Negociação com professores abre a porta a outros setores, defende UGT. PCP quer contagem “para todos”
Com o atual governo abriu-se uma expetativa de reposição de direitos dos trabalhadores que foram congelados durante os últimos anos, diz a UGT. O PCP quer contagem para todos na função pública.
O secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), Carlos Silva, afirmou este sábado em Setúbal que as negociações do Governo com os professores abrem caminho à negociação para reposição de direitos de todos os outros trabalhadores da administração pública.
“Precisamente por causa de alargar de forma abstrata e genérica aquilo que é este princípio de compromisso – um compromisso acordado para retomar negociações em dezembro – é que esta luta me parece importante. É importante porque se dirige exclusivamente a um nicho importante – os professores -, mas que abre a porta a toda a administração pública“, disse Carlos Silva no encerramento do III Congresso da UGT de Setúbal.
“Vai custar dinheiro, mas isso agora depende da forma como for negociado com o governo e toda a gente está ciente de que é necessário fasear ao longo do tempo, ao longo dos anos. Fechar a porta a uma qualquer negociação é que, na nossa ótica, seria um erro, porque o que está aqui em causa é um princípio básico da negociação coletiva”, acrescentou.
"É importante porque se dirige exclusivamente a um nicho importante – os professores -, mas que abre a porta a toda a administração pública.”
Para o secretário-geral da UGT, com o atual Governo abriu-se uma expetativa de reposição de direitos dos trabalhadores que foram suspensos ou congelados durante os últimos anos, mas que é preciso compaginar com os compromissos internacionais, com o crescimento da economia, com dívida pública e com o défice.
Carlos Silva considerou também que os trabalhadores da administração pública têm sido os mais penalizados quando é preciso reduzir os custos de financiamento do estado e alertou para as consequências das restrições orçamentais em diversas áreas que resultam na falta de recursos em diversos setores, ao mesmo tempo que defendia a necessidade de um pacto de regime entre todos os partidos com representação parlamentar.
“Quando alguém vem do estrangeiro – FMI, BCE e Comissão Europeia – dizer que é preciso reduzir os custos de financiamento do Estado, a primeira coisa para onde se olha é para salários de quem trabalha. Verificou-se o que aconteceu este ano: eram necessários bombeiros, forças de segurança, era necessário investir nos hospitais e centros de saúde, era preciso gente para acudir à catástrofe que assolou Portugal de norte a sul, e junho e outubro, e não tínhamos gente que chegasse, não havia recursos“, disse.
“Temos que fazer uma alteração comportamental, até de paradigma do país. O que é preciso é coragem política. E daí eu ter afirmado que há matérias que necessitam de um pacto de regime entre os partidos que têm governado o país nestes 43 anos de democracia, mas também daqueles que, não tendo governado, têm representação parlamentar, contribuem com muitas medidas positivas para o OE (Orçamento de Estado), para as alterações legislativas necessárias – o PCP, O BE, `Os Verdes´. Todos têm apresentado medidas positivas ao governo”, justificou.
PCP quer alargar contagem de tempo “para todos” na função pública
O PCP defendeu este sábado que a contagem do tempo para reposição salarial deve ser alargada a mais setores da função pública, além dos professores, que conseguiram um acordo com o Governo esta madrugada.
“A contagem de tempo tem que ser para todos”, afirmou, por duas vezes, o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas, quando foi saudar a manifestação convocada pela CGTP para a avenida da Liberdade, em Lisboa, em defesa da valorização do trabalho e dos trabalhadores.
"A contagem de tempo tem que ser para todos.”
Para Jerónimo de Sousa, “é inevitável, para se criar justiça” que outros setores da função pública venham a ter o mesmo tipo de benefício, dando como exemplo as forças policiais, os enfermeiros, médicos, magistrados ou funcionários judiciais. Os efeitos desta medida devem fazer-se sentir já “em 2018”, mas isso “não dispensa a negociação com os sindicatos”, afirmou o líder comunista enquanto, uns passos à frente, desfilavam centenas de pessoas provenientes um pouco de todo o país.
O compromisso entre sindicatos de professores e o Governo prevê a recuperação do tempo de serviço dos docentes e o início da reposição salarial ainda na presente legislatura, prevendo-se, segundo o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, “que o encerramento desta recuperação seja na legislatura seguinte, até para não ser um prazo muito largo”.
(Notícia atualizada às 17h25)
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