Quase metade das empresas vai recrutar mais no próximo ano. Salários sobem acima da inflação

Estudo da Mercer analisa todos anos a intenção de recrutamento das empresas portuguesas. Antecipa mais contratações no próximo ano, à boleia da economia. E vê os salários a crescerem.

Há cada vez mais empresas a quererem contratar. Só este ano, 53% das empresas admitem recrutar novos colaboradores, sendo que a tendência vai manter-se no próximo ano, apesar de uma percentagem ligeiramente menor. A explicação está, segundo a Mercer/Jason Associates, no bom momento da economia nacional.

A intenção de recrutar mais colaboradores está a aumentar há três anos, de acordo com os dados do estudo “Total Compensation Portugal 2018”, realizado pela Mercer/Jason Associates, que analisa todos anos milhares de postos de trabalho e centenas de empresas do mercado português.

Se em 2017, 41% das empresas admitiam que queriam recrutar mais, este ano, com a amostra do estudo a chegar a 397 empresas (num total de 148.332 postos de trabalho, essa percentagem aumentou para 53% este ano.

Já a previsão para 2019 aponta para um ligeiro decréscimo: 48% de empresas demonstram intenção de recrutar mais pessoas. Ainda assim, a tendência de recrutamento tem-se mantido elevada. Por outro lado, 45% das organizações afirma que irá manter o número de colaboradores e 2% prevê a redução do seu número, em 2018 e 2019.

Economia dá confiança às empresas

Esta tendência de aumento do recrutamento verifica-se num contexto de crescimento da economia, o que oferece alguma visibilidade às empresas quanto ao futuro. Tiago Borges, responsável pela área de rewards da Mercer salienta que “em 2017, o PIB real cresceu 2,7%. Em 2018, as estimativas apontam para uma ligeira redução no crescimento, prevendo-se para 2019 uma estabilização nos 2% do crescimento económico em Portugal”.

“Este comportamento da economia tem contribuído para as melhorias verificadas na intenção de contratação de colaboradores por parte das organizações”, explica, o especialista, “o que tende a refletir-se na descida da taxa de desemprego de 9%, em 2017, para 7,7% em 2018, com uma previsão de 6,8% para o próximo ano”. Em julho, a taxa de desemprego era de 6,8%, a mais baixa desde 2002.

Salários mais altos. Aumentos superam a inflação

Com a economia a mostrar sinais positivos, a taxa de desemprego encolhe. E os salários? Vão aumentar, especialmente os de topo. O estudo da Mercer/Jason Associates aponta para atualizações acima da taxa de inflação estimada para 2019 (de 1,5%), isto depois de já terem subido 2% para quase todos os níveis de responsabilidade dentro das empresas.

“No que diz respeito aos incrementos salariais por níveis funcionais em Portugal, estes são influenciados por diversos fatores, sendo que as funções de maior nível de responsabilidade têm sido as mais penalizadas em fases de contração da economia, mas sendo também as que mais recuperam mais rapidamente em períodos de crescimento económico”, adianta.

 

Em 2018, os aumentos salariais variaram, em média, entre 1,37% (direção geral ou de administração) e 3,11% (quadros superiores) e o número de empresas que tem intenção de congelar salários diminui em 2019 para todos os grupos funcionais. Para o próximo ano, a atualização mais baixa será de 1,86% para os diretores gerais/administradores, chegando a 3,06% nos quadros superiores.

O salário-base anual dos recém-licenciados, no seu primeiro emprego, este situa-se tendencialmente entre os 14.000 e os 18.725 euros, diz a Mercer. Já o valor médio de subsídio de refeição, atribuído a cada colaborador, seja aos mais novos, seja aos quadros de topo, situa-se nos 171 euros por mês.

Além da remuneração mensal, o estudo revela que 88% das empresas também concede bónus à totalidade ou a parte da sua estrutura anual. E há mais complementos, sendo os planos médicos o benefício mais atribuído por parte das empresas participantes no estudo da Mercer — são cerca de 94% –, seguido da atribuição de viatura (91%), para uso total, e dias de férias extra (56%) aos colaboradores.

Quanto a outros benefícios, 53% atribui seguro de acidentes pessoais, cerca de 43% das empresas atribui um plano de pensões e 41% oferece complementos de subsídio de doença.

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