Atrasos e avarias nos comboios fazem disparar reclamações
Falta de investimentos na CP e na EMEF estão a complicar a vida aos utentes da ferrovia. Por via disso, as reclamações dispararam 64%, em 2017. Pedro Marques admite constrangimentos em algumas linhas.
Está complicada a vida para a CP- Comboios de Portugal. Avarias, falta de pessoal para reparar o material circulante e perturbações nos horários e no serviço prestado fazem parte do dia-a-dia da empresa e têm repercussões junto dos clientes. Perturbações que são, aliás, reconhecidas pela tutela.
Segundo escreve o Jornal de Notícias (acesso condicionado) esta quinta-feira, o número de reclamações não param de crescer. Dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes demonstram que o livro de reclamações da CP foi preenchido 3.856 vezes, durante o ano de 2017, o que representa um aumento de 64% face ao ano anterior. Mas este valor é ainda maior, caso a análise, seja feita comparando dados até 24 de julho de cada ano, com as reclamações a dispararem 111% em 2017 face a 2016. Já este ano as reclamações subiram 73%.
De resto, a própria CP admite que, em 2017, recebeu “um total de 24.365 reclamações”. Tudo somado leva aquele diário a avançar que a empresa está à beira da rutura.
Estas complicações na CP, acontecem ao mesmo tempo que o Ministério das Infraestruturas fez uma proposta de reprogramação do Portugal 2020 destinada a obter financiamento comunitário para a linha de Cascais. Segundo avança o Jornal de Negócios (acesso pago), a proposta para um financiamento de 50 milhões foi entregue a semana passada a Bruxelas, não devendo a resposta chegar antes do outono.
Pedro Marques admite perturbações em algumas linhas da CP
A linha de Cascais vai de resto ser condicionada durante o mês de agosto, esperando-se uma redução do número de comboios a partir de dia 5. Uma redução que o Governo refere que é “ligeira” e “sazonal”, adiantando que os horários serão repostos a 9 de setembro.
Em resposta a questões colocadas pela Lusa, fonte do gabinete do ministro do Planeamento e das Infraestruturas adiantou que a partir de 5 de agosto “entra em vigor um horário de verão, com uma ligeira redução da oferta”, ou seja, um “horário sazonal, como é prática corrente no setor dos transportes”.
Numa consulta realizada pela Lusa aos horários da linha de Cascais disponíveis no site da CP – Comboios de Portugal, é possível constatar que a partir daquela data os comboios deixam de circular de 12 em 12 minutos em hora de ponta, passando para uma frequência de 15 em 15 minutos.
“Em 9 de setembro serão repostos os horários atualmente em vigor”, garantiu a mesma fonte.
Na mesma resposta, o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas indica que a 5 de agosto entram igualmente em vigor “outros horários sazonais em diversas linhas da CP”, sem especificar quais.
Em relação a estas não é indicada uma data exata para a reposição dos horários atualmente em vigor, sendo garantida apenas a sua reposição nos meses de “setembro/outubro”.
Na terça-feira, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas reconheceu a existência de “perturbações” em algumas linhas da CP e avançou que, no caso da linha de Cascais, os horários a suprimir no verão serão repostos no início de setembro, não tendo, no entanto, indicado datas.
Tutela reconhece perturbações
“Há perturbações, com certeza que sim, não vale a pena dizer que não, temo-las na linha do Oeste, temo-las aqui na linha do Algarve, ou temos na linha do Norte, por razões diferentes”, reconheceu Pedro Marques, em Olhão, no âmbito de uma visita à região para assinalar a conclusão de um conjunto de obras de emergência realizadas na Estrada Nacional (EN) 125.
Questionado pelos jornalistas sobre a supressão de comboios, Pedro Marques esclareceu que, apesar de ainda não estar em vigor a prevista alteração de horários nos comboios na Linha de Cascais, as condições normais de circulação serão repostas no início de setembro.
Há perturbações, com certeza que sim, não vale a pena dizer que não, temo-las na linha do Oeste, temo-las aqui na linha do Algarve, ou temos na linha do Norte, por razões diferentes
“Ainda não tendo feita essa alteração relativa ao período estival, posso garantir que no início de setembro já estarão novamente operacionais esses horários que nós queríamos que continuassem”, frisou o ministro do Planeamento e das Infraestruturas.
O governante explicou que as perturbações nas linhas que ainda estão a funcionar a diesel estão relacionadas com o desgaste do material circulante, estando previsto o aluguer de mais material circulante a diesel e, no futuro, a aquisição de material bimodo, que serve tanto para as linhas eletrificadas como para as linhas a diesel.
O vice-presidente do CDS-PP Nuno Melo acusou na terça-feira o Governo de “desbaratar dinheiro a pensar já nas próximas eleições” e de deixar degradar “serviços essenciais” como o do setor dos transportes.
As acusações do também cabeça de lista do CDS-PP às próximas eleições europeias foram feitas na terça-feira de manhã durante uma viagem de comboio entre Cascais e Lisboa, realizada para “alertar para os problemas da ferrovia em Portugal, nomeadamente o envelhecimento do material circulante e o aumento das supressões de composições.
Na quinta-feira passada, uma comitiva de deputados socialistas que pretendia viajar de comboio entre as Caldas da Rainha e Lisboa, para exigir soluções para a linha do Oeste, viu-se forçada a fazer o percurso de carro, uma vez que o comboio em que pretendiam viajar foi suprimido.
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