Fed sobe juros pela quarta vez este ano. No próximo, só espera dois aumentos
Powell concretizou a expetativa e aumentou a taxa diretora para entre 2,25% e 2,5%. No entanto, está menos otimista sobre o próximo ano e cortou a projeção do PIB para 2,3%. Wall Street afunda.
A Reserva Federal norte-americana subiu a taxa de juro de referência pela quarta vez este ano. A decisão anunciada esta quarta-feira por Jerome Powell, que já era antecipada pelos mercados, vai contra a vontade do Presidente da Administração dos EUA, Donald Trump, que lhe chamou de “tolice”.
O aumento de 25 pontos base na taxa diretora fixa o intervalo dos juros entre 2,25% e 2,50%, foi decidido de forma unânime na reunião de dois dias do banco central norte-americano, apesar do momento de instabilidade nos mercados financeiros.
Após a divulgação do comunicado, Wall Street começou a desvalorizar e aprofundou as perdas à medida que Jerome Powell falava aos jornalistas. O Dow Jones desvaloriza 2,06%, o Nasdaq tomba 2,79% e o S&P 500 perde 0,48%, no final da conferência de imprensa (às 20h15, hora de Lisboa).
“Informação recebida desde que o Comité Federal de Mercado Aberto se reuniu em novembro indica que o mercado de trabalho continua a fortalecer-se e que a atividade económica tem subido a um ritmo forte. Os ganhos no emprego têm sido, em média, fortes nos últimos meses e a taxa de desemprego mantém-se baixa”, justificou a Fed, em comunicado. Na conferência de imprensa, Powell sublinhou que o banco central não é suscetível a pressões como a de Donald Trump.
Apenas duas subidas dos juros em 2019 e menor expansão económica
No entanto, a Fed está menos otimista quanto ao crescimento económico dos EUA. O banco central liderado por Jerome Powell sinalizou que, em 2019, irá subir os juros duas vezes, face à anterior previsão de três aumentos. Ainda assim, no mapa de projeções da Fed é mais agressivo do que a expectativa do mercado, com os dados compilados pela Reuters a indicarem que os analistas esperam apenas uma subida no próximo ano.
A Fed reviu também em baixa as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano, antecipando um crescimento de 2,3% no próximo ano (menos 0,2 pontos percentuais que nas projeções de setembro), seguindo-se uma expansão de 2% e 1,8%, nos dois anos seguintes.
Para a taxa de desemprego — atualmente nos 3,7%, em mínimos de 49 anos — a projeção manteve-se nos 3,5% em 2019. No ano seguinte, deverá subir para 3,6% e, em 2021, para 3,8%. O banco central espera uma inflação de 2% este ano e 1,9% no próximo (0,1 pontos percentuais abaixo da projeção de setembro).
“O comité considera que novas subidas graduais do intervalo-alvo da taxa diretora será consistente com a expansão sustentada da atividade económica, as condições robustas do mercado de trabalho e a inflação próximo da meta de médio prazo do comité de 2%”, sublinhou, acrescentando que “os riscos para o outlook económico são equilibrados” e que continuará “a monitorizar os desenvolvimentos económicos e financeiros”.
“Importantes diferenças” não comprometem normalização
A Fed tem subido os juros para reduzir o estímulo dado pela política monetária à economia dos EUA, que tem expandido a um ritmo acima do que os decisores políticos consideram ser sustentável. No entanto, os mercados começam a sinalizar receios de desaceleração com o impulso dado pela reforma orçamental (de 1,5 biliões de dólares de Donald Trump) a perder força.
Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião, Powell explicou que o total de quatro subidas ao longo do ano (uma vez mais do que antecipado pelo próprio banco central no ano anterior) se deveu a um crescimento económico mais robusto que o esperado, “em parte devido ao estímulo orçamental adotado no início do ano”. Mas acrescentou que, quando a performance da economia for menos robusta que o esperado, o banco central está também pronto para desacelerar as subidas dos juros.
“Que época do ano será 2019? Pode não ser tão bom para a previsão como foi este ano. A história atesta que eventos imprevistos podem abalar a economia e mudar as decisões políticas hoje. Com essa ressalva, há duas diferenças importantes nas perspetivas políticas em relação ao próximo ano. No início de 2018, vimos uma trajetória crescente de crescimento. Hoje, em vez disso, vemos o crescimento a moderar no futuro“, sublinhou.
Apesar das mudanças, Powell considera que não há razões para alterar a estratégia de diminuição da folha de balanço, sendo que o banco central está atualmente a reduzir os ativos que comprou durante a crise em 50 mil milhões de dólares por mês. “Pensámos cuidadosamente sobre como normalizar a política e chegámos à conclusão de que teríamos efetivamente de conduzir a diminuição da folha de balanço em piloto automático e usar a política monetária de forma ajustada aos dados recebidos. Penso que foi uma boa decisão“, acrescentou.
(Notícia atualizada às 20h15)
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