Negócio core da dona do Montepio gera perdas de 374 milhões de euros
O negócio da mutualista representou perdas de 374 milhões de euros depois de ter de assumir responsabilidades superiores a mil milhões de euros no ano passado, pressionando ainda mais o banco.
O negócio core da Associação Mutualista Montepio Geral continuou a representar perdas significativas em 2017. A instituição até conseguiu aumentar bastante as receitas com os associados. Mas aquilo que teve de pagar aos sócios aumentou ainda mais. Feitas as contas, a margem da atividade associativa apresentou uma perda de 373,8 milhões de euros, pressionando ainda mais o negócio da mutualista. Estes valores constam do relatório e conta que foi publicado esta quarta-feira no site da instituição.
A associação liderada por Tomás Correia aumentou os proveitos com associados em quase 50% para os 720,5 milhões de euros. Isto “fruto da dinâmica do relacionamento associativo obtido através da rede dedicada de gestores mutualistas e do contributo da rede de balcões da Caixa Económica Montepio Geral”, segundo já havia explicado na segunda-feira, num comunicado onde dava conta dos primeiros números das contas de 2017.
Mas o bom desempenho foi manifestamente insuficiente para cobrir os custos inerentes às responsabilidades com os associados. De acordo com os resultados individuais de 2017, apresentados esta quarta-feira, a maior mutualista do país teve de assumir responsabilidades no valor de 1.094 milhões de euros. Isto representa um aumento de 80% face a 2016.
Os proveitos com os associados dizem sobretudo respeito a subscrições de produtos mutualistas que são comercializados aos balcões do banco Caixa Económica Montepio. Já os custos com os associados referem-se às prestações que a mutualista tem de pagar aos subscritores dos seus produtos. E o facto de não ter conseguido gerar receitas suficientes para fazer face ao volume de reembolsos coloca pressão adicional ao negócio principal da mutualista, que tem vindo a perder associados e subscrições.
Em 2017, a base associativa do Montepio emagreceu em 1,5%, naquilo que traduz na perda de sete mil associados num ano particularmente sensível para o grupo. Fechou o ano passado com 625 mil associados. Em relação ao número de subscrições de modalidades, a mutualista registou uma quebra de quase 4%. Houve um aumento de novas subscrições, mas não compensou o fim de subscrições existentes.
Aliás, é neste ambiente operacional desafiante que o banco está a ser pressionado pelo seu dono para colocar nos clientes 970 milhões de euros em produtos mutualistas em 2018, num contexto de muitas dúvidas em relação à eficácia da supervisão destes produtos da parte do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
Sem contar com o efeito positivo dos ativos por impostos diferidos, a Associação Mutualista teve prejuízos de 220 milhões de euros.
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