” — e considerou que as declarações iniciais do primeiro-ministro, António Costa, sobre este assunto, na madrugada de segunda-feira, “não foram um momento feliz“.

 

 

Um Orçamento que merece “suficiente menos”

Questionado sobre a proposta de Orçamento do Estado apresentado na sexta-feira, o candidato à liderança do PSD afirmou que lhe dá “uma nota positiva”, pela consolidação orçamental, mas apenas um “suficiente menos, quando o país precisava de um orçamento bom ou muito bom”.

Santana Lopes apontou vários sinais errados no documento, considerando que aposta pouco na atração do investimento estrangeiro e sobrecarrega os trabalhadores independentes.

“Por causa da satisfação aos parceiros da coligação estamos a prejudicar as possibilidades de continuar a crescerlamentou, dizendo que “os trabalhadores portugueses ganham mais com crescimento da economia e com o aumento do investimento do que com a mera devolução de alguns euros”.

A candidatura está aí

Santana Lopes justificou a marcação da apresentação da sua candidatura para Santarém, no domingo, por ser “um cruzamento estratégico de várias vias de todo o país” e por ser uma terra de “aposta no futuro”, com um autarca jovem, e que valoriza a agricultura.

Questionado sobre as diferenças em relação ao outro candidato anunciado, Rui Rio, o antigo primeiro-ministro disse que elas serão expostas “serena e calmamente” e manifestou-se disponível para debates organizados pelos órgãos de comunicação social.

“Algumas matérias é importante falar delas, como o que aconteceu em 2013, no auge do Governo de Passos Coelho: ouvi Rui Rio dizer, numa nota de humor, que nunca criticou o Governo de Pedro Passos Coelho”, afirmou, contrapondo com intervenções do antigo autarca, nessa altura, em palcos como a Associação 25 de Abril ou a Aula Magna. Santana Lopes defendeu que, mais do que nunca, o PSD precisa de uma liderança “não crispada”.

“O PPD/PSD não pode ter um líder para fazer contas, tem de saber fazer contas, mas tem de saber que a sua primeira tabuada é o que os portugueses pensam e o que os portugueses passam”, defendeu.

Santana Lopes não se quis alongar sobre a acusação, revelada na semana passada, no âmbito da operação Marquês, dizendo apenas que “é muito desagradável” ver um antigo primeiro-ministro acusado por matérias como corrupção. “É grave para o regime“, disse.

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Um em cada quatro litros de gasóleo vindo de Espanha não é declarado, diz a Apetro

  • Lusa
  • 18 Outubro 2017

Apetro propõe o aumento da fiscalização sobre os operadores que poderão estar a atuar à margem da lei. Pede uma alteração legislativa para reforçar as medidas de combate à fuga ao ISP.

A Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) estima que um quarto das importações terrestres de gasóleo proveniente de Espanha não é declarado, causando concorrência desleal e lesando o Estado em 48 milhões de euros nos últimos três anos.

Em declarações à Lusa, o secretário-geral da Apetro, António Comprido, defende que “esta prática tende a aumentar, potenciada pela diferença da política de incorporação de biocombustíveis e pela diferença fiscal” entre os dois países, pelo que “é fundamental que se criem mecanismos de controlo e sancionatórios, capazes de desencorajar definitivamente estas práticas de alguns agentes que aproveitam as fragilidades da legislação e a morosidade dos processos judiciais”.

Em causa estão importadores que compram gasóleo em Espanha – com impostos e taxa de incorporação de biocombustíveis mais baixos do que os praticados em Portugal – como se fossem para ser vendidos no mercado espanhol, mas que acabam por ser transportados, por via terrestre, para Portugal, o que se traduzirá em 12 milhões de euros a menos em impostos e 36 milhões de euros na incorporação de biocombustíveis em três anos.

De acordo com António Comprido, este problema é antigo, o que tem levado a Apetro a alertar a Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) e os sucessivos governos, mas só a Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENMC) “começou a levantar o processo e exigir compensações aos operadores”, que não apresentavam títulos de biocombustíveis suficientes para cumprir a respetiva meta obrigatória de incorporação”, isto é, o que serve para comprovar que estão a cumprir a legislação em vigor.

“Os incumpridores têm sido notificados a proceder ao pagamento, mas até agora nenhum valor foi pago, o que lesa o Estado português, prejudica o cumprimento das metas nacionais de incorporação de biocombustíveis e distorce o mercado, ao provocar concorrência desleal”, declarou.

A Apetro estima que estas importações ilegais de gasóleo representem 2 a 4% do mercado de gasóleo – no caso das gasolinas, as importações terrestres são marginais, por não ser tão atrativo.

“Esta prática tende a aumentar, potenciada pela diferença da política de incorporação de biocombustíveis entre Portugal e Espanha e pela diferença fiscal”, defendeu.

Neste contexto, a Apetro propõe o aumento da fiscalização sobre os operadores que poderão estar a atuar à margem da lei, uma alteração legislativa para reforçar as medidas de combate à fuga ao ISP – Imposto sobre Produtos Petrolíferos e à incorporação de biocombustíveis e ainda a criação de mecanismos eficazes de controlo e sancionatórios.

Além disso, a associação que representa os principais operadores dos combustíveis em Portugal (Galp, BP, Repsol, Cepsa, Total) defende ainda a obrigação de prestação de uma garantia do pagamento das compensações devidas pelo incumprimento trimestral das metas de incorporação.

O Governo decidiu manter a meta de incorporação de biocombustíveis nos 7,5% em 2018, de acordo com a proposta do Orçamento do Estado para o 2018 (OE2018), voltando a adiar a subida para os 9%, que estava prevista já para 2017. De acordo com a Apetro, a incorporação de biodiesel representou em 2016 um sobrecusto médio de quatro cêntimos por litro, sem IVA.

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Apetro: Redução da carga fiscal sobre os combustíveis seria positiva

  • Lusa
  • 18 Outubro 2017

A Apetro defende que seria bom uma redução da carga fiscal que voltasse a pôr os preços dos combustíveis em Portugal ao nível da média da União Europeia.

O secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Produtos Petrolíferos (Apetro) defende que seria positiva uma redução da carga fiscal sobre os combustíveis que voltasse a pôr os preços em Portugal ao nível da média da União Europeia.

“Neste momento, Portugal está claramente acima da média da União Europeia no preço da gasolina e próximo no preço do gasóleo. Atendendo a que Portugal não é o país com maior poder de compra, significa que os consumidores portugueses estão a ser mais penalizados do que os seus pares”, afirmou à Lusa António Comprido.

Questionado sobre a proposta do Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), entregue na sexta-feira no parlamento, o responsável da Apetro realçou que Portugal é o país em que as receitas dos combustíveis têm mais peso no Orçamento, considerando que “seria positiva uma redução [da carga fiscal] que o colocasse em linha com a média da União Europeia”.

Sobre a decisão do Governo de manter a meta de incorporação de biocombustíveis nos 7,5% em 2018, pelo segundo ano consecutivo, António Comprido apenas questionou o timing com que esta informação é comunicada, explicando que dois meses e meio – até à entrada em vigor do OE2018 – não é suficiente.

“Outubro é tarde para saber” qual a meta que o Governo define para o ano seguinte, adiantando que as empresas têm que proceder a alterações morosas nos processos – incluindo na refinação – para cumprir a incorporação estipulada e, por isso, seria conveniente que a decisão de manter ou de aumentar a meta (como devia ter acontecido já em 2017) seja anunciada mais cedo.

A meta atual e que vai vigorar em 2018 exige que as empresas introduzam 7,5% de combustíveis a partir de fontes renováveis – como cana-de-açúcar, milho, soja -, limite que deveria ter subido para os 9% em 2017, para depois aumentar até aos 10% em 2019 e 2020.

Ainda assim, na proposta do OE2018, o Governo garante que a manutenção da percentagem em 2018 não compromete o “cumprimento das metas e objetivos para 2020 a que Portugal se encontra vinculado”.

O Governo quer também manter em vigor, no próximo ano, o adicional ao imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP), segundo a proposta do OE2018.

O ISP deverá render aos cofres do Estado um total de 3.553,8 milhões de euros em 2018, mais 6,1% do que os 3.350,6 milhões estimados para este ano, segundo a proposta de OE2018.

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Manuel Alegre sobre incêndios: mostram a “falência do Estado”

  • Lusa
  • 18 Outubro 2017

O socialista fala de "décadas de desleixo" por detrás da recente calamidade incêndios. "Não consigo calar-me e sinto-me culpado", diz.

O histórico socialista Manuel Alegre assina esta quarta-feira um artigo de opinião no Diário de Notícias em que afirma que a tragédia dos incêndios em Portugal mostra a “falência do Estado”, fruto de “desleixo, incompetência e amiguismos”.

“Dá vontade de chorar e não consigo ficar calado. É um símbolo triste da falência do Estado, fruto de décadas de desleixo, de incompetências, de amiguismos múltiplos, da submissão do interesse geral a interesses instalados e da capitulação perante lógicas que não são a dos fins superiores do Estado e do país”, escreve.

Manuel Alegre critica as reformas feitas que resultaram na saída dos meios de combate aos incêndios das mãos do Estado, sendo “entregues ou partilhados com empresas privadas”, no artigo intitulado: “Não consigo ficar calado”.

“Vi o meu país a arder, sei que morreram cem pessoas em quatro meses e não consigo ficar calado. Talvez a culpa seja minha, porque fui deputado e participei na construção de uma democracia que a páginas tantas se distraiu e não soube resolver problemas estruturais, como o reordenamento do território e das florestas, assim como o combate ao abandono e à desertificação do país”, lamenta.

Não consigo calar-me e sinto-me culpado.

Manuel Alegre

O socialista diz ter “por vezes” protestado, mesmo contra o seu partido, mas que tal “não foi suficiente”. “Não consigo calar-me e sinto-me culpado”, sublinha.

Alegre admite não ser especialista, mas defende que “os meios de combate aos incêndios devem passar para o Estado” e que “se torna urgente a criação de um corpo nacional de bombeiros profissionais organizado segundo normas e regras de tipo militar”.

“Vai ser preciso enfrentar preconceitos e interesses instalados, mas este é um tempo em que é preciso coragem para tomar decisões para que o Estado não se demita de exercer as suas funções de soberania e seja capaz de proteger o território e garantir a segurança dos portugueses”, conclui.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 41 mortos e cerca de 70 feridos (mais de uma dezena dos quais graves), além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

O Governo decretou três dias de luto nacional. Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.

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5 coisas que vão marcar o dia

António Costa enfrenta os deputados pela primeira vez depois dos novos incêndios que já vitimaram mais de 30 pessoas. Lá fora, Mario Draghi fala sobre reformas estruturais na Zona Euro.

António Costa vai falar perante o Parlamento depois de vários incêndios, nesta última semana, terem vitimado 41 pessoas. Ainda no Parlamento, os trabalhadores da PT-Meo vão ser ouvidos pelos deputados, a propósito das novas leis que visam proteger os trabalhadores das transmissões para outras empresas. No campo das estatísticas, o Banco de Portugal divulga novos dados sobre a saúde financeira das empresas. Lá fora, Mario Draghi fala sobre reformas estruturais na Zona Euro e Xi Jinping dá o pontapé de partida do 19º Congresso do Partido Comunista Chinês.

Costa presta contas sobre os incêndios

António Costa vai responder ao Parlamento pela primeira vez depois do “pior dia do ano” no que toca a incêndios. O último balanço da Proteção Civil, relativo às consequências dos incêndios que deflagraram no último domingo, dá conta de 41 vítimas mortais, além de 71 feridos, alguns dos quais em estado grave. Este ano, já arderam mais de 225 mil hectares e o número, admite a Proteção Civil, vai aumentar. Ontem à noite, Marcelo Rebelo de Sousa também falou ao país e pediu à Assembleia da República que avalie se quer manter o Governo.

Trabalhadores da PT-Meo ouvidos no Parlamento

Ainda no Parlamento, a Comissão de Trabalhadores da PT-Meo vai ser ouvida na Comissão de Trabalho e Segurança Social, no âmbito do grupo de trabalho que foi constituído para discutir os projetos de lei relativos à alteração do regime jurídico da transmissão de empresa ou estabelecimento. Estes projetos surgiram na sequência das polémicas em torno da Altice, que afastou cerca de 150 trabalhadores da PT-Meo, recorrendo à figura jurídica da transmissão de empresa, isto é, transferiu estas pessoas para outras empresas do grupo.

Banco de Portugal revela saúde financeira das empresas

O Banco de Portugal divulga novos dados sobre a saúde financeiras das empresas. As estatísticas das empresas da central de balanços, relativas ao segundo trimestre deste ano e ao conjunto do ano passado, vão dar conta da alavancagem das empresas não financeiras portuguesas, bem como da rendibilidade dos seus capitais próprios. Num estudo divulgado recentemente divulgado, relativo ao período de 2006 a 2015, o Banco de Portugal deu conta de que as empresas portuguesas apresentam um dos maiores níveis de alavancagem na Europa, bem como um dos menores níveis de rendibilidade (ainda que este cenário esteja a melhorar desde 2012).

Draghi fala sobre reformas estruturais na zona euro

Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), vai ser o responsável pelo discurso de abertura de uma conferência sobre reformas estruturais na Zona Euro, que vai decorrer em Frankfurt, Alemanha. Os últimos meses têm sido marcados pelas pistas deixadas pelo BCE de que o banco central estará a preparar-se para retirar os estímulos à economia europeia. Na última reunião de política monetária, os governadores debateram soluções para a redução do programa de compra de dívida, um tema que voltará a estar em cima da mesa na próxima reunião, no final deste mês.

O rumo da China para os próximos anos

O 19º Congresso do Partido Comunista chinês arranca esta quarta-feira, com o discurso do presidente Xi Jinping. O evento, que acontece duas vezes por década, é o momento para perceber qual será o rumo seguido pela segunda maior potência mundial nos próximos anos.

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Orçamento do Estado 2018: PCP está contra novo imposto sobre alimentos com sal

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 18 Outubro 2017

O PCP entende que é preciso reduzir o consumo de alimentos com excessivo teor de sal mas acha que o caminho não é por via fiscal. O Governo está a contar uma receita de 30 milhões de euros.

Paulo Sá, deputado do PCP.Paula Nunes / ECO

O PCP tem críticas a apontar ao novo imposto sobre alimentos com elevado teor de sal. Os comunistas concordam que o consumo excessivo de sal é nefasto para a saúde e que este é um problema a enfrentar, mas entendem que não é por via fiscal que o objetivo deve ser atingido.

“Não acompanhamos a perspetiva do Governo de abordagem desses problemas por via fiscal. E o Governo tem pleno conhecimento desta nossa posição”, afirmou o deputado Paulo Sá ao ECO.

Para os comunistas, este tipo de matérias deve ter outra abordagem, “nomeadamente ao nível da prevenção e do reforço da capacidade do SNS de fazer essa prevenção, através de campanhas ou de outros mecanismos que levem a uma redução do consumo excessivo de alimentos com sal”.

O relatório do Orçamento do Estado para 2018 relaciona o aumento da tributação à “prevalência de doenças crónicas associadas ao consumo de alimentos com excessivo teor de sal.” “Obviamente partilhamos” o objetivo, diz Paulo Sá. “O Governo considera que o caminho fiscal é uma das abordagens possíveis e necessárias”, mas “nós discordamos, porque entendemos que não é por via fiscal”, vincou.

"Não acompanhamos a perspetiva do Governo de abordagem desses problemas por via fiscal. E o Governo tem pleno conhecimento desta nossa posição.”

Paulo Sá

Deputado do PCP

Mas quer isto dizer que a proposta possa vir a ter o voto contra do PCP? Paulo Sá diz que ainda é cedo para responder a esta questão. “Estamos ainda no debate na generalidade”, afirmou. Na fase de especialidade, o partido terá que definir um sentido de voto para cada uma das normas do Orçamento. E isso será feito “com base no conteúdo concreto de cada norma, e do seu significado e implicações, mas também no sentido geral do Orçamento, tendo em conta e ponderando estes dois fatores”, frisou o deputado.

Em causa está um um novo imposto — de 0,8 cêntimos por cada quilograma de produto — para os alimentos cujo teor de sal seja igual ou superior a um grama por cada 100 de produto. Abrange bolachas, biscoitos, flocos de cereais, cereais prensados, batatas fritas ou desidratadas, e deverá garantir uma receita de 30 milhões de euros, em 2018.

O entendimento do PCP poderia estender-se ao caso das bebidas açucaradas, mas neste caso o Governo apenas propõe a atualização do imposto tendo em conta a inflação. Paulo Sá também acha que a abordagem não deve ser feita por via fiscal mas neste caso, o tributo já existe e só vai ser atualizado. “Os impostos especiais de consumo sofreram todos uma atualização ao nível da inflação, tenho dúvidas de que se possa falar de agravamento de imposto” nestes casos, afirmou Paulo Sá. Aliás, em percentagem do PIB “o peso destes impostos vai diminuir”, adiantou ainda.

Na segunda-feira, a CIP – Confederação Empresarial de Portugal reuniu-se com o grupo parlamentar do PCP para debater o Orçamento do Estado e notou, segundo apurou o ECO, convergência de posições em alguns pontos: entre elas, as críticas ao imposto sobre alimentos com elevado teor de sal.

Mas há discordância noutros pontos. Os partidos mais à esquerda já defenderam um aumento da derrama estadual — de 7% para 9% — para as empresas com lucros acima de 35 milhões de euros, mas a CIP discorda. Se a subida se concretizasse, Portugal teria a taxa de IRC mais elevada da Europa, juntando a derrama estadual e municipal, critica António Saraiva em declarações a ECO.

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Wall Street renova máximos. Dow Jones toca nos 23 mil pontos

A animar os investidores estão não só os últimos dados económicos, que dão conta de uma evolução positiva em vários campos da economia norte-americana, como a reforma fiscal anunciada por Trump.

As bolsas norte-americanas voltaram a bater recordes esta terça-feira. Os investidores estão animados com a reforma fiscal anunciada por Donald Trump e o Dow Jones tocou num novo máximo histórico: os 23 mil pontos. O dólar também continua a valorizar contra o euro com uma possível decisão de Trump em relação à nova liderança da Reserva Federal norte-americana.

O índice de referência S&P 500 fechou acima da linha de água, a valorizar 0,07%, para os 2.559,36 pontos, puxado sobretudo pelo setor da saúde. Já o Nasdaq ficou praticamente inalterado, a cair 0,01%, para os 6.623,66 pontos. O grande destaque vai para o Dow Jones: o índice industrial chegou a tocar nos 23.002,20 pontos, acabando depois por aliviar os ganhos e fechar ligeiramente abaixo desse marco, nos 22.997,44 pontos.

A animar os investidores estão não só os últimos dados económicos, que dão conta de uma evolução positiva em vários campos da economia norte-americana, como a reforma fiscal anunciada por Donald Trump, que deverá beneficiar largamente as empresas cotadas em Wall Street.

As decisões do presidente norte-americano, que já por várias vezes fizeram tremer os mercados, estão, desta vez, a gerar contentamento, também no mercado cambial. O dólar mantém a tendência de ganhos e já vale 1,1767 euros, a beneficiar da provável escolha de John Taylor, atual professor na Universidade de Stanford, para suceder a Janet Yellen na liderança da Fed. A confirmar-se, deverá ser um presidente que irá acelerar a subida dos juros, antecipam os analistas.

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Os 3 alvos de Marcelo: a ministra, a moção de censura e o Orçamento

Num discurso que tocou três pontos fundamentais, o Presidente da República pediu ao Parlamento que avalie se quer manter o Governo e exigiu um pedido de desculpas do Executivo.

Vítimas dos incêndios “no pensamento”, Governo em xeque. Foi desta forma que o Presidente da República falou na noite desta terça-feira, em Oliveira do Hospital, no rescaldo dos incêndios que, desde o início do verão, mataram mais de 100 pessoas em Portugal.

Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que as mais de 100 vítimas “estarão para sempre no seu pensamento” e pediu à Assembleia da República que decida se quer manter o Governo em funções.

O Presidente deixou também a porta aberta para a saída de Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, e deu orientações para um reforço das verbas destinadas ao combate aos incêndios nos próximos orçamentos do Estado.

Governo deve manter-se? O Parlamento que decida

"Se, na Assembleia da República, há quem questione a capacidade do atual Governo para realizar estas mudanças que são indispensáveis e inadiáveis, então, que, nos termos da Constituição, a mesma Assembleia, soberanamente, clarifique se quer ou não manter em funções o Governo, condição essencial para, em caso de resposta negativa, se evitar um equívoco, e, em caso de resposta positiva, se reforçar o mandato para as reformas inadiáveis.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

O CDS-PP fez saber, esta terça-feira, que irá apresentar uma moção de censura ao Governo, que considera não ter cumprido a “função mais básica do Estado”: proteger as pessoas. “O Estado falhou na prevenção, falhou no combate e terá falhado também no socorro às vítimas”, disse a líder do partido, Assunção Cristas.

Na sequência deste anúncio, o PSD disse que não avançará com a própria moção de censura, mas deu a entender que apoiará a iniciativa do CDS-PP. “Não será surpreendente para ninguém que o PSD não dê apoio a este Governo. Está de certa forma antecipada a decisão que o PSD vai tomar”, disse o deputado José Matos Correia.

É neste contexto que Marcelo Rebelo de Sousa diz a todos os partidos para clarificarem as suas posições e decidirem se querem ou não manter o Governo em funções.

E a ministra? Não deve fazer parte de um novo ciclo

"[O Presidente da República] pode e deve dizer que abrir um novo ciclo, inevitavelmente, obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

A demissão da ministra Constança Urbano de Sousa tem sido exigida pelos partidos da oposição desde os incêndios de Pedrógão Grande, que vitimaram 64 pessoas. Esta semana, começam a levantar-se vozes mesmo dentro do Partido Socialista. O eurodeputado socialista Francisco Assis considerou “completamente desastrosa” a reação política do Governo aos incêndios do fim de semana, antevendo que, demorando “mais ou menos tempo”, a ministra da Administração Interna acabará, “inevitavelmente”, por se demitir.

Do lado do Governo, a resposta tem sido sempre a mesma. Ainda na segunda-feira, no seu discurso a propósito dos últimos incêndios, o primeiro-ministro assegurou que este não é o “tempo de demissões”, mas de “soluções”.

Agora, o Presidente da República, vem dizer a António Costa que deve repensar essa posição.

Orçamentos com verbas reforçadas para prevenção e combate

"Esta é a última oportunidade para levarmos a sério a floresta e a convertermos em prioridade nacional. Se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à floresta e à prevenção dos fogos.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

O último recado de Marcelo Rebelo de Sousa foi para as verbas destinadas ao combate e à prevenção de incêndios.

Nas 276 páginas do relatório do Orçamento do Estado para 2018, as palavras “incêndio” ou “fogos” surgem apenas seis vezes. As palavras “combate” e “prevenção”, num contexto de fogos florestais, surgem ainda menos. Ao todo, o Governo destina um total de 234,8 milhões de euros para a Proteção Civil e luta contra incêndios, o equivalente a mais 23,7 milhões face ao ano passado.

Marcelo é claro: é preciso mais.

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Marcelo: Assembleia da República tem de clarificar se quer manter Governo

O Presidente da República deixa ainda um recado à ministra da Administração Interna e exige um pedido de desculpas do Governo.

A Assembleia da República tem de clarificar se considera que o Governo tem, ou não, condições para se manter em funções. O recado foi deixado por Marcelo Rebelo de Sousa, esta noite, num discurso a propósito dos incêndios que lavram esta semana e que já vitimaram 41 pessoas. O Presidente da República deixa para o Parlamento a decisão de afastar o executivo de António Costa, mas, quanto à ministra da Administração Interna, manifesta a sua própria posição: o Governo tem de decidir quem é que melhor serve um novo ciclo que, necessariamente, tem de ser aberto.

"Esta é a última oportunidade para levarmos a sério a floresta e a convertermos em prioridade nacional. Se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à floresta e à prevenção dos fogos.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

“E agora?”, perguntou Marcelo Rebelo de Sousa, a discursar em Oliveira do Hospital. “O que pode e deve dizer o Presidente da República?”. Desde logo, um recado para os próximos orçamentos do Estado. “Esta é a última oportunidade para levarmos a sério a floresta e a convertermos em prioridade nacional. Se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à floresta e à prevenção dos fogos“.

Por outro lado, tem de ser aberto um novo ciclo, que poderá não contar com a ministra Constança Urbano de Sousa. “Pode e deve dizer que abrir um novo ciclo, inevitavelmente, obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo“.

"Se, na Assembleia da República, há quem questione a capacidade do atual Governo, então, que a mesma Assembleia clarifique se quer ou não manter em funções o Governo.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

Por último, é o Parlamento quem deve decidir se o atual Governo tem condições para continuar o mandato. “Se, na Assembleia da República, há quem questione a capacidade do atual Governo para realizar estas mudanças que são indispensáveis e inadiáveis, então, que, nos termos da Constituição, a mesma Assembleia, soberanamente, clarifique se quer ou não manter em funções o Governo, condição essencial para, em caso de resposta negativa, se evitar um equívoco, e, em caso de resposta positiva, se reforçar o mandato para as reformas inadiáveis”.

Marcelo garantiu ainda que “estará atento e exercerá todos os seus poderes para garantir que, onde existiu ou existe fragilidade, ela terá de deixar de existir”, e exige um pedido de desculpas do Governo. “A melhor, se não única forma de pedir desculpa às vítimas — e, de facto, é justificável que se peça desculpa –, é, por um lado, reconhecer com humildade que portugueses houve que não viram os poderes públicos como garante de segurança, e, por outro, reconhecer o que motivou a fragilidade ou desalento ou descrença dos portugueses“. E, de novo, um recado duro ao Governo: “Quem não entenda isto, humildade cívica e rutura com o que não motivou, não entendeu nada do que se passou no nosso país”.

O Presidente concluiu assegurando que “mudar de vida neste domínio é um dos testes mais decisivos ao mandato” que assumiu. “Impõem-no os milhões de portugueses, mas impõem-no, sobretudo, os 100 portugueses que tanto esperavam da vida no início do verão de 2017 e que não chegaram ao dia de hoje“, disse.

Notícia atualizada às 21h16 com mais informação.

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Sérgio Monteiro ‘apanhado’ na Operação Marquês?

Suspeitas de corrupção relacionam ex-secretário de Estado com investigação ao projeto do TGV, segundo uma das 15 certidões do Operação Marquês.

O ex-secretário de Estado das Infraestruturas estará envolvido na Operação Marquês, avança na noite desta terça-feira o Observador. Em causa está uma das 15 certidões da Operação Marquês, que podem abrir novas investigações. As suspeitas de corrupção ligam Sérgio Monteiro a uma investigação ao projeto do TGV.

De acordo com o Público, o Ministério Público “vai investigar suspeitas de corrupção na forma como foi negociado o acordo de compensação que o Estado português assinou com o consórcio que venceu o troço do TGV Poceirão-Caia”.

Em causa, a parceria Elos, que envolve uma empresa do grupo Lena e outra do grupo Odebrecht, o Banco de Investimento da Caixa Geral de Depósitos e o Caixa BI. De acordo com o jornal, o acordo de compensação surgiu depois do cancelamento do projeto do TGV — uma decisão do Governo de Passos Coelho. “Foi tudo muito transparente e muito aberto. Não pesa nada na consciência do Governo a que pertenci”, disse o ex-secretário de Estado, que concentra as suspeitas do Ministério Público, ao jornal.

A investigação que envolve Sérgio Monteiro é um dos 15 inquéritos-crime extraídos da Operação Marquês: na semana passada, José Sócrates, Ricardo Salgado e Zeinal Bava foram alguns dos 28 nomes acusados de 187 crimes.

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Indústria da Madeira e Mobiliário: Depois dos incêndios, “empresários não aguentam mais quatro anos”

Os industriais da madeira e mobiliário queixam-se da falta de matéria prima e dizem que "não aguentam mais quatro anos". Setor diz que vai ficar dependente das importações em 70%.

A indústria da madeira e mobiliário de Portugal está a ser fustigada pelos incêndios que se registam em Portugal. Vítor Poças, presidente da Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), adianta em declarações ao ECO que “os empresários nacionais não aguentam mais quatro ou cinco anos“.

Para Vítor Poças, os milhares de hectares de floresta ardida ao longo de 2017, “são uma forte ameaça à sustentabilidade do setor”.

O setor, representativo de cerca de 2500 milhões de euros de exportações, adianta que “a madeira portuguesa para os próximos 4/5 anos é manifestamente pouca, pelo que nos tornaremos dependentes das importações em cerca de 70%”.

“Não podemos vender aquilo que temos, pelo que teremos de ir comprar a Espanha. A falta de matéria-prima já é notória”, acrescenta.

Para já, este ano deverá ainda ser de crescimento para o setor podendo, no entanto, começar já a haver um decréscimo nos produtos de primeira transformação. “Mas o próximo ano irá seguramente refletir uma queda no resultados dos produtos de primeira transformação”, refere.

O presidente da AIMMP adiantou mesmo que “o ano de 2017 significou a maior pancada que podia ter sido dada à indústria. E digo pancada como uma externalidade negativa que pouco tem a ver com a indústria, mas que realmente vem trazer prejuízos avultados”.

"O ano de 2017 significou a maior pancada que podia ter sido dada à indústria. E digo pancada como uma externalidade negativa que pouco tem a ver com a indústria, mas que realmente vem trazer prejuízos avultados.”

Vítor Poças

Presidente da AIMMP

Segundo o dirigente associativo, o facto de estes incêndios terem fustigado sobretudo a zona centro do país é ainda mais grave, na medida em que era aí que se concentrava uma grande mancha do pinheiro bravo, que mais alimenta a indústria da madeira e mobiliário.

Vítor Poças salienta que “o fogo constitui uma destruição forte para o pinheiro, uma vez que as árvores afetadas já não rebentam e deviam ser retiradas da floresta para, ou darem lugar a novas plantações, ou para que existisse uma regeneração natural. Em ambos os casos estamos a falar de um ciclo de produção de mais de 20 anos”.

Apesar de tudo, há madeira ardida que pode ser utilizada. “Mesmo a madeira que pode ser utilizada pela indústria perde valor, perde qualidade, perde consistência e resistência mecânica“.

Que soluções existem?

Vítor Poças defende a criação de uma empresa de fomento florestal. Uma ideia que considera revolucionária e que passa “pela criação de uma empresa pública capaz de proceder à agregação de parcelas, com dinheiro para comprar ou permutar terrenos, ou seja, capaz de trabalhar o ordenamento do território”.

Estou a falar de uma empresa pública que tivesse poder de pressão junto dos proprietários, porque precisamos de dimensão. E muitas vezes o que se assiste é que 100 metros quadrados pertencem a seis ou sete proprietários. Faltando dimensão, falta investimento e falta uma gestão profissionalizada“, sublinha Poças.

Para o presidente dos industriais da madeira e mobiliário, num segunda fase “essa empresa, quando já tivesse dimensão, podia ser vendida a privados”. “Nenhum privado arrisca investir na floresta com o risco de incêndio que existe, não há financiamento bancário e não há quem faça seguros. O Estado seria o único a ter capacidade interventiva no terreno”.

A ideia foi mesmo apresentada há cerca de 15 dias a membros do Governo, nomeadamente aos secretários de Estado das Florestas, Indústria e Internacionalização.

Vítor Poças diz que “o secretário de Estado das Florestas gostou da ideia”. No entanto, sublinha que não basta gostar.

É preciso peso político e, brevemente, terei de me encontrar de novo com ele. É preciso acabar com a ideia do subsídio, o que é necessário é que o Estado crie instrumentos para resolver todas estas questões.

Vítor Poças

Aliás, Poças salientou que amanhã, quarta-feira, haverá uma reunião da Plataforma de Acompanhamento das Relações da Fileira Florestal, onde irá estar presente o secretário de Estado das Florestas. E apesar de adiantar que não existe relação entre esta reunião e os incêndios do passado fim de semana, Poças reconhece que esse será seguramente o tema dominante do encontro.

O presidente da AIMMP defende ainda a criação de protocolos entre o Estado e os municípios no sentido de contornar a falta de acessos que hoje se regista nas florestas. “É uma vergonha termos caminhos de carros de bois, onde nem passam tratores, quanto mais carros de bombeiros. É urgente que se coloquem máquinas no terreno para fazer caminhos com um mínimo de cinco metros de largura”.

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