CGD: Emissão de dívida subordinada foi um “sucesso”

  • Lusa
  • 25 Março 2017

O primeiro-ministro considera que a emissão de dívida de obrigações realizada na quinta-feira pela CGD foi “indiscutivelmente” um “sucesso”. Não só para o banco como para o setor.

O primeiro-ministro considerou hoje que a emissão de dívida de obrigações realizada na quinta-feira pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi “indiscutivelmente” um “sucesso”, não só para o banco como para o conjunto do sistema financeiro português.

Em declarações em Roma, à margem das celebrações dos 60 anos dos Tratados fundadores da União Europeia, António Costa, questionado sobre a elevada taxa de juro da emissão obrigacionista (10,75%), salientou que é necessário ter em conta que se trata “de uma dívida que é uma dívida perpétua, de elevado risco, que é a primeira vez que um banco português coloca no mercado internacional”.

Além disso, referiu, tem de ser comprada com “taxas de juro semelhantes” às de operações do mesmo tipo praticadas por outros bancos. Costa apontou, a esse propósito, que “ainda muito recentemente um grande banco espanhol, o Banco Popular, fez uma emissão idêntica com uma taxa de juro claramente superior” (12%).

“Esta é indiscutivelmente uma operação que é um sucesso, primeiro pela sua originalidade, segundo por ter tido uma procura que foi quatro vezes a dimensão da oferta que existia. E representa não só um sucesso para a Caixa, como um sucesso para o conjunto do sistema financeiro português, porque abre as portas para que o nosso sistema financeiro possa encontrar novas formas de capitalização para além das que tradicionalmente tem encontrado”, concluiu.

A CGD realizou na quinta-feira uma emissão de obrigações perpétuas de 500 milhões de euros a uma taxa de 10,75%.

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Líderes querem Europa unida mas a duas velocidades

No dia em que se comemoram 60 anos do projeto europeu, os líderes dos 27 Estados-membros prometem "união". E admitem uma Europa a "duas velocidades", mas na mesma direção.

Hoje o dia é de celebração em Roma. Os líderes de 27 Estados-membros, já sem a presença do Reino Unido, renovaram os votos com a assinatura da Declaração de Roma. Na comemoração dos 60 anos do projeto europeu, a palavra de ordem é “união”. E, ao contrário do que acontecia antes, reconhecem uma Europa a “duas velocidades” mas na mesma direção.

“A Europa, enquanto entidade política, tem de estar unida ou deixa de existir”, disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, na mesma sala, no Capitólio, onde em 25 de março de 1957 os seus países fundadores, Alemanha Ocidental, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, assinaram os Tratados fundadores da Comunidade Económica Europeia e da Comunidade da Energia Atómica, que dariam origem à atual União Europeia.

Com um Reino Unido ausente, os 27 países da União Europeia estão hoje reunidos para comemorar os 60 anos do projeto Europeu. Para assinalar a data, os líderes europeus renovaram os votos com a assinatura da Declaração de Roma, comprometendo-se a trabalhar para uma União ainda mais forte e unida nos próximos 10 anos.

A Europa, enquanto entidade política, tem de estar unida ou deixa de existir. Apenas uma Europa unida pode ser uma Europa soberana.

Donald Tusk

presidente do Conselho Europeu

“Apenas uma Europa unida pode ser uma Europa soberana”, defende o responsável europeu. Apesar de reconhecerem os desafios que têm pela frente, os líderes europeus conseguem ver sinais de esperança. Há poucas evidências de que o Brexit tenha causado um efeito “dominó” na Europa e, nas eleições que decorrem este ano, os candidatos pró-Europa continuam à frente dos rivais em França e na Alemanha.

Crescimento, imigração e crescimento? Europa tem de acelerar

O primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni diz que tem sido uma “viagem de conquistas, uma viagem de objetivos que têm vindo a ser cumpridos e que ainda estão por cumprir”. Mas, nos últimos anos, a “Europa tem demorado muito tempo a agir no que toca à imigração, crescimento e emprego”, realça o ministro de um dos países fundadores. Para relançarmos a Europa, nota, “temos, em primeiro lugar, de reconquistar a confiança dos cidadãos”.

Uma confiança que foi agora abalada pelo processo de saída do Reino Unido da União Europeia. Ainda não há um acordo sobre como será a relação entre o Reino Unido e a União Europeia quando o país abandonar o bloco. E ainda há as críticas feitas pelos governos da Grécia e da Polónia pela ausência de compromissos para com a proteção social e unidade europeia.

Os dois países disseram na sexta-feira que apoiariam o documento de duas páginas, que marca o abandono da estratégia europeia anterior ao enfatizar a possibilidade de os países trabalharem juntos a ritmos e intensidades diferentes. Os líderes de 27 Estados-membros admitem uma UE a diferentes velocidades mas “na mesma direção”.

Isto já é uma realidade. Por isso, Portugal prefere que a União Europeia possa continuar a dar pequenos passos, através das cooperações reforçadas, do que ficar paralisada nas suas decisões, como explicou a secretária de Estado dos Assuntos Europeus em entrevista ao ECO.

Assinaturas que “duram”

Apesar destas alterações, o presidente da Comissão Europeia está otimista. Jean-Claude Juncker disse que as assinaturas na Declaração “são assinaturas que duram”. O responsável europeu disse ainda que hoje os votos são “renovados e que se reafirma o compromisso de uma União indivisível”.

“Apenas unidos poderemos passar às gerações futuras uma Europa mais próspera, mais social e mais segura. Uma União de solidariedade, que é forte, generosa, tanto interna como externamente. Uma Europa que enfrenta os grandes desafios e que não se perde em detalhes”, refere Juncker.

Uma ideia que é também partilhada por António Costa. O primeiro-ministro português diz que é muito importante que a celebração do projeto europeu que é feita hoje possa “continuar amanhã”.

“É muito importante que esta celebração que hoje fazemos possa continuar amanhã. Para que isso aconteça é fundamental podermos responder de forma positiva aos anseios, angústias, medos que muitos cidadãos europeus têm e, para os quais, a União Europeia é a única entidade que pode dar uma resposta positiva”, diz António Costa aos jornalistas, em declarações transmitidas pela RTP3, nas comemorações dos 60 anos da Declaração de Roma.

Já o Presidente da República afirmou que a Europa “tem de acreditar mais em si própria”, pondo-se “ao ataque” em vez de ficar “cheia de medo” que cada eleição marque a “implosão europeia”.

“A Europa em vez de estar à defesa tem que estar ao ataque. E está à defesa: de cada vez que aparece uma eleição ou uma campanha fica cheia de medo de que surja uma voz, uma vitória antieuropeísta, contrária à Europa, dividindo a Europa, separando os europeus”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, citado pela agência Lusa.

(Atualizado às 14h54 com declarações do Presidente da República)

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Caldeira Cabral: “Demissão de Dijsselbloem é o melhor para a Europa”

O ministro da Economia português diz que o presidente do Eurogrupo perdeu as eleições e não "deve tentar culpar os outros pelas suas próprias falhas".

O ministro da Economia português diz que Jeroen Dijsselbloem deve abandonar a presidência do Eurogrupo. “É o melhor para a Europa”, defende Caldeira Cabral, depois de o responsável pelo grupo dos ministros das Finanças da Zona Euro ter dito que os países do sul da Europa, como Portugal, gastaram dinheiro em “bebidas e mulheres” durante o combate à crise das dívidas soberanas que afeta a região desde 2010.

A polémica em torno das declarações de Jeroen Dijsselbloem intensifica-se. Desde vez é Manuel Caldeira Cabral que vem defender a saída de Jeroen Dijsselbloem da liderança do grupo dos ministros das Finanças da Zona Euro. “Seria o melhor para a Europa e o melhor que poderia fazer”, refere o ministro da Economia português numa entrevista à Bloomberg. “Ele perdeu as eleições [na Holanda] e penso que não deve tentar culpar os outros pelas suas próprias falhas”, realça Caldeira Cabral.

Em causa está uma entrevista que Dijsselbloem concedeu ao Frankfurter Allgemeine Zeitung. Nomeadamente a parte em que o holandês sugeriu que os países que pediram ajuda financeira, casos de Portugal, Grécia, Espanha, depois de terem desperdiçado dinheiro em “bebidas e mulheres”. O ministro da Economia português diz que “não podemos deixar que o Eurogrupo seja dividido dessa forma e, por esse motivo, essa pessoa deve sair”.

António Costa também criticou duramente as declarações de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do Sul da Europa. Diz que “numa Europa a sério, a esta hora Dijsselbloem já estava demitido”. O primeiro-ministro disse que “a Europa não se faz com Dijsselbloem’s”. Costa referiu-se ao atual presidente do Eurogrupo como um “lobo disfarçado de cordeiro”.

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António Costa: “Esperança e confiança” no projeto europeu

No dia em que se comemoram os 60 anos do projeto europeu, António Costa diz que "é muito importante" que esta celebração que se faz hoje "possa continuar amanhã".

O primeiro-ministro português diz que é muito importante que a celebração do projeto europeu que é feita hoje possa “continuar amanhã”. No dia em que se celebram os 60 anos da Declaração de Roma, António Costa diz ter “muita esperança e confiança” de que esta renovação dos votos se possa traduzir na realidade, não com “revisões de tratados ou em grandes debates institucionais”, mas com respostas concretas.

“É muito importante que esta celebração que hoje fazemos possa continuar amanhã. Para que isso aconteça é fundamental podermos responder de forma positiva aos anseios, angústias, medos que muitos cidadãos europeus têm e, para os quais, a União Europeia é a única entidade que pode dar uma resposta positiva”, diz António Costa aos jornalistas, em declarações transmitidas pela RTP3, nas comemorações dos 60 anos da Declaração de Roma.

O primeiro-ministro português nota também que “60 anos depois podemos beneficiar do alargamento sucessivo da União Europeia e hoje partilhamos este projeto que começou a seis e hoje vai prosseguir a 27. E no futuro, quem sabe, com novos parceiros neste projeto europeu”. O Reino Unido, em processo de saída do bloco europeu, já não participou nas comemorações de hoje na capital italiana.

“Tenho muita esperança e confiança que esta renovação de votos que hoje aqui fizemos possa ter uma tradução na realidade. Não em revisões de tratados ou em grandes debates institucionais, mas em respostas concretas para podermos ter mais convergência económica, um crescimento mais sustentado, maior criação de emprego, emprego com mais qualidade e maior solidariedade entre todos”, remata António Costa.

A Declaração de Roma foi hoje assinada pelos 27 e pelos presidentes das instituições europeias na mesma sala, no Capitólio, onde em 25 de março de 1957 os seus países fundadores, Alemanha Ocidental, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, assinaram os Tratados fundadores da Comunidade Económica Europeia e da Comunidade da Energia Atómica, que dariam origem à atual União Europeia. O primeiro-ministro António Costa colocou a assinatura de Portugal às 11:25 locais (10:25 de Lisboa).

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Declaração de Roma já foi assinada pelos líderes europeus

Os 27 líderes europeus já assinaram a Declaração de Roma, no dia em que se comemoram os 60 anos do projeto europeu. O documento fala de uma Europa "segura", "próspera" e "social".

Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) já assinaram a Declaração de Roma, no dia em que se comemoram os 60 anos do projeto europeu. Os líderes europeus comprometem-se a trabalhar para uma União ainda mais forte e unida nos próximos 10 anos.

Os líderes de 27 Estados-membros — o Reino Unido, em processo de saída do bloco europeu já não participou nas comemorações de hoje na capital italiana — adotaram a “Declaração de Roma”, na qual manifestam “orgulho” pelos feitos alcançados ao longo de 60 anos de história e apontam o caminho a seguir, admitindo uma UE a diferentes velocidades mas “na mesma direção”.

A Declaração de Roma foi assinada pelos 27 e pelos presidentes das instituições europeias na mesma sala, no Capitólio, onde em 25 de março de 1957 os seus países fundadores, Alemanha Ocidental, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, assinaram os Tratados fundadores da Comunidade Económica Europeia e da Comunidade da Energia Atómica, que dariam origem à atual União Europeia. O primeiro-ministro António Costa colocou a assinatura de Portugal às 11:25 locais (10:25 de Lisboa).

Construímos uma União única, com valores fortes e instituições comuns, uma comunidade de paz, liberdade, democracia, direitos humanos e Estado de Direito, uma grande potência económica com níveis sem paralelo de proteção social e prosperidade.

Declaração de Roma

Construímos uma União única, com valores fortes e instituições comuns, uma comunidade de paz, liberdade, democracia, direitos humanos e Estado de Direito, uma grande potência económica com níveis sem paralelo de proteção social e prosperidade”, lê-se na declaração, assinada hoje pelos chefes de Estado e de Governo, entre os quais o primeiro-ministro António Costa.

Apontando que a União enfrenta hoje “desafios sem precedentes, tanto globais como internos”, tais como conflitos regionais, terrorismo, crescente pressão migratória, protecionismo e desigualdades sociais e económicas, os líderes dos 27 Estados-membros e das instituições da UE afirmam-se “determinados a dar resposta aos desafios” num espírito de união e solidariedade.

“Faremos a UE mais forte e mais resistente, através de uma unidade e solidariedade ainda maiores entre nós e do respeito das regras comuns […]. Vamos atuar juntos, a diferentes velocidades e intensidades quando necessário, mas rumando na mesma direção, como fizemos no passado, em linha com os Tratados e mantendo a porta aberta àqueles que quiserem juntar-se mais tarde. A nossa união é indivisível”, lê-se na Declaração de Roma.

Os 4 grandes objetivos da Declaração

  1. “Uma Europa segura, onde todos os cidadãos se sintam seguros e possam mover-se livremente, com fronteiras externas bem guardadas”;
  2. “Uma Europa próspera e sustentável, que crie crescimento e emprego”, com um mercado único forte e interligado e “uma moeda única estável e fortalecida”. Neste ponto, a declaração sublinha a necessidade de completar a União Económica e Monetária (UEM) e de trabalhar com vista à convergência económica, prioridades que o Governo português queria ver inscritas na declaração;
  3. O texto contempla também a “Europa social”, uma União que, “baseada no crescimento sustentável, promova o progresso económico e social, bem como a coesão e a convergência”, tendo em conta “a diversidade dos sistemas nacionais”, e que promova a igualdade entre mulheres e homens, combata o desemprego, a discriminação, a exclusão social e a pobreza, e invista na educação dos jovens.
  4. Por fim, os líderes da UE assumem a determinação em tornar a Europa mais forte na cena global, aprofundando as parcerias já existentes e construindo novas, com a assunção de “mais responsabilidades” e reforço da segurança e defesa comuns.

“Vamos perseguir estes objetivos, firmes na crença de que o futuro da Europa está nas nossas próprias mãos e que a UE é o melhor instrumento para alcançarmos os nossos objetivos”, afirmam os líderes europeus, garantindo que escutarão “os cidadãos” e responderão às suas preocupações.

“Enquanto líderes, e trabalhando em conjunto no seio do Conselho Europeu e entre as nossas instituições, asseguraremos que a agenda de hoje é implementada, para que se torne a realidade de amanhã. Unimo-nos para o melhor. A Europa é o nosso futuro comum”, conclui a declaração, assinada ao final da manhã em Roma pelos líderes da União.

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Montepio tem um mês para apresentar novo nome

  • ECO
  • 25 Março 2017

O Banco de Portugal quer que o banco Montepio apresente rapidamente um projeto de mudança de novo. O objetivo é afastar separar a Caixa Económica da Associação Mutualista.

O Banco de Portugal quer acelerar o processo de separação entre a Associação Mutualista e o banco Montepio. O banco liderado por Carlos Costa deu apenas um mês para que o Montepio apresente um novo nome. A intenção será afastar o banco de riscos de reputação caso haja problemas em resgates de produtos financeiros de clientes da Mutualista.

O jornal Expresso (acesso pago) avança, na sua edição de fim de semana, que o Banco de Portugal deu apenas um mês ao Montepio para apresentar o um novo nome. Segundo o semanário, o banco central quer afastar o Montepio do risco de reputação associado à Associação Mutualista. Isto no caso de haver problemas em resgates de produtos financeiros dos clientes da Associação.

Fonte do Banco de Portugal disse ao jornal que existe muita confusão por parte dos clientes, sendo preciso tornar clara a separação entre as duas entidades. “Por isso, é fundamental a mudança de marca”, explica. A nova marca terá de estar implementada até ao final do ano.

Esta mudança vai notar-se igualmente a nível dos clientes. De um lado, ficam os clientes do banco e, do outro, os clientes de produtos financeiros da Associação.

O jornal refere ainda que o regulador e o Montepio terão ainda chegado a acordo sobre a forma como será feita a transformação do banco em sociedade anónima. A Associação queria que a entrada de novos acionistas no banco ficasse limitada apenas aos associados. Mas o Banco de Portugal não aceitou esta condição. No entanto, o banco central aceita que haja uma limitação no tipo de acionistas. Ou seja, quem tem uma missão comercial não pode investir no Montepio.

Na próxima semana, o banco deverá apresentar um prejuízo de 80 milhões de euros em 2016, diz o Expresso. O resultado líquido continua assim negativo, mas com uma diminuição de dois terços em relação a 2015. Nesse ano, foi de 243 milhões de euros.

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Cinco desafios para a UE na voz dos partidos portugueses

  • Marta Santos Silva
  • 25 Março 2017

Entre a gestão dos fluxos migratórios, a legitimidade democrática da União Europeia ou o crescimento do populismo eurocético, os eurodeputados apresentam os grandes desafios... e possíveis soluções.

A Europa enfrenta atualmente inúmeros desafios que ameaçam fragmentá-la. As divisões entre o Leste e o Ocidente evidenciam-se quando se fala de certas opções de futuro, e entre Norte e Sul quando se fala de outras opções ainda. Os partidos eurocéticos multiplicam-se e ganham apoio, e o Reino Unido votou mesmo para sair da União Europeia, um processo que começará em breve a ser negociado.

Neste contexto, a declaração que sairá da cimeira de Roma este sábado pode ser um passo importante para reafirmar a aliança entre os 27 que permanecem. Mas quais os desafios para os quais será preciso desenvolver estratégias? O ECO foi perguntar aos eurodeputados e representantes dos partidos portugueses com assento em Bruxelas e Estrasburgo quais as suas prioridades para uma reforma da União Europeia.

PPE: Legitimidade democrática “pode ser melhorada”

Existe um distanciamento entre os europeus e as instituições da UE, afirma Paulo Rangel, mas o deputado vê-o com naturalidade. O eurodeputado, eleito pelo PSD em Portugal mas integrado no grupo do Partido Popular Europeu (PPE), assume que “as pessoas naturalmente” estão mais focadas no que está próximo, e Bruxelas está longe. E embora não veja um problema de legitimidade democrática na Europa, com eleições e órgãos constituídos ou nomeados por representantes eleitos, “ela pode ser melhorada”, continua.

O documento do PPE de que foi relator, Making Europe Fit for the 21st Century, prevê assim uma maior parlamentarização, “reforçando a dependência da Comissão relativamente ao parlamento”, mas também uma transformação do Conselho Europeu “numa espécie de Senado”.

“Os ministros dos diferentes países, consoante as áreas, funcionariam como comissões dessa câmara alta, e depois todos os ministros teriam de tempos a tempos um plenário para aprovarem os documentos, propostas e leis em que trabalhassem”, sugere o eurodeputado.

É uma proposta para combater um problema que foi visto como mais profundo por outros deputados que falaram com o ECO. Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, afirmou mesmo que “é muito difícil falar de democracia à escala europeia”. A eurodeputada afirmou haver mesmo uma crise de legitimidade. “Apesar de o parlamento ser, obviamente, legislador, as decisões passam muitas vezes por outras instituições informais, como é o caso do Eurogrupo“, acrescentou.

S&D: UE “não conseguiu responder” à globalização

O eurodeputado Carlos Zorrinho vê como principal desafio a gestão dos riscos da globalização.Sebastiaan ter Burg

“A globalização mudou as condições competitivas no mundo, e a União Europeia não conseguiu responder”, afirma Carlos Zorrinho, eurodeputado do Partido Socialista integrado no grupo parlamentar europeu Aliança Progressista de Socialistas e Democratas (S&D). Zorrinho afirma que é esta falta de capacidade para dar resposta à globalização que está por detrás da ascensão de muitos dos movimentos populistas eurocéticos que têm surgido na Europa. “Os cidadãos têm expectativas pouco otimistas em relação ao futuro, de que a UE consiga manter as coisas boas que tem, e os líderes populistas fazem um discurso simplista, dizendo que sair da Europa é uma panaceia”, acrescenta.

Como é que esta situação pode ser enfrentada? Para Zorrinho, a União Europeia tem de assumir uma posição de liderança no palco mundial na regulação da globalização. “Se estiver junta, e com políticas ativas, claro que pode ser influente. Separada, não tem influência nenhuma”, conclui. O eurodeputado dá exemplos: a União Europeia “aprovou no Parlamento Europeu a nova regulação do mercado europeu de emissões de carbono”, uma medida que será ótima se as potências industriais mundiais avançarem com processos semelhantes. Já “se a Europa não for influente o suficiente, pode haver riscos para a nossa economia”.

Paulo Rangel também expressou ao ECO a preocupação de que a União Europeia se consiga impor como uma potência dominante no campo global, e sublinhou duas rotas para o fazer. A primeira é haver uma representação conjunta da União Europeia em órgãos como o FMI ou a OCDE, e a segunda é o lado militar. “Se nós desenvolvermos alguns instrumentos militares de defesa, [e expandirmos] a nossa capacidade de atuação em missões de paz, missões mandatas pela ONU ou até eventualmente pela NATO, evidentemente que esse hard power pode dar uma expressão diplomática e potência à própria UE”, concluiu.

GUE/NGL: “Responder às necessidades reais das pessoas”

Questionada sobre o principal desafio que a Europa tem de enfrentar para se reformar, Marisa Matias, integrada no grupo parlamentar Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL), não hesita: “Responder às necessidades reais das pessoas, mas isso não está a acontecer”.

Para a eurodeputada, a Europa precisa de procurar um projeto que “continuasse a procurar pleno emprego e justiça social”, algo que acredita que não está a acontecer. E mostra-se também pessimista com o trajeto que resultará da declaração de Roma, a ser revelada este sábado. “Não creio que possa haver um projeto comum pondo completamente de parte as necessidades das pessoas que vivem num espaço comum”, referiu.

Também Ângelo Alves, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, disse ao ECO que “as condições de vida dos trabalhadores e dos povos” são uma questão fundamental na reforma da União Europeia que não está a ter a devida atenção, criticando as prioridades do Livro Branco da Comissão Europeia para o futuro da Europa. “Aquilo que vemos é que, no que toca, ao militarismo vão ao concreto, na união económica e monetária vão ao concreto, no concentrar mais os mercados vão ao concreto, mas no que toca a resolver problemas sociais fica sempre adiado para outras cimeiras, para outras reuniões, para outras decisões”, criticou.

Numa entrevista ao Diário de Notícias, Maria João Rodrigues, eurodeputada do S&D, também mostrou a mesma preocupação social, mas de uma perspetiva mais otimista. “Acima de tudo, quero que a população europeia, sobretudo os jovens, saibam que mesmo em empregos completamente novos, na economia digital, devem continuar a ter direito a um contrato de trabalho com condições bem precisas, e sobretudo acesso à proteção social”, referiu ao jornal.

PPE: Gestão dos fluxos migratórios

“Quem entra na UE através da Grécia e da Itália, podem ser refugiados, podem ter escapado a situações que põem em risco a sua vida ou das suas famílias, podem ser imigrantes, pessoas que querem uma oportunidade de emprego, legitimamente, como podem ser também terroristas, pessoas que querem atentar contra a nossa vida e os nossos valores”, afirma Nuno Melo, eurodeputado do CDS-PP no grupo PPE. E é preciso “saber acautelar a diferença”. Além disso, existem outros pontos a ter em conta na questão da gestão dos fluxos migratórios que não apenas uma triagem para “diferenciar o que é diferente”.

Nuno Melo opta por destacar mais quatro pontos: um é o financiamento, já que acredita que os custos de acolhimento dos refugiados e imigrantes devem ser partilhados no Espaço Schengen. “Não é aceitável que os países que sofrem a maior pressão tenham de suportar custos por razão da sua geografia”, afirma. Outro, igualmente importante, prende-se com a necessidade de “haver um tratamento condigno daqueles que acolhemos”, e a curto prazo.

“Depois, há obviamente a questão do patrulhamento marítimo mas também o patrulhamento de fronteiras”, afirma, para concluir também: “Nunca resolveremos o problema dos refugiados sem que os grandes conflitos, designadamente no Médio Oriente, e pulsões de conflito no norte de África e em muitas regiões da África Subsariana tenham um fim. Ou pelo menos tenham um controlo razoável”.

Para Ângelo Alves, do PCP, partido que conta com três deputados no Greens/EFA, a Comissão Europeia “não dá nenhuma resposta à questão dos fluxos migratórios”. A Europa “tem meios, tem perfeitas condições para acolher muito mais refugiados”, defende o membro do Comité Político, que acredita que a solução passa mais pelo último ponto referido por Nuno Melo do que pelos restantes. A resposta “passa por inverter completamente a política externa da União Europeia”, acrescenta.

GUE/NGL: Reforçar a “soberania dos povos”

Para Ângelo Alves, a Europa precisa de dar mais voz aos países individuais.EPP Group in the CoR

Ângelo Alves, do PCP, não deixou dúvidas ao ECO acerca da posição do partido no que toca à União Europeia: precisa de ser reconstruída de raiz. E grande parte do problema é o que veem como o “esmagamento da soberania dos povos”, resultado de um “processo de imposição, de chantagem, a que estamos constantemente a ser sujeitos”. Para o membro do Comité Central do PCP, é preciso acabar com a União Económica e Monetária, “seja por decisão de todos”, seja “pelo grau de insuportabilidade, pela decisão de um país”.

“É possível haver alterações na Europa”, reconhece. “Mas isso passa por derrotar primeiro a União Europeia, para se construir um outro quadro de relacionamento e cooperação entre estados e entre povos. É a grande reforma que é preciso fazer”. A ideia é que a União Europeia possa falar a uma só voz, sim, mas “essa voz tem de ser a real convergência dos interesses dos povos”, e não “a voz do capital financeiro, do diretor das potências, a voz da Alemanha”.

Nuno Melo, do PPE, referiu também a importância de criar uma convergência e sentimento de pertença entre os cidadãos dos diferentes Estados-membros. “Mais do que a sensação, a convicção de pertença”, enfatiza. “As instituições europeias têm de ser capazes de a recriar para que os povos se mobilizem”.

Notícia corrigida às 19:40: Corrige imprecisões acerca dos grupos parlamentares em que se integram os eurodeputados portugueses.

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Moscovici: Portugal sairá em breve do procedimento por défice excessivo

O comissário europeu dos Assuntos Económicos afirmou, numa entrevista ao jornal italiano La Repubblica, hoje publicada, que “Portugal vai sair em breve” do procedimento por défice excessivo (PDE).

“Durante a crise, mais de 10 países estavam sob procedimento por défice excessivo, agora restam três. Portugal sairá em breve, a França em 2017 e a Espanha em 2018”, declarou o comissário, na entrevista hoje publicada pelo jornal italiano, no dia em que os chefes de Estado e de Governo da União Europeia celebram, em Roma, o 60.º aniversário dos Tratados fundadores da União.

Na sexta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou que o défice orçamental ficou nos 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, em linha com o previsto pelo Governo e um valor que abre caminho ao encerramento do PDE.

Na primeira notificação ao Eurostat, no âmbito do PDE, o Instituto Nacional de Estatística refere que, em contas nacionais, as que contam para Bruxelas, o défice das Administrações Públicas se fixou em 3.807,3 milhões de euros no conjunto do ano passado, o que corresponde a 2,1% do PIB.

O valor reportado na sexta-feira ao Eurostat abre a porta para que Portugal saia do PDE aplicado ao país desde 2009, por ser inferior não só ao valor de referência de 3,0% previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), mas também da meta mais exigente, de um défice de 2,5% do PIB, definida para o país aquando do encerramento do processo de aplicação de sanções.

De todo o modo, o encerramento do PDE não deve acontecer antes de maio, porque, para que isso aconteça, é preciso que a correção do défice seja considerada duradoura, o que implica que o défice de 2016 não ultrapasse os 3,0% do PIB nos próximos anos (e que as previsões da Comissão Europeia da primavera para os anos de 2017 e 2018 o indiquem).

O processo depende também da análise ao Programa Nacional de Reformas, que o Governo tem de remeter a Bruxelas até ao fim de abril. Na mesma entrevista, ao ser questionado sobre as polémicas declarações do presidente do Eurogrupo sobre os países (do sul) não poderem gastar dinheiro “em copos e mulheres” e depois pedir ajuda, Moscovici afirma que não corrobora essas palavras, mas acrescenta que não se deve julgar Jeroen Dijsselbloem devido a essa frase.

“Não partilho esta conceção da Europa, mas não o julguemos por esta frase. Foi um bom presidente do Eurogrupo”, disse.

Saída do PDE? “É legítimo”

O primeiro-ministro português já reagiu aos comentários do comissário. António Costa diz, em declarações transmitidas pela RTP3, que “com a confirmação oficial do melhor défice de sempre e de que ficámos claramente abaixo da meta fixada pela UE, tendo em conta aquilo que são as previsões do défice para este ano e para o próximo ano, creio que é legitimo esperarmos que possamos sair brevemente do PDE”.

António Costa nota ainda que “é isso que resulta da nossa realidade orçamental, do enorme esforço que ao longo deste vários anos os portugueses fizeram e da forma como temos conseguido consolidar de forma sustentável e duradoura a nossa consolidação orçamental”.

(Atualizado às 11h52 com declarações de António Costa)

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Comissão propõe 5 caminhos, eurodeputados querem um sexto

  • Marta Santos Silva
  • 25 Março 2017

Passaram 60 anos desde a cimeira de Roma que deitou a primeira pedra para a UE, mas agora ela tem de escolher um novo caminho. Eurodeputados portugueses avaliam as respostas possíveis.

Vinte e sete líderes europeus estão este sábado na colina Capitolina em Roma, onde começou o projeto europeu há 60 anos. Se a perspetiva é de relançar a Europa numa altura de crise — com a saída iminente do Reino Unido a ser apenas um dos sintomas mais flagrantes — torna-se claro que não vai sair deste encontro uma declaração revolucionária a traçar um caminho concreto. “Se conseguirmos sequer que os Estados-membros reafirmem a sua fé na Europa, já vai ser um feito”, disse ao Financial Times o ministro para os Assuntos Europeus italiano, Sandro Gozi.

As pistas traçadas pelo Livro Branco da Comissão Europeia, divulgado este mês, já deixam antever a perspetiva das autoridades europeias acerca dos trajetos possíveis para a continuação da União. No entanto, os eurodeputados portugueses no Parlamento Europeu que falaram ao ECO veem falhas nos vários cenários propostos, e quase todos pretendem uma sexta opção, diferente para cada um. As visões da Europa são múltiplas — afinal, são 500 milhões de pessoas em 27 nações, mais uma que já decidiu sair. A nova cimeira de Roma poderá ser uma oportunidade para recentrar estas visões naquilo que têm em comum.

“Os cidadãos têm de saber porque é que a União Europeia, ainda hoje como há 60 anos, continua a ser necessária”, explica ao ECO Andreia Soares e Castro, professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP). “Fundamentalmente porque é a melhor garantia do Estado de direito”. Para a investigadora, a declaração deste sábado tem de se focar nos pontos em comum. “Claro que existem divergências, não podemos esquecer-nos que a União Europeia integra Estados muito diferentes. Todos têm de comprometer-se de que a UE é a melhor resposta a dar perante todos os desafios, a via da ação coletiva nalgumas áreas, que não todas”.

Também Carlos Zorrinho, eurodeputado português eleito pelo Partido Socialista e pertencente agora ao grupo parlamentar da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), antecipa uma declaração que “deixe todas as portas abertas”. A perspetiva de eleições importantes na UE para breve — em França e na Alemanha — é um dos fatores que o eurodeputado afirma deverem pesar no conteúdo da declaração. “Embora fosse desejável que amanhã ficasse clara a escolha de um cenário, isso não vai acontecer”, refere. Mas quais as opções?

Os cinco cenários do Livro Branco

O Livro Branco foi preparado pela Comissão Europeia liderada por Jean-Claude Juncker.© European Union , 2016 / Source: EC - Audiovisual Service / Fotografia: Etienne Ansotte

Apresentado este março pela Comissão Europeia liderada por Jean-Claude Juncker, o Livro Branco para o futuro da Europa é um documento apreensivo que assinala os desafios que a União Europeia enfrenta e delineia cinco caminhos possíveis, que vão desde um enfraquecimento da UE até ao seu fortalecimento quase até ao nível do federalismo.

  1. Carrying on: Continuar na mesma
    O primeiro cenário proposto sugere que a União Europeia permaneça como está, sem que haja uma grande mudança de rumo, havendo apenas “mudanças incrementais”.
  2. Nothing but the single market: Apenas o mercado único
    O segundo cenário é de uma concentração no mercado único, reconhecendo que este cenário cria uma “capacidade limitada para agir em conjunto”, e ainda que poderia deixar o euro numa posição de maior vulnerabilidade.
  3. Those who want more do more: Os que querem mais fazem mais
    Este cenário é essencialmente o de uma Europa a várias velocidades, em que os países que estiverem interessados em avançar para uma união de maior proximidade podem fazê-lo sem prejuízo para os restantes, que podem deixar-se ficar para trás.
  4. Doing less more efficiently: Fazer menos com mais eficiência
    O quarto cenário prevê uma maior concentração em certas áreas onde a União Europeia pode agir melhor em conjunto. O Livro Branco refere como exemplos a defesa — com uma guarda costeira e fronteiriça financiada pela UE, mas refere a limitação de que os países teriam de identificar as áreas de destaque.
  5. Doing much more together: Fazer muito mais, juntos
    O quinto cenário previsto no Livro Branco constitui essencialmente um trajeto para uma situação federalista: uma união que vá “mais longe do que nunca em todos os domínios”.

Para Andreia Soares e Castro do ISCSP, continuar da mesma forma parece insustentável porque os problemas da União Europeia requerem uma mudança, e recuar para manter apenas o mercado único também não aparenta ser uma solução viável. E se o federalismo é impossível na conjuntura atual, “apenas dois cenários poderão ser equacionáveis”, na perspetiva da investigadora. “O cenário da União Europeia a duas velocidades, que não é uma ideia nova”, e o cenário quatro, “de fazer menos com mais eficácia”. Na verdade, argumenta, os dois não são incompatíveis. E defende que até já existe fundamentação jurídica para uma Europa em que certos países escolhem avançar mais do que os outros: “No tratado de Amesterdão foi introduzido o regime de cooperações reforçadas, que permite que um mínimo de nove Estados possam avançar ou aprofundar determinada política se assim o quiserem”, sem terem necessariamente a unanimidade de todos os Estados-membros.

O falador ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble já rejeitou totalmente o cenário de federalismo, e de facto o cenário que parece ter mais apoio é o de uma Europa a várias velocidades. “Ainda recentemente vimos os quatro grandes, Alemanha, França, Itália e Espanha, a defenderem esta ideia”, afirma Andreia Soares e Castro.

Mas nem todos veem esta solução com bons olhos, a começar pela Polónia, que já ameaçou rejeitar a declaração de Roma “se ela não incluir os assuntos que são prioridades para a Polónia”, segundo disse a primeira-ministra Beata Szydlo, citada pela Reuters. Os países da Europa de Leste opõem-se com particular veemência a esta ideia, por temerem tornar-se membros de segunda classe da UE se não escolherem ficar na “linha da frente”, como lhe chamou António Costa.

Guntram Wolff, diretor do think tank Bruegel, destaca outro risco de uma Europa a várias velocidades num artigo no jornal grego Kathimerini. “Adiantar a integração entre alguns países nalgumas dimensões levanta questões que têm de ser resolvidas no que toca à coesão da UE. Por exemplo, uma política que avançasse com a integração bancária na Zona Euro poderia reduzir a integridade do mercado único na área bancária e criar um fosso entre os países dentro e fora da Zona Euro“. O desafio? Evitar uma situação “em que as políticas de integração provoquem uma resposta hostil entre aqueles que não estão incluídos nela”.

Eurodeputados têm outras prioridades

Os deputados europeus têm visões múltiplas do futuro da União.Connect Euranet

O Parlamento Europeu está dividido em oito grandes grupos, mas os 21 eurodeputados portugueses dividem-se por apenas quatro. Paulo Rangel, eleito pelo PSD, pertence ao grupo do Partido Popular Europeu (PPE), e foi o relator do documento que delineia a perspetiva de futuro deste grupo. “Digamos que o que o documento aponta é claramente algo que está fora” dos cenários do Livro Branco, afirma o eurodeputado ao ECO.

A posição do PPE “reflete um equilíbrio entre aqueles que gostariam de avançar para uma integração mais profunda, entre os quais me encontro, e alguns outros”, como é o caso de vários países da Europa de Leste, “que estão um pouco mais reticentes e, no fundo, defendem um avanço mais lento”, sublinha. É, afinal, o grupo com mais deputados no Parlamento Europeu e tem de integrar uma grande variedade de perspetivas. Assim, o documento baseia-se em três pilares “não negociáveis”: a defesa do Estado de direito democrático, a defesa das quatro liberdades (liberdade de circulação de bens, capitais, serviços e pessoas) e a defesa de uma economia social de mercado.

Nuno Melo, eleito pelo CDS mas também pertencente ao PPE, antecipa também que o futuro está no compromisso. “Uma das razões que levou a muitos dos problemas que a Europa vive tem estado no pouco respeito por aquilo que é o princípio da subsidiariedade“, afirma ao ECO, um princípio básico da UE que define que a União só deve intervir nas áreas onde os países individualmente não possam fazer melhor.

O eurodeputado apoia-se numa entrevista recente do líder histórico europeu Helmut Kohl, onde este contrariou o habitual lugar-comum afirmando que, neste momento, mais Europa é menos Europa. “O projeto europeu deve ser conduzido para aquilo que garantidamente funcionou sempre”, resume Nuno Melo: primeiro o projeto de paz, depois o mercado livre, depois a livre circulação de bens, pessoas e capitais. “Eu não sou federalista, assumidamente, mas sou um europeísta convicto”.

Um dos edifícios do Parlamento Europeu é em Estrasburgo, França.eggs-on-toast

Marisa Matias, por sua vez, tem uma posição radicalmente oposta. Para a deputada eleita pelo Bloco de Esquerda e integrada no grupo Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL), o Livro Branco representa uma continuação do “caminho que a UE já está a fazer e que nos tens trazido resultados péssimos”. E sublinha este ponto: “Não me revejo de maneira nenhuma no Livro Branco nem nos cenários que nele estão apresentados”.

O que faz com que a deputada se oponha tão veemente a todos os cinco cenários propostos? “Estamos numa fase em que foram abandonados, de forma total ou parcial, os objetivos de convergência entre diferentes Estados-membros e a solidariedade entre os países. Existe mais uma lógica de castigo do que propriamente de solidariedade”, afirma. “E não é por acaso que nós assistimos a um reforço na desconfiança dos cidadãos, ao aumento das forças da extrema-direita”. Para Marisa Matias, nenhum dos cenários do Livro Branco enfrenta esta realidade.

Ângelo Alves não é eurodeputado, mas é membro do Comité Central do Partido Comunista Português (PCP), que tem três deputados no grupo GUE/NGL, e explicou ao ECO a perspetiva do PCP: “A União Europeia não é reformável”. Porquê? Os deputados do PCP opõem-se ao que consideram ser as próprias fundações da União Europeia: o neoliberalismo, o federalismo e o militarismo. “Se me perguntar se uma reforma da União Europeia que elimine essa base e esses pilares pode alterar a situação, digo que sim”, afirma ao ECO. “Mas este processo de integração só faz sentido para aqueles que o defendem se tiver exatamente estes três pilares, e o Livro Branco da Comissão Europeia é claríssimo nesta matéria”.

Carlos Zorrinho, do PS, integrado no S&D, tem outra perspetiva, e não vê com maus olhos uma Europa a várias velocidades. Embora cuidadoso na escolha dos termos, o eurodeputado disse defender uma certa definição deste modelo, mas não outra. “Há uma boa definição, de que eu gosto: ninguém pode impedir os outros de avançar”, afirmou ao ECO. Mas, pelo contrário, também um grupo de países não pode deixar para trás outro que queira acompanhar.

Mas tanto dentro do S&D como dentro do próprio PS europeu há divergências: a eurodeputada Maria João Rodrigues, por exemplo, defendeu numa entrevista ao Euractiv que a Europa a duas velocidades “é inaceitável” e “viola o princípio de igualdade entre Estados-membros”. E, para Maria João Rodrigues, o quinto cenário quase federalista não merece atenção. “Preferia definir um cenário convincente como ‘fazer melhor em conjunto nos temas mais relevantes'”, disse a deputada.

Apesar de tudo, a divergência faz parte da Europa desde a sua fundação. Um dos pais da UE, Jean Monnet, previa mesmo: “A Europa será forjada nas crises, e será a soma das soluções adotadas para essas crises”. Num momento de crise, poderá ser nesta cimeira de Roma que se começam a abrir caminhos para uma solução — mas nem todos acreditam nisso.

Notícia corrigida às 19:40: Corrige imprecisões acerca dos grupos parlamentares em que se integram os eurodeputados portugueses.

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60º Aniversário do Tratado de Roma em fotografias

  • Paula Nunes
  • 25 Março 2017

Sessenta anos depois de lançada a primeira pedra, recorde as imagens mais marcantes da história da União.

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Inapa agrava perdas com prejuízo de 2,2 milhões

Empresa de papel reduziu dívida líquida em mais de 20 milhões mas viu resultados recuarem 5,3% para os 22 milhões, face aos 23,2 milhões de 2015.

A Inapa registou um resultado líquido negativo de 2,2 milhões de euros em 2016 para os 22 milhões, anunciou a empresa esta noite num comunicado enviado à CMVM. A empresa de papel de impressão fechou 2016 com resultados positivos antes dos impostos, um ano que ficou marcado pela compra da Papyrus France, em dezembro, com uma faturação anual de 142 milhões de euros. Já as vendas consolidadas do grupo atingiram os 849,8 milhões de euros, uma quebra de 3,6% face ao mesmo período do ano anterior.

De acordo com o comunicado, a Inapa conseguiu, no ano passado, uma “redução de 20 milhões da dívida líquida assim como o alargamento da respetiva maturidade”, de acordo com um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), e no qual a empresa admite que, em 2016, atingiu “fortes progressos em termos de sustentabilidade financeira”. O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) da Inapa, em 2016, foi de 22 milhões de euros, um recuo de 5,3% face aos 23,2 milhões de 2015.

 

“No último trimestre do ano a Inapa fez importantes progressos na execução do plano estratégico para o triénio 2016-2018, com o intuito de tornar a Inapa mais eficiente, rentável e sustentável. O plano estratégico que o Grupo tem vindo a implementar assenta em três eixos-chave: otimização do negócio de papel, diversificação e crescimento dos negócios complementares e sustentabilidade financeira”, detalhou a empresa ainda no comunicado.

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Metro do Porto aponta nova estação do outlet como a mais rentável da ‘linha vermelha’

  • Lusa
  • 24 Março 2017

Nova estação, ainda em construção junto ao centro comercial outlet de Vila do Conde, será a "mais rentável" de toda a linha vermelha.

Jorge Delgado estima que, por dia, mais de duas mil pessoas utilizem a estação, apelidada de Modivas Norte, facto que levará a Metro do Porto a integrá-la, também, como ponto de paragem do serviço expresso na ligação entre a Póvoa de Varzim e o Estádio do Dragão, no Porto.

Provavelmente esta será a estação mais rentável da ‘linha vermelha‘, e, por essa razão, passará a integrar o serviço expresso. Nenhuma estação, nesta linha terá tantos clientes, o que a coloca certamente no top 20 de toda a nossa rede de metro”, revelou o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto.

O responsável vincou que a integração desta paragem na linha expresso irá aumentar “em segundos ou, no máximo, em um minuto” o tempo total da viagem, vincando que a partir do Porto até ao outlet o percurso rondará os 30 minutos.

O novo equipamento, que teve um investimento global de 1,2 milhões de euros, divididos entre a Metro do Porto e a empresa proprietária do outlet, tem abertura prevista para julho deste ano e deve ajudar a baixar a taxa de deslocação em viatura particular para o centro comercial, que atualmente ronda os 97%.

Esse ponto foi destacado pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que hoje visitou o local e o andamento da empreitada.

“O setor de transporte tem de reduzir, até 2030, 26% das emissões atmosféricas que produz e isso implica uma grande aposta no transporte coletivo. Estou certo de que esta nova estação contribuirá para isso, garantindo um novo meio de transporte para os clientes e também para os funcionários”, disse o governante.

O ministro considerou, até, “bizarro que existindo a linha do metro perto do local não houvesse uma estação que pudesse servir os passageiros que querem deslocar-se até ao outlet”.

Também Elisa Ferraz, presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, frisou esse aspeto, partilhando ter conhecimento “de muitas pessoas que querem trabalhar no outlet, mas que não podem aceitar o posto de trabalho para que não tinham forma de se deslocar”.

A autarca lembrou, ainda, que a nova estação além de ser “uma nova porta de entrada no concelho”, vai ajudar a “aliviar a forte pressão do tráfego automóvel que muitas vezes se sente nas estradas que dão acesso ao outlet”, que anualmente é visitando por 4,3 milhões de pessoas.

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