Mexia desvaloriza entrada de investidor ativista na EDP. E vai pagar a CESE?
Presidente da EDP diz que acionistas são livres de entrarem e saírem do capital da empresa. E vai pagar a contribuição especial sobre as elétricas? Ministro diz que está confiante que vai pagar agora.
António Mexia desvalorizou a recente entrada do fundo Elliot Management no capital da EDP, investidor conhecido por querer ter um papel ativo nas empresas. “Os acionistas são sempre livres de entrarem e saírem”, disse. O presidente executivo da EDP comprometeu-se ainda a pagar o imposto extraordinário sobre o setor elétrico (CESE) se ele for aplicado à redução do défice tarifário. Mas a EDP vai pagar mesmo? Mexia não respondeu de forma clara à pergunta, mas o ministro do Ambiente acredita que agora se encontram reunidas as condições para que as empresas energéticas passem a pagar a CESE.
Sobre o recente investimento do fundo abutre de Paul Singer, que adquiriu 2,3% do capital da EDP, António Mexia não receia que venha a desempenhar um papel mais ativo dentro da gestão da empresa. “Cada um faz o seu papel”, frisou o gestor à margem da assinatura de um contrato de financiamento de 60 milhões de euros entre a elétrica e o Banco Europeu de Investimento para a segunda fase do projeto Windfloat Atlantic, de produção de energia eólica na costa de Viana do Castelo.
“Estamos aqui de uma forma clara para defender os interesses da empresa, dos acionistas, dos trabalhadores e dos clientes. É essa a nossa missão. Sabendo o que temos de fazer, é fácil”, acrescentou ainda.
Mexia sobre a entrada do Elliot Management
Quanto ao pagamento da CESE (contribuição extraordinária sobre o setor energético), que a EDP e outras empresas do setor se tem recusado a pagar, António Mexia repetiu várias vezes que mantém a palavra de que vai pagar se se cumprirem os dois requisitos desse imposto (ser uma taxa transitória e cuja receita seja afeta à redução do défice tarifário).
“Quando os requisitos são cumpridos, nós cumprimos também. Quando toda a gente mantém a sua palavra, nós também mantemos a nossa palavra”, garantiu, sem responder de forma direta se a EDP iria finalmente pagar a CESE, tendo em conta que o Orçamento do Estado para 2019 prevê a afetação do imposto à redução do défice tarifário.
Mexia sobre a CESE
Minutos antes, e também à margem do mesmo evento, o ministro do Ambiente e da Transição Energética manifestou-se otimista em relação a esta matéria. “Temos a séria convicção de que estão criadas todas as condições para que a CESE possa ser paga a partir de agora, a partir do momento em que o Orçamento do Estado determina que uma parcela muito expressiva da receita da própria CESE é dedicada a reduzir o défice histórico do setor energética”, declarou João Matos Fernandes.
“Acreditamos que a proposta de Orçamento do Estado que foi apresentada pelo Governo é muito justa e não vejo nenhuma razão para que a CESE não seja paga a partir de agora”, sublinhou ainda o governante. “Com isso, ganham os consumidores, que vão ver a sua fatura reduzida. E ganha o próprio setor energético”, disse.
Matos Fernandes sobre a CESE
A CESE foi criada em 2014, quando o país atravessava uma grave crise financeira. O Estado previa arrecadar 655,4 milhões de euros até final de 2017, mas só veio a obter 317,4 milhões com este imposto. A Galp nunca pagou esta contribuição e a EDP recusou-se a pagar o imposto em 2017.
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