BPP pede que Rendeiro seja “severamente sancionado”
O advogado considerou que estes arguidos têm de ser “severamente sancionados” porque casos de bancos com erros de gestão que levam ao seu fim “não podem voltar a repetir-se”.
O advogado do BPP defendeu esta sexta-feira que João Rendeiro, ex-presidente do banco, e outros dois administradores devem ser “severamente sancionados” com penas de prisão efetiva pelos atos praticados enquanto geriam a instituição que foi à falência.
“O dr. João Rendeiro, o dr. Paulo Guichard e o dr. Salvador Fezas Vital têm de ter pena de prisão efetiva, não há outra alternativa, porque este tribunal tem de demonstrar – depois de Banif, […] BES – que tem de haver uma altura em que temos de dizer que já chega”, afirmou Miguel Pereira Coutinho em tribunal, na primeira sessão das alegações finais.
“Há pessoas que são ‘too big to go to jail’, que acham que ninguém lhes vai tocar e esse sentimento tem que ser atacado. Onde fica a fidúcia? A confiança no sistema, nos bancos? Como queremos que isto não volte mais a acontecer”, questionou o causídico.
O representante do Banco Privado Português (BPP) – que intervém neste processo como assistente – considerou que as declarações públicas que João Rendeiro tem feito revelam que este não demonstra “autocensura pelos atos praticados” e citou uma entrevista de 2016 de Rendeiro ao portal Sapo24 em que diz que continua a “exercitar” os seus “dons”, nomeadamente através de serviços de consultoria.
Na sessão desta sexta-feira houve ainda as alegações finais do Ministério Público, com a procuradora a pedir pena de prisão entre sete e nove anos para João Rendeiro. O fundador e ex-presidente do BPP não se encontrava na sala de audiências. A Lusa questionou a advogada sobre o motivo da ausência em tribunal, mas esta não quis prestar declarações.
Há pessoas que são ‘too big to go to jail’, que acham que ninguém lhes vai tocar e esse sentimento tem que ser atacado.
Já para os ex-administradores Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital foi pedida prisão entre seis e oito anos. Nas alegações finais, a procuradora considerou que estes três administradores são “as peças-chave, os líderes” de um esquema fraudulento, “predominantemente o dr. Rendeiro”. Quanto aos ex-administradores Fernando Lima e Paulo Lopes, o Ministério Público pediu pena suspensa.
Este processo criminal diz respeito a alegada falsificação de contabilidade pelo banco BPP, estando em causa crimes de falsidade informática e falsidade de documentos em factos ocorridos entre 2001 e 2008.
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