Arranca hoje a laboração contínua na Autoeuropa. O que muda na fábrica do T-Roc?
O novo horário de 19 turnos entra em vigor a partir desta quinta-feira, embora ainda esteja a ser negociada a compensação para o trabalho aos domingos.
Os trabalhadores da Autoeuropa vão começar a trabalhar aos domingos, num novo horário de laboração contínua com 19 turnos, de forma a aumentar a produção do novo modelo da Volkswagen, o T-Roc. O novo modelo inclui três turnos aos dias da semana — manhã, tarde e noite — assim como dois horários, sem trabalho noturno, ao sábado e domingo.
Para já, a remuneração do domingo vai realizar-se como a de um dia normal do trabalho mas, a 4 de setembro, as negociações entre a administração da empresa e os trabalhadores são retomadas.
Os trabalhadores já contavam com o princípio deste novo horário, que foi implementado pela administração através de um comunicado enviado aos trabalhadores antes de negociação com a Comissão de Trabalhadores.
A empresa assegurou que, em contrapartida do princípio da laboração contínua, haveria a garantia de dois fins de semana completos, e ainda de uma folga semanal adicional. As duas folgas semanais serão consecutivas, acrescentou ainda a direção da empresa.
Como funcionam os pagamentos na laboração contínua? Neste período, os trabalhadores vão ter assegurado o pagamento do trabalho ao sábado a 100%, acrescido de mais 25% do prémio trimestral de produtividade.
No entanto, a Comissão de Trabalhadores quer mais, num caderno de encargos que pretende levar a negociação com a administração e que foi aprovado pelos trabalhadores. A CT exige que a Autoeuropa pague a 100% o trabalho realizado aos domingos. A administração terá alegado não ter disponibilidade para satisfazer esta reivindicação, pelo menos até final do ano em curso, pelo que os trabalhadores decidiram reclamar um prémio de 1.000 euros, que seria pago no início de 2019.
A aplicação da laboração contínua na Autoeuropa não tem sido um processo pacífico. No verão de 2017, há cerca de um ano, quando a empresa anunciou que pretendia alargar o horário de trabalho para cumprir as metas de produção do novo modelo T-Roc, a comissão de trabalhadores de então acabou por se demitir ao não conseguir aprovar qualquer acordo. Entretanto, já um segundo presidente da Comissão de Trabalhadores se demitiu, deixando o atual, Fausto Dionísio, com a difícil tarefa de negociar a compensação pela laboração contínua para uma fábrica que tem repetidamente reprovado, em votação, o trabalho aos fins de semana.
Num comunicado, a Comissão de Trabalhadores chegou a acusar a administração da empresa de querer condicionar as regalias adquiridas pelos trabalhadores a uma cláusula de denúncia, que poderia ser acionada face ao resultado das negociações anuais com os trabalhadores. “A empresa apresentou uma proposta de acordo, englobando o conjunto de garantias sociais que existem na empresa mas sujeitas a uma cláusula de denúncia. Ou seja, pretendia fazer depender de negociações anuais os transportes para os trabalhadores, a lavagem da roupa de trabalho, a política especial para grávidas, entre outros. Isto significaria abrir a porta à retirada de regalias coletivas que os trabalhadores têm direito”, refere o comunicado interno divulgado na quinta-feira pela Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa.
A administração rejeitou então estas acusações mas acabou por dar razão às preocupações dos trabalhadores ao referir, expressamente, a possibilidade de qualquer uma das partes denunciar o acordo sobre os benefícios sociais. “Nunca foi intenção da empresa cortar quaisquer benefícios sociais. Só se pode tratar de um mal-entendido que será esclarecido na próxima reunião de negociações”, escreveu então o representante dos Recursos Humanos, Jürgen Haase, em carta enviada hoje a todos os funcionários da fábrica de automóveis de Palmela.
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