BE: Plano de reestruturação dos CTT vai “desmantelar a empresa”
José Soeiro diz que o Bloco de Esquerda vai continuar a pressionar o Governo para que os CTT sejam "resgatados para a esfera pública". O tema vai marcar o debate quinzenal desta quarta-feira.
O plano de reestruturação desenhado pela administração dos CTT vai “desmantelar a empresa e esvaziá-la de capacidade humana”. É desta forma que José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda, classifica o plano apresentado esta terça-feira, que prevê a saída de mil trabalhadores até ao final de 2020, além do fecho das lojas com menos procura. O partido vai levar este tema para o debate quinzenal desta quarta-feira e insistir junto do Governo para que a empresa, privatizada em 2014, seja trazida de novo para a esfera pública.
“Este plano é mais uma etapa de uma degradação inaceitável da empresa. É um plano embrulhado de termos como racionalização, otimização, ajustamento, mas o que faz é diminuir o património da empresa e a sua cobertura territorial, despedir centenas de trabalhadores e continuar a degradação da empresa, dificultando as condições que a empresa tem para cumprir as obrigações que atualmente já não cumpre e a que está vinculada pelo contrato de concessão que celebrou com Estado”, disse o deputado bloquista, em declarações ao ECO.
José Soeiro lembra ainda que, na altura em que os CTT foram privatizados, eram “uma empresa com os índices de qualidade muito elevados, até acima do intervalo exigido pelas autoridades públicas, uma empresa com grau de cumprimento muito forte do serviço postal e uma empresa lucrativa”. Essa empresa, acrescenta, “foi sendo degradada na prestação de serviços à população e foi descapitalizada porque todos os anos se distribui dividendos superiores ao resultado líquido“.
A alienação dos CTT por parte do Estado ficou totalmente concluída em setembro de 2014, com um encaixe superior a 900 milhões de euros para os cofres públicos. Desde então, a empresa até conseguiu reduzir os custos operacionais, mas as receitas têm vindo a cair quase ao mesmo ritmo. Assim, os lucros dos CTT têm vindo a cair todos os anos desde a privatização, embora os resultados llíquidos continuem a ser positivos. Entre 2012 e 2014, antes da privatização e dispersão em bolsa, a empresa de correios aumentou sempre os lucros, que totalizaram 77 milhões de euros no final de 2014. Desde então, a queda tem sido uma constante e deverá repetir-se este ano. A empresa reportou lucros de 61,9 milhões de euros em 2016, valor que correspondeu a uma quebra de 14%, e resultados líquidos de 19,5 milhões no conjunto de janeiro a setembro deste ano, uma queda de 57% relativamente a igual período do ano passado.
É neste contexto que os CTT apresentam agora um plano de reestruturação que visa alcançar uma poupança de 45 milhões de euros por ano. Esse, contudo, vai “acentuar a degradação da capacidade de prestar o serviço e descapitalizar a empresa”, considera José Soeiro. Assim, garante, o BE vai insistir na reversão da privatização dos CTT, depois de esta proposta, também apresentada pelo PCP e pelo PEV, ter sido chumbada no Parlamento.
"O plano que esta administração tem para a empresa é desmantelá-la, é esvaziá-la de capacidade humana e de património. Isso confirma a insistência que temos feito da necessidade do resgate público da empresa.”
“O plano que esta administração tem para a empresa é desmantelá-la, é esvaziá-la de capacidade humana e de património. Isso confirma a insistência que temos feito da necessidade do resgate público da empresa, até porque despedir 800 pessoas não vai melhorar a capacidade que os CTT têm de cumprir as suas obrigações”, sublinha José Soeiro.
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