Miguel Pinto Luz: “Não quero o PSD como uma cópia do PS”
Esteve para candidatar-se mas recuou. O ex-líder da distrital de Lisboa e o número dois da câmara de Cascais avisa Rui Rio que os portugueses vão escolher o original caso o PSD se cole ao PS.
“Quando os portugueses tiverem de escolher não vão optar pela cópia, vão optar pelo original”. O recado foi deixado esta terça-feira por Miguel Pinto Luz, após ter divulgado uma carta em que questiona a estratégia do Rui Rio. Para o ex-líder do PSD/Lisboa o atual líder tem de clarificar a sua posição no congresso que se realiza de 16 a 18 de fevereiro. Pinto Luz — que foi lançado por Miguel Relvas como um dos nomes para o futuro — quer que o PSD seja um partido realista e deixe as discussões ideológicas de lado.
A moção de Rio podia ser colada ao PS.
“Não quero o PSD como uma cópia do PS porque quando os portugueses tiverem de escolher não vão optar pela cópia, vão optar pelo original“, afirmou Miguel Pinto Luz esta manhã no programa “10 Minutos” da SIC Notícias. Preocupado com o projeto político que os social-democratas vão apresentar aos eleitores, o número dois de Carlos Carreiras na câmara de Cascais critica o novo líder por ter sido demasiado generalista na sua moção de estratégia global. No congresso espera uma resposta de Rio.
Pinto Luz “teme” que o bloco central esteja em cima da mesa, recusa a ideia de um PSD como “partido muleta” e crítica o “discurso de recentramento” ideológico. “A moção de Rio podia ser colada ao PS”, considera, apontando o dedo a quem quer prender o PSD à ideologia. Para Miguel Pinto Luz o partido tem de ser “realista” para tratar dos problemas dos cidadãos. “Se não apresentarmos um projeto alternativo ao país, pouco resta para escolher”, resume.
Se não apresentarmos um projeto alternativo ao país, pouco resta para escolher.
A pensar em 2019, diz que “só há uma opção para o líder do PSD que é ganhar as eleições“, exigindo que Rui Rio vença as terceiras eleições legislativas consecutivas. Mas Pinto Luz recusa vir a estar nos órgãos nacionais que serão escolhidos no congresso dentro de uma semana, apesar de admitir que ponderou mesmo candidatar-se à liderança do partido. “Não tenho padrinhos, mas também não tenho afilhados”, garante, afastando a ideia de que com esta carta representa uma fação dentro do partido.
Esta segunda-feira Miguel Pinto Luz tornou pública uma carta que enviou a Rio onde faz sete perguntas e traça linhas vermelhas para a estratégia do novo líder. “O mandato agora conquistado não lhe permite viabilizar o próximo Orçamento do Estado“; “não lhe permite estabelecer contactos, ou encontros informais e discretos, com a liderança do Partido Socialista com o propósito de abordar a reedição do Bloco Central”; “também não lhe permite que o processo de descentralização seja aproveitado para fazer uma regionalização administrativa e opaca”; “nem abalar os pilares da política externa portuguesa construída com o determinante contributo do PSD”, elencou o social-democrata, pedindo a Rio que reveja a moção que leva ao congresso.
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