Centeno: “Solidariedade sem precedentes” vai beneficiar Grécia “durante décadas”
A Grécia vai sair oficialmente do programa de ajustamento no dia 20 de agosto, mantendo-se sob um programa de monitorização por parte das instituições credores, que farão visitas trimestrais.
Está quase fechado o terceiro programa de ajustamento da Grécia. Depois de, a 22 de junho, os líderes do Eurogrupo terem chegado a acordo relativamente ao último resgate financeiro e às modalidades de saída do programa de ajustamento, Mário Centeno vem agora declarar o sucesso deste processo. O presidente do Eurogrupo afirma que “os gregos podem finalmente virar a página” e fala numa “solidariedade sem precedentes” por parte dos países da União Europeia, que irá beneficiar a Grécia “durante décadas”.
Mário Centeno estreou-se assim, enquanto presidente do Eurogrupo, numa sessão do Parlamento Europeu, que decorre esta tarde em Estrasburgo. A abrir o debate sobre a conclusão do terceiro programa de ajustamento económico da Grécia, o ministro das Finanças português começou por lembrar “os resultados positivos” deste programa. “Estes resultados são mérito dos gregos. Deverão ter um efeito duradouro no crescimento da economia, mas isso não seria possível sem os sacrifícios extraordinários dos cidadãos gregos e o esforço das autoridades gregas em modernizarem a economia”, afirmou.
“Foi uma solidariedade sem precedentes por parte dos países da União Europeia, que vai beneficiar a Grécia durante décadas“, prosseguiu o presidente do Eurogrupo.
Recorde-se que o valor total do terceiro programa de ajustamento será de 60,9 mil milhões de euros. Já na próxima semana, antecipou Centeno, a Grécia deverá receber a última tranche deste programa, no valor de 15 mil milhões de euros. Deste montante, 9,5 mil milhões vão servir para reforçar a almofada de liquidez, que deverá assim totalizar 24,1 mil milhões de euros. Com esse montante, será possível cobrir as necessidades de financiamento da Grécia dos próximos 22 meses. Os restantes 5,5 mil milhões de euros da última tranche a ser transferida servirão para pagar necessidades imediatas da dívida pública grega.
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Estes montantes foram acordados pelos responsáveis do Eurogrupo num encontro que terminou a 22 de junho. O acordo prevê ainda a extensão por dez anos da maturidade dos empréstimos feitos pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira à Grécia, bem como um período de dez anos durante o qual o país não pagará juros nem capital. Assim, a Grécia só começará a amortizar a dívida em 2033.
Na abertura do debate, Mário Centeno reconheceu que “todos gostariam que algumas coisas tivessem corrido de forma diferente”, mas está seguro do sucesso futuro da Grécia. O país vai sair oficialmente do programa de ajustamento a 20 de agosto e essa é “uma data para festejar”, sublinha. Após a saída do programa, a Grécia vai manter-se sob um programa de monitorização, que implicará visitas trimestrais para avaliação da evolução económica do país.
A implementação das reformas acordadas “vai demorar tempo”, acrescentou ainda o presidente do Eurogrupo, destacando, por outro lado, os “resultados impressionantes” já alcançados, sobretudo do lado orçamental, com a Grécia a conseguir um excedente primário de cerca de 4% nos últimos dois anos.
“A segurança social está a ser reforçada, o ciclo económico da Grécia está mais alinhado com o da Zona Euro, o setor financeiro é cada vez mais resiliente”, frisou Centeno. Tudo isto, diz, “são sinais de que a Grécia vai recuperar a confiança dos investidores.
Centeno garante ainda que “sair do programa significa sair do programa“, mas ressalva que a Grécia terá de ter várias preocupações nos próximos tempos. Desde logo, uma “política orçamental prudente”, assente em excedente primário, bem como uma melhoria da gestão do setor financeiro e um “mercado de trabalho flexível e aberto” e uma administração pública moderna”.
Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económico e Financeiros, também presente no debate no Parlamento Europeu, afirmou que a Grécia “retoma o caminho da normalidade e da autonomia passados oito longos anos”. O francês salientou ainda que o acordo alcançado com o Eurogrupo “oferece à Grécia margem de manobra suficiente para que o país continue a enfrentar os desafios”.
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