“Vou lutar para conseguir o melhor acordo para o Reino Unido”, diz Theresa May
Numa carta publicada no The Sun, Theresa May fala do acordo e promete que não vai dececionar os britânicos. Esta semana vai a Bruxelas negociar a declaração sobre a futura relação bilateral.
“Este é um passo decisivo para concretizar o Brexit que o povo britânico votou”, começou por escrever Theresa May, num artigo de opinião publicado no jornal britânico The Sun. Na próxima semana, no encontro com o Conselho Europeu e com os 27 Estados-membros da UE, a primeira-ministra do Reino Unido compromete-se a “lutar para conseguir o melhor acordo” para o país.
“Estou confiante de que será um acordo que funcione para todo o país e transmita o resultado do referendo histórico há dois anos”, referiu. Chegar até esta fase “não foi fácil” e foi preciso “tomar algumas decisões difíceis”. “Não as tomei de ânimo leve”, disse, acrescentando acreditar que o caminho que escolheu foi o “certo para o país”.
“As pessoas querem que o movimento livre termine — este acordo faz isso”, referiu. “Isso também significa que vamos recuperar o controlo do nosso dinheiro, através do fim dos vastos pagamentos anuais à UE, para que possamos ser nós a decidir como gastamos esse dinheiro, nas coisas que são mais importantes para nós”.
O acordo alcançado “deverá proteger os milhões de empregos no país que dependem de trocas comerciais de mercadorias entre fronteiras sem entraves. As nossas grandes empresas precisam de ser capazes de enviar facilmente produtos para dentro e fora da Europa. Os nossos exportadores de produtos alimentares precisam do mesmo. O nosso acordo deve dar-lhes o que precisam”, notou.
De forma a garantir que as empresas têm tempo suficiente para se prepararem para essa nova etapa, concordou-se que deve haver um “período de implementação que durará até ao final de dezembro de 2020, de forma a suavizar” a saída da União Europeia, “sem deixar isso arrastar-se para sempre”.
"Depois de dois anos de muito trabalho, chegámos agora àquilo que acredito firmemente ser o acordo certo para o Reino Unido. Se os deputados rejeitarem o acordo, eles simplesmente vão levar-nos de volta à estaca zero. Isso significaria mais divisão e mais incerteza.”
Para além disso, no mesmo artigo, Theresa May garante que “não existe uma fronteira rígida entre as duas Irlandas, o que vai permitir uma solução pacífica onde seja protegida e a vida das pessoas nessa parte do país, de modo a que possa continuar como antes”.
“Depois de dois anos de muito trabalho, chegámos agora àquilo que acredito firmemente ser o acordo certo para o Reino Unido. Se os deputados rejeitarem o acordo, eles simplesmente vão levar-nos de volta à estaca zero. Isso significaria mais divisão e mais incerteza”, escreveu a primeira-ministra britânica. “Não há plano alternativo em cima da mesa. Não existe uma abordagem diferente com a qual possamos concordar. O caminho que escolhi é o certo para o nosso país e é o único que funcionará”.
“O caminho diante de nós não é fácil, mas com determinação e trabalho árduo, sei que podemos fazer um acordo de interesse nacional. Um acordo que torna o Reino Unido mais seguro e próspero, cujos melhores dias estão por vir. Esse é o futuro mais brilhante que nos espera. Estou determinada a levar-nos até. Não vos vou dececionar”, rematou.
May vai a Bruxelas esta semana negociar futura relação com a UE
A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou este domingo que vai voltar a Bruxelas esta semana para negociar a declaração sobre a futura relação bilateral que acompanhará o acordo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
“Nada está acordado até que tudo esteja acordado”, sublinhou May numa entrevista à Sky News, pressionada pelo setor mais eurocético do partido Conservador para que volte para a mesa das negociações e modifique o acordo a que chegou sobre as condições do Brexit. “As equipas negociadoras continuam a trabalhar enquanto nós falamos”, disse May, que avançou que prevê viajar esta semana a Bruxelas e reunir-se com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Para May, esta será uma semana “crucial”, depois de uma semana “difícil” em que viu sair vários membros do seu Governo em desacordo com o rascunho de acordo para o Brexit aprovado pelo executivo.
Antes da cimeira extraordinária do próximo domingo, em que ambas as partes esperam selar o acordo do Brexit, May prevê mesmo assim falar com outros líderes europeus para avançar nas bases da futura relação entre ambos os lados do canal da Mancha, cujo texto definitivo só se começará a negociar depois do Brexit.
Questionada sobre a possibilidade de o acordo não superar uma votação no Parlamento britânico, a chefe do Governo disse que os deputados deverão avaliar o pacto depois de ter passado esta “semana crítica” durante a qual ainda ficam por fechar alguns “pormenores”. “Se se der o caso de o acordo perder (no Parlamento), então o Governo deverá voltar com propostas sobre quais são os próximos passos a seguir, mas ainda não chegámos a esse ponto”, afirmou.
May indicou que não tem informação de que o Partido Conservador tenha recebido até agora as 48 cartas necessárias para forçar uma moção de censura e assegurou que o grupo parlamentar a informaria caso isso acontecesse. “Tudo isto não é sobre mim, mas sobre o que é melhor para o país. Não me vou distrair do que é o trabalho mais importante durante esta semana crítica de negociações, alcançar um bom acordo final para o país”, sublinhou.
“Uma mudança de líder não tornaria as coisas mais fáceis para este país, nem mudaria a aritmética parlamentar, mas provocaria incerteza para os cidadãos e para os postos de trabalho”, alertou a primeira-ministra. A líder conservadora advertiu os mais eurocéticos do Partido Conservador, alguns dos quais lhe pediram para se demitir, de que iniciar um processo de primárias no partido aumentaria “o risco de que o Brexit fosse adiado ou frustrado”.
(Notícia atualizada às 12h55 com carta de Theresa May)
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