Ordem do Médicos desmente ministra da Saúde. Proposta de 500 euros à hora para anestesistas é “mito de Natal”
Segundo a Ordem dos Médicos, o Centro Hospitalar de Lisboa Central terá aberto um concurso para contratação de prestadores de serviços, por 39 euros à hora, e não 500 euros como disse a ministra.
A Ordem dos Médicos nega a existência de uma proposta por parte do Ministério da Saúde para contratar anestesiologistas por 500 euros à hora, como disse a ministra da Saúde, Marta Temido. E defende que essas notícias são “um mito de Natal”.
“Qualquer pessoa de bom senso, compreenderia que, se tal proposta existisse, num turno de 12 horas, quase triplicava o ordenado de um mês”, defende o bastonário da Ordem dos Médicos, em comunicado enviado esta quinta-feira às redações. Em declarações esta manhã à RTP3, Miguel Guimarães, sublinha que “os profissionais especialistas em anestesiologia no SNS, que estão no quadro, recebem um valor líquido que varia entre 8,32 e os 9,50 euros, consoante o regime seja de 35 ou 40 horas“.
Por isso, conclui, “se o valor oferecido fosse de 500 euros à hora não faltariam profissionais, fossem quais fossem, dispostos a trabalhar“.
O bastonário exige esclarecimentos às ministra da Saúde e desafia Marta Temido “a apresentar publicamente os documentos oficiais emitidos pelo Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) que comprovem as suas palavras ou, em alternativa, a dizer a verdade aos portugueses”, refere o mesmo comunicado. Além disso, pede “um desmentido tão público quanto o foram estas falsas notícias”.
Em causa estão as declarações da ministra, em entrevista à Sic, na qual confirmou que o valor pedido para viabilizar a contratação de médicos em regime de prestação de serviços era de 500 euros à hora. A polémica estalou depois de as urgências da Maternidade Alfredo da Costa terem fechado, na véspera e no dia de Natal, por ter apenas um anestesiologista de escala.
Segundo a Ordem dos Médicos, o Centro Hospitalar de Lisboa Central terá aberto um concurso para contratação de prestadores de serviços, por 39 euros à hora, valor que seria pago à empresa, não aos médicos especialistas (cujo valor por hora é sempre inferior ao que é pago à empresa). Miguel Guimarães revelou que “houve duas empresas que concorrem, uma ofereceu 38 euros e outra 37,75″, disse em entrevista na RTP3.
Perante a discrepância de 461 euros, a Ordem dos Médicos “reserva-se no direito de recorrer aos Tribunais dado o caráter ofensivo e indigno para os médicos como resultado das declarações proferidas”, refere o mesmo comunicado.
O Ministério da Saúde reiterou as declarações da ministra, num comunicado emitido ao final da manhã. A tutela esclareceu que o Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC) tentou contratar um anestesista junto de empresas prestadoras de serviços, para garantir escala da MAC a 24 e 25 de dezembro. E uma das respostas enviadas referia que os “vários especialistas contactados não estavam disponíveis para trabalhar pelos valores propostos (cujos valores de referência constam do despacho 3027/2018) e incluía ainda a disponibilidade de um anestesista mediante o pagamento de 500 euros por hora”. Esta foi aliás uma informação já avançada na quarta-feira pelo Polígrafo que fava conta deque se tratava apenas de um caso.
O comunicado do Ministério da Saúde frisa ainda que “foram feitos todos os esforços para garantir a segurança e qualidade dos cuidados de saúde prestados, articulados em rede com outras unidades hospitalares da região de Lisboa”.
(Notícia atualizada com a reação do Ministério da Saúde 12h19)
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