Dos melhores na saúde e infraestruturas, dos piores na estabilidade económica. Somos o 34.º país mais competitivo do mundo
Saúde e infraestruturas são as áreas em que Portugal obtém as melhores classificações no ranking global da competitividade. Estabilidade macroeconómica e dimensão do mercado de capitais são as piores.
Portugal é o 34.º país mais competitivo do mundo. O ranking abrange 140 países e os cálculos são feitos com base em 12 critérios, que vão desde as instituições e infraestruturas até à capacidade de inovação e dinamismo de negócios, passando pelo mercado laboral e pela adoção de tecnologias digitais. E se, na área da saúde e nas infraestruturas, Portugal está entre os melhores do mundo, na estabilidade macroeconómica e na dimensão do mercado de capitais o país cai vários lugares.
O ranking é elaborado pelo Fórum Económico Mundial, no “The Global Competitiveness Report“, que este ano alterou a metodologia para calcular quais os países mais competitivos do mundo. A nova classificação agrupa os 12 critérios em quatro grandes grupos: ambiente económico, capital humano, mercados e sistema de inovação. Nestes grupos, englobam-se os seguintes critérios: instituições, infraestruturas, adoção de tecnologias de informação e comunicação, estabilidade macroeconómica, saúde, competências, mercado de produto, mercado laboral, sistema financeiro, dimensão do mercado, dinamismo de negócios e capacidade de inovação.
A pontuação de Portugal difere em cada um destes indicadores. A área das infraestruturas, indicador que avalia a “qualidade e extensão das infraestruturas de transportes e de serviços, é aquela em que aparece mais bem classificado, no 19.º lugar do ranking. Mas é na saúde, onde se mede a esperança média de vida com boas condições de saúde, que consegue a pontuação mais alta, de 95 pontos num total de 100.
Por outro lado, é na estabilidade económica e na dimensão do mercado de capitais que Portugal se sai pior. Na estabilidade económica, o Fórum Económico Mundial avalia a evolução da inflação e a dinâmica da dívida (em 121% do PIB este ano), de forma a medir a sustentabilidade das finanças públicas. Aqui, Portugal é o 58.º do ranking, enquanto na dimensão do mercado de capitais ocupa o 52.º lugar.
Já a capacidade de inovação, que mede a quantidade e qualidade da investigação e desenvolvimento, bem como a forma como um país fomenta a colaboração, conectividade, criatividade e confronto de ideias, é a área em que o país obtém a pontuação mais baixa, de 53 pontos num total de 100.
Cada um destes 12 indicadores é composto por uma série de outros fatores e, em alguns deles, Portugal surge mesmo entre os primeiros do mundo. É o caso, por exemplo, da incidência de terrorismo, em que Portugal obtém a pontuação máxima (não regista qualquer incidência de terrorismo) e surge no primeiro lugar, juntamente com outros 23 países. Também partilha o primeiro lugar do pódio com outros países no que toca à taxa de eletrificação e à evolução da inflação.
De resto, está entre os melhores do mundo quanto à inexistência de barreiras fiscais no mercado de produto, a facilidade de recrutamento de trabalhadores estrangeiros e o enquadramento regulatório para as insolvências.
O que têm os melhores?
Com uma pontuação global de 70,2 pontos, Portugal fica acima da pontuação mediana do ranking, de 60 pontos. Mas fica vários pontos atrás dos cinco países mais competitivos do mundo: Estados Unidos (85,6 pontos), Singapura (83,5), Alemanha (82,8), Suíça (82,6) e Japão (82,5).
Os Estados Unidos surgem no pódio de sete dos 12 critérios para a elaboração do ranking. Ocupam o primeiro lugar no dinamismo de negócios, “graças à cultura empreendedora vibrante”, e ainda no mercado de trabalho e no sistema financeiro, “devido à sua profundidade, amplitude e relativa estabilidade”. Na dimensão de mercado, tem uma pontuação quase perfeita: 99,2 (ainda assim, atrás da China).
“Todos estes fatores contribuem para o ecossistema de inovação vibrante do país, fazendo com que seja um super inovador”, aponta o relatório. Questões como uma “malha social enfraquecida” e uma “deterioração da segurança” são aquelas que mais puxam os Estados Unidos para baixo.
Na Ásia, Singapura e Japão são os mais competitivos. No primeiro caso, a “abertura” é o ponto que mais contribui para a classificação no ranking daquele que é considerado um “hub do comércio global”. Também nas infraestruturas Singapura consegue uma pontuação quase perfeita, uma área onde o Japão também é líder. A infraestrutura digital “de primeira categoria” do Japão é outra das características que levam o país para o topo.
Já Europa, é a Alemanha quem se destaca e é na inovação que os alemães tomam a liderança, “resultado de uma performance forte nas patentes e nas publicações de investigação, da existência de instituições de investigação de topo e de um elevado nível de sofisticação dos compradores, o que leva as empresas a serem constantemente desafiadas pelos seus clientes a inovarem”.
Os inovadores baseados na Alemanha beneficiam ainda de um “setor de negócios vibrante” e de “fatores fundamentais muito sólidos, como um ambiente macroeconómico estável e uma população saudável, educada e altamente qualificada”.
Também a Suíça, “casa de grandes multinacionais que são muitas vezes líderes nos seus setores”, entra no lote dos “super inovadores”.
O que eles têm e nós não?
Portugal podia ser um país mais competitivo? Podia. Como? Se imitasse os melhores. Seríamos os primeiros se tivéssemos a percentagem de utilizadores de Internet da Islândia, um serviço de saúde igual a Espanha, uma oferta de comboios idêntica à da Suíça, o sistema judicial da Finlândia ou uma tolerância ao risco das startups semelhante a Israel. E há mais, muito mais.
Para assinalar os dois anos do ECO, olhamos para Portugal no futuro. Estamos a publicar uma série de artigos, durante três semanas, em que procuramos saber o que o país pode fazer, nas mais diversas áreas, para igualar os melhores do mundo.
Segundo o World Economic Forum, Portugal está em 34.º no ranking da competitividade de 2018. Vamos “visitar” os mais competitivos do mundo, nas mais diversas áreas, e tentar perceber “O que eles têm e nós não?”. Clique aqui para ver todos os artigos da série.
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