Como vai a união dos EUA? Trump revela pela primeira vez
No seu primeiro discurso do Estado da Nação, Trump poderá fechar um capítulo e abrir outro. Mas não sem antes resolver o entrave do financiamento do Governo.
Com o segundo ano de presidência de Trump chega também o primeiro discurso do Estado da União. É tradição que todos os anos — exceto no primeiro do mandato — o presidente dos Estados Unidos se dirija ao Congresso e ao país para dizer em que termos está a união dos 50 estados. Este ano não vai ser exceção.
Este discurso cumpre o requisito expresso na Constituição norte-americana que diz que o presidente “deve, de tempo a tempo, fornecer ao Congresso informações sobre o Estado da União e recomendar à sua consideração as medidas que acha serem necessárias e expedientes“. O protocolo definiu então que, onde se lê “de tempo a tempo”, se deva ler “de ano a ano”.
Assim, o líder da maioria no Congresso tem de convidar formalmente o presidente, através de carta. O presidente aceita e define uma data e um tema. Ficou então definido que esta terça-feira, dia 30 de janeiro, às 21h00 — 02h00 de quarta-feira em Lisboa — Donald Trump falaria sobre “uma América segura, forte e orgulhosa”. E o que significam estas premissas? Tudo aponta para que sejam poucas novidades.
Depois dos impostos vêm as infraestruturas
Na semana passada, na reunião anual do Fórum Económico Mundial, Donald Trump fez questão de sublinhar todos os feitos deste primeiro ano: a reforma fiscal, o crescimento da economia, o desemprego recorde e o rally dos mercados. Deixou ainda aberta a porta ao diálogo com os parceiros comerciais, ao afirmar que a “América primeiro não é a América sozinha”.
É assim expectável que, seguindo as pistas da força e do orgulho, o presidente dirija o discurso pelo mesmo caminho. O plano fiscal será revisitado, os números do emprego serão novamente etiquetados como recordistas e os congressistas republicanos não cessarão os aplausos. Os acordos como o NAFTA e o TPP também não serão esquecidos.
Mas com a reforma fiscal riscada da lista de afazeres escrita quando ainda era candidato às presidenciais de 2016, Trump irá agora concentrar a sua atenção num pacote de investimentos nas infraestruturas de 200 mil milhões de dólares que pode vir a atingir os 1,8 biliões. É aí que se incluem estradas, pontes, aeroportos e o tão famoso muro na fronteira com o México.
Uma América que Trump diz segura passará pelo investimento na segurança nacional, tanto na construção do muro, como na restrição à imigração e aos imigrantes que já estão no país. É aqui que a barreira entre democratas e republicanos se tem constituído. A nuvem da paralisação do Governo por falta de orçamento anual continua a pairar sobre Washington — ainda que tivesse sido soprada por instantes pelo Senado no princípio do mês — e o entrave é ainda o programa de proteção dos Dreamers, os imigrantes ilegais que entraram no país quando eram menores.
Enquanto os liberais querem manter essa proteção, os republicanos preferem canalizar os fundos do DACA para as forças militares ou até para o muro. Espera-se então que Trump pressione o Congresso a tomar uma decisão em relação a este assunto, para que o plano de financiamento federal possa ser concluído, com quase cinco meses de atraso.
E será que é o que os norte-americanos querem ouvir?
E será que as linhas já escritas pelo presidente dos Estados Unidos coincidem com aquilo que os norte-americanos querem ouvir? Uma sondagem feita pelo Politico mostra que Trump acertou em metade. Assim, 59% dos inquiridos querem ouvir o presidente a falar sobre o sistema de saúde, enquanto 58% querem ouvir como o presidente tenciona melhorar a economia e criar mais emprego.
“A nossa sondagem revela que desenvolver a reforma do sistema de saúde é cada vez mais uma prioridade para os eleitores desde o último Estado da União do presidente Barack Obama”, aponta Kyle Dropp, analista da Morning Consult, a agência parceira do Politico. Para trás, os norte-americanos querem que se deixe a pobreza mundial, as alterações climáticas e a imigração ilegal.
Nas casas de apostas, também já se fazem previsões. No Predict It, uma plataforma que encontra na política um campo de apostas, já se ganha mais dinheiro se 42 milhões de pessoas assistirem ao discurso ou se Trump falar da Coreia do Norte. Por outro lado, os apostadores não estão nada seguros que Trump diga “fake news”, “amnistia” ou fale de Barack Obama.
Há também aqueles que nem sequer querem ouvir o presidente ou fazem questão de protestar de qualquer forma. Vários congressistas democratas já admitiram que vão boicotar este discurso em protesto. Outras congressistas afirmaram que vão vestir-se de preto em apoio ao movimento Time’s Up.
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