Bruxelas usa Navigator como exemplo no combate a barreiras às exportações
A portuguesa Navigator denunciou obstáculos à exportação de papel para a Turquia e ajudou a Comissão Europeia a remover um número recorde de barreiras comerciais que prejudicavam empresas da UE.
A Comissão Europeia anunciou que removeu em 2017 um número recorde de barreiras comerciais que prejudicavam empresas da União Europeia que operam no exterior, tendo a comissária do Comércio dado como exemplo os obstáculos denunciados pela portuguesa Navigator.
O executivo comunitário publicou esta terça-feira o seu relatório anual sobre barreiras ao comércio e investimento, que revela que, no ano passado, Bruxelas garantiu a remoção, total ou parcial, de 45 obstáculos – o dobro de 2016 –, elevando para 88 o número de barreiras comerciais eliminadas desde a entrada em funções da “Comissão Juncker” (2014).
A Comissão aponta que, graças às barreiras eliminadas entre 2014 e 2016, no ano passado as empresas europeias puderam exportar um valor adicional de 4,8 mil milhões de euros, “o equivalente aos lucros de muitos dos acordos comerciais” da União Europeia.
Comentando os dados do relatório numa conferência de imprensa na sede do executivo comunitário, a comissária europeia do Comércio, Cecília Malmström, sublinhou que o documento se refere a 2017, pelo que ainda não inclui as recentes medidas protecionistas decididas pelos EUA.
Disse também que o protecionismo está a aumentar em todo o mundo, mas também a Comissão está a intensificar a aplicação estrita dos acordos comerciais, para assegurar que as empresas exportadoras europeias podem conduzir os seus negócios sem obstáculos injustos, dando então com exemplo o sucedido com a Navigator, que encontrou obstáculos às suas exportações para a Turquia.
“Um bom exemplo é uma empresa portuguesa chamada Navigator, que exporta produtos de papel para 123 países em todo o mundo, e a barreira que a empresa identificou e nos reportou não parecia muito dramática – era a Turquia a impor um regime de certificado de importação com base num preço mínimo –, mas a verdade é que afetou seriamente o comércio entre UE e a Turquia, com um impacto de cerca de 155 milhões de euros nas exportações, e ameaçou milhares de postos de trabalho, pelo que era grave”, apontou.
Segundo Malmström, devido aos esforços desenvolvidos pela Comissão Europeia, “a Turquia acabou por abolir esse regime, o que permitiu à Navigator, esta empresa de Portugal, como muitas outras empresas de papel, continuar a exportar para este mercado importante”, o que, sustentou, “mostra o quão importante é a aplicação da lei”.
Bruxelas sublinha ainda assim que foram identificadas em 2017 um total de 67 novas barreiras comerciais, elevando para 396 o total de barreiras em 57 diferentes parceiros comerciais de todo o mundo, “o que confirma a tendência protecionista preocupante identificada nos últimos anos”.
A China é o parceiro da UE onde existiam mais barreiras comerciais em 2017, seguida da Rússia, África do Sul, Índia e Turquia, observando Bruxelas que os nove países com um maior número de obstáculos comerciais “pertencem todos a economias do G20”.
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