Trump quer financiar muro com o México. EUA entram em ‘shutdown’ e 800 mil funcionários são afetados
Os serviços públicos americanos estão paralisados, o chamado 'shutdown', na sequência do falhanço de um acordo sobre o orçamento. Trump não abdica do muro com o México.
Mais de 800 mil funcionários federais serão afetados pela paralisação de serviços da administração norte-americana, num total de 2,1 milhões, isto depois da Câmara dos Representantes, Senado e o presidente Donald Trump terem falhado um consenso sobre o orçamento. Os Estados Unidos entraram no chamado ‘shutdown’. Esta é a terceira paralisação parcial em 2018, mas, desta feita, Trump garante que está disposto a manter o ‘braço-de-ferro’ para garantir fundos para construir um muro na fronteira com o México, uma das suas mais mediáticas promessas eleitorais.
A Câmara dos Representantes e o Senado dos EUA encerraram as suas sessões sem que republicanos e democratas alcançassem um acordo orçamental. Na quinta-feira, o Congresso parecia ter encontrado um consenso para financiar o Governo, sem incluir fundos para o muro, mas tudo mudou quando Trump assegurou que não assinaria a lei sem que fosse assegurada essa verba, no valor de 5,7 mil milhões de dólares (cinco mil milhões de euros).
Na ausência de acordo, ambas as câmaras do Congresso norte-americano deram por concluídos os trabalhos na noite de sexta-feira e voltaram a convocar os congressistas para uma nova sessão agendada para este sábado ao meio-dia (17h00 em Lisboa), já em pleno ‘shutdown’.
O Presidente dos Estados Unidos olha para estas negociações como a sua última oportunidade para obter fundos para a construção do muro na fronteira no sul do país, uma das suas bandeiras políticas em campanha para a Casa Branca, uma vez que em janeiro os democratas passam a controlar a Câmara dos Representantes (como resultado do último ato eleitoral de novembro, nas ‘midterm elections‘).
Donald Trump considera esta obra essencial para assegurar a proteção da fronteira com o México, contra imigrantes ilegais e o tráfico de droga. O Presidente norte-americano também chegou a avançar com a possibilidade de se usar o dinheiro remanescente do acordo comercial com o México para construir o muro, mas, entretanto, recuou para a sua posição inicial, defendendo que deve ser o Congresso a garantir a verba.
O impacto deste ‘shutdown’ na função pública americana é relevante: Espera-se que cerca de 380 mil pessoas sejam colocadas no desemprego técnico, incluindo 95% dos funcionários da NASA e do Ministério da Habitação, bem como 52 mil funcionários dos serviços fiscais, uma ‘contabilidade’ realizada pelos democratas.
Quase 420 mil funcionários do Estado que trabalham em serviços considerados essenciais, terão que trabalhar sem serem pagos imediatamente, segundo os democratas: 150 mil funcionários do Ministério da Segurança Interna, de que depende a polícia de fronteira e transporte, e mais de 40 mil elementos das forças de segurança, como a polícia federal (FBI), a agência antidrogas (DEA) e a administração penitenciária.
Se cerca de 75% dos departamentos federais têm orçamentos aprovados para vários meses e não terão um impacto imediato deste impasse, já os principais departamentos serão afetados, incluindo os de Segurança Interna, Justiça, Comércio, Transporte, Habitação, Tesouro e do Interior, que administra os parques nacionais muito visitados durante o período das férias, como é o caso do Grand Canyon.
Tendo por base a paralisação parcial de janeiro de 2018, também motivada por um desentendimento entre republicanos e democratas sobre a política de migração, a maioria dos parques deve permanecer aberta apesar da demissão técnica de 80% dos funcionários do Serviço Nacional de Parques que se deve traduzir no encerramento de muitos serviços de apoio aos visitantes, como lojas, restaurantes e sanitários.
A Estátua da Liberdade pode ficar inacessível: esteve fechada dois dias em janeiro, antes de o estado de Nova Iorque ter decido avançar para a sua reabertura, financiando o seu funcionamento com fundos estatais, com despesas na ordem dos 65 mil por dia. Já os principais museus do Smithsonian, em Washington, indicaram que podem ficar abertos até 01 de janeiro.
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