O que é que os Estados Unidos têm e nós não? Clusters

Os clusters em Portugal já percorreram um longo caminho nos últimos 20 anos. O país até já dá cartas a nível mundial. Mas ainda há muito por conquistar para chegar ao topo do pódio.

Foi em 1992 que o então ministro da Economia, Mira Amaral, encomendou um estudo sobre a competitividade da economia nacional a Michael Porter. As conclusões apresentadas pelo professor da Harvard Business School surpreenderam já que defendia a aposta nos setores tradicionais como o têxtil o calçado, declarados por muitos como moribundos.

Vinte e seis anos, Portugal tem oficialmente identificados 20 clusters de competitividade e os têxteis, o calçado, o vinho, o turismo e a agricultura continuam a integrar a lista. Mas também há apostas novas, que refletem a modernização e atratividade da economia nacional.

Os clusters das Smart Cities, das tecnologias de informação, da aeronáutica, espaço e defesa são a face da transformação geracional que está a ocorrer em Portugal e nas empresas nacionais. “O estudo de Porter introduziu a metodologia dos clusters, mas o Governo de António Guterres não ligou nenhuma e só uns anos depois se voltou a falar disso. Perderam-se muitos anos“, lamentou Mira Amaral, em declarações ao ECO. Na avaliação do ministro da Economia de Cavaco Silva “alguns cluster têm demonstrado uma performance excelente, nomeadamente o automóvel, calçado, vestuário e até metalomecânica”, mas “perderam-se muitos anos, Portugal poderia estar muito mais avançado”.

Por exemplo, o volume de negócios do setor aeronáutico em Portugal deverá atingir os 3% do Produto Interno Bruto (PIB) no espaço de cinco anos, segundo as previsões o general José Cordeiro, presidente da Associação Nacional de Aeronáutica, Espaço e Defesa (AED). Em declarações aos jornalistas, em maio, o responsável revelou que “o cluster representa cerca de 60 empresas, fatura 1,87 mil milhões de euros, o que corresponde a 1,2% do PIB, dando ainda emprego a 18.500 pessoas, sendo que 87% é exportação, o mercado interno é residual”.

No entanto, não há dados atualizados sobre o impacto que os clusters têm na economia nacional. Os mais recentes datam de 2013, quando a maior parte deles foi aprovado. Os valores globais para o conjunto dos clusters, à exceção do cluster do Turismo, davam emprego a cerca de 165 mil trabalhadores (menos de 2% da população), as empresas associadas geravam um volume de negócios de 44,7 milhões de euros e exportavam cerca de 15,1 milhões de euros, de acordo com os dados divulgados pelo IAPMEI, referentes a 2013 e com base nas informações fornecidas pelas próprias empresas aos clusters. Também era possível perceber que há cerca de 1.800 empresas associadas aos 20 clusters existentes em Portugal, cuja identificação ficou completa apenas em 2017.

Fonte: IAPMEI

O impacto esperado em termos económicos para o conjunto dos setores integrados nos clusters até 2020 era assegurar um crescimento de 23% nas exportações, de 17% no volume de negócios, de 25% no investimento em I&DT e ainda um crescimento do emprego de 12%.

O ECO sabe que o Executivo pretende dar um novo fôlego a estas plataformas que estabelecem melhores níveis de colaboração entre as empresas de determinado setor e os stakeholders locais. Inclusivamente, está a ser avaliada a possibilidade de organizar, no próximo ano, um encontro nacional de clusters.

As vantagens deste tipo de ecossistema de inovação são reconhecidas em todo o mundo já que organizam ações coletivas e reduzem os custos de transação, através da construção de interações e parcerias colaborativas entre as empresas e os seus parceiros. Mas o seu nível de desenvolvimento é díspar. Os dados do Fórum Económico Mundial, no “The Global Competitiveness Report“, revelam que Portugal está em 38.º em termos de desenvolvimento dos clusters, num ranking de 140 países. E qual é o exemplo maior? Estados Unidos, que lideram esta lista.

“As economias regionais são a pedra basilar da competitividade norte-americana. A capacidade da nação produzir serviços e produtos de elevado valor acrescentado depende da criação e fortalecimento de clusters regionais de indústrias que se tornam hubs de inovação”, defende o projeto de mapeamento dos clusters norte-americanos. “Os clusters aumentam a produtividade e fomentam a inovação juntando tecnologia, informação, talento especializado, empresas concorrentes, instituições académicas e outras organizações“, pode ler-se ainda na página do U.S. Cluster Mapping Project, uma iniciativa norte-americana que fornece mais de 50 milhões de dados de acesso livre sobre os clusters nos EUA.

“Os clusters existem onde as atividades económicas, num conjunto de indústrias relacionadas, numa determinada localização, atingem massa crítica. É nesta altura que as ligações locais começam a ter um impacto significativo no desempenho das empresas e surgem oportunidades importantes para colaboração local entre firmas e outras organizações”, explica ainda o mesmo projeto que é liderado pelo Instituto para Estratégia e Competitividade da Harvard Business School, em parceria com o Departamento de Comércio norte-americano. “Os clusters surgem naturalmente, dando ganhos de produtividade às empresas à medida que crescem. As empresas em clusters ganham acesso a fornecedores regionais especializados e instituições e também podem beneficiar de bolsas de trabalhadores altamente especializados e partilhar infraestruturas dedicadas às suas necessidades.”

E por oposição aos 20 clusters que existem em Portugal, nos EUA representam quase 70, dão emprego a cerca de 45 milhões de pessoas (quase 15% da população), com salários que rondam em média os 71 mil dólares (valores de 2016), mas que podem ascender aos 140 mil ao nível do serviços financeiros ou apenas a 29 mil dólares nas confeções.

Fonte: U.S. Cluster Mapping Project

A nível europeu também existe um observatório para os clusters, que inclusivamente desenvolveu testes de stress para a política de clusters dos vários Estados membros — a região centro foi alvo de um, tal como o Banco Central Europeu o faz para os bancos sistémicos. O objetivo é “ajudar os Estados membros e as regiões a conceber estratégias de especialização inteligente e de clusters que ajudem as empresas a desenvolver novas vantagens competitivas em indústrias emergentes através dos clusters e assim promover a indústria europeia”, especifica o Guia para a política dos clusters. Uma política que, naturalmente, não poderia deixar de ser desenvolvida com o apoio de fundos estruturais.

Mas apesar dos mais de 890 milhões de euros investidos nos clusters no anterior quadro comunitário, a conclusão foi de que era preciso continuar a investir nesta área.

Uma conclusão partilhada também pelos especialistas norte-americanos: “Os cluster não precisam de ser abandonados, mas antes repensados. Com um planeamento rigoroso, investimentos avultados e um empenho significativo da indústria, o desenvolvimento económico assente em clusters pode ser transformacional”, defendem Ryan Donahue, Joseph Parilla e Brad McDearman investigadores da Brookings Institution, num estudo de julho deste ano sobre a política dos clusters.

O Acordo de Parceria que Portugal assinou com a Comissão Europeia — onde são definidas as linhas mestras do Portugal 2020 — sublinha a necessidade de continuar a apostar na política de clusterização e corrigir alguns erros:

  • “Insuficiente quadro de acompanhamento e coordenação política da iniciativa de clusterização;
  • Excessivo enfoque no apoio a clusters e ações coletivas enquadradas no alinhamento tradicional dos principais setores exportadores;
  • Fraco envolvimento de agências públicas em ações coletivas;
  • Insuficiente expressão de ações coletivas para o empreendedorismo tecnológico e para a atração de IDE;
  • Insuficientes estímulos à prestação de serviços indutores de inovação comercial ou organizacional;
  • Excessiva atomização de incubadoras tecnológicas sem massa crítica (fragmentação do ecossistema de empreendedorismo).”

“O sucesso dos polos de competitividade e Internacionalização é fundamental para o futuro do país. É um objetivo que não se concretiza meramente por decreto. É fundamental que a sociedade civil agarre de forma convicta este desígnio e faça da criação destas ‘Novas Plataformas de Competitividade’ a verdadeira aposta estratégica coletiva para os próximos anos”, defende o economista Jaime Quesado, num artigo de opinião recente, publicado no Dinheiro Vivo.

O que eles têm e nós não?

Portugal podia ser um país mais competitivo? Podia. Como? Se imitasse os melhores. Seríamos os primeiros se tivéssemos a percentagem de utilizadores de Internet da Islândia, um serviço de saúde igual a Espanha, uma oferta de comboios idêntica à da Suíça, o sistema judicial da Finlândia ou uma tolerância ao risco das startups semelhante a Israel. E há mais, muito mais.

Para assinalar os dois anos do ECO, olhamos para Portugal no futuro. Estamos a publicar uma série de artigos, durante três semanas, em que procuramos saber o que o país pode fazer, nas mais diversas áreas, para igualar os melhores do mundo.

Segundo o World Economic Forum, Portugal está em 34.º no ranking da competitividade de 2018. Vamos “visitar” os mais competitivos do mundo, nas mais diversas áreas, e tentar perceber “O que eles têm e nós não?”. Clique aqui para ver todos os artigos da série.

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“Coletes amarelos” já falam em guerra civil em Paris. Mais de 180 pessoas detidas

  • Lusa e ECO
  • 1 Dezembro 2018

Apesar do controlo policial, os protestos dos "coletes amarelos" persistem. Os manifestantes queixam-se da tributação dos combustíveis e exigem a demissão de Emmanuel Macron.

Paris vive cenas de violência “raramente vistas”.

Os violentos confrontos entre “coletes amarelos” e a polícia começaram, este sábado, cedo junto ao Arco do Triunfo, em Paris, com utilização de gás lacrimogéneo e canhões de água. O primeiro-ministro francês, que se disse “chocado”, já adiantou que, até ao momento, foram detidas, pelo menos, 183 pessoas e cerca de 90 ficaram feridas. Os manifestantes dizem que, se for necessário, voltarão no próximo sábado.

O movimento dos “coletes amarelos” nasceu espontaneamente contra a pesada carga fiscal aplicada aos combustíveis, em França.

Pelo terceiro sábado consecutivo, os manifestantes saíram, esta manhã, à rua, tendo entretanto alargado as suas reivindicações. Queixam-se agora também da perda de poder de compra e da desilusão geral com o Executivo de Emmanuel Macron, chegando a exigir a demissão do Presidente francês.

Ao contrário da semana passada, este sábado, os Campos Elíseos estão completamente controlados pela polícia. Foram mobilizados cerca de cinco mil polícias para manterem a ordem.

Revistas, controlos de identidade e barreiras intransponíveis estão montadas em todas as ruas que dão à avenida.

Os cerca de 1.500 manifestantes, que não aceitaram submeter-se ao controlo da polícia, tiveram assim de se concentrar junto ao Arco do Triunfo, tentando forçar as barreiras. Foi aí que aconteceram, as cenas de “violência raramente vistas” relatadas pelo primeiro-ministro francês.

“No início da manhã de hoje, pessoas equipadas e determinadas (…) fizeram prova de uma grande violência”, sublinhou Édouard Phillippe. De acordo com o governante francês, a polícia foi atacada, tendo sido detidas, pelo menos, 183 pessoas. Cerca de 90 pessoas ficaram feridas.

Os confrontos iniciaram-se perto do Arco do Triunfo e prosseguiram durante a tarde em várias ruas e avenidas da capital gaulesa, muitas delas frequentadas por turistas. Os manifestantes chegaram a construir barricadas no meio das ruas, atearam fogos, atiraram pedras à polícia e graffitaram o Arco do Triunfo. Os ativistas do movimento “coletes amarelos” incendiaram ainda diversas viaturas e baldes do lixo.

De notar ainda que, este sábado, a maior parte das lojas optou por fechar portas e barricar as vitrinas – muitas ainda partidas desde a semana passada.

As ações de contestação estão a causar grande embaraço ao Governo francês, tendo corrido mundo as imagens de confrontos entre manifestantes vestindo coletes amarelos e a polícia, no passado sábado, na emblemática avenida dos Campos Elíseos.

Recorde-se que estes protestos também já chegaram a Bruxelas, Bélgica, onde centenas de “coletes amarelos” se manifestaram, na sexta-feira. Cerca de 70 pessoas foram detidas, nessa ocasião.

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E vão sete. Acordo do Brexit faz nova baixa no Governo de May

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2018

É a sétima baixa no Governo britânico motivada pelo acordo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. Demitiu-se o ministro da Ciência e Ensino Superior

O ministro da Ciência e Ensino Superior britânico, Sam Gyimah, demitiu-se, este sábado, por se opor ao acordo do Brexit proposto pela primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, noticiou o jornal The Daily Telegraph.

O deputado conservador, que defendeu a permanência na União Europeia (UE) no referendo de 2016, disse que o pacto acordado pelo Governo britânico com Bruxelas “fará o país mais pobre, menos seguro e mais frágil”, subtraindo a soberania na tomada de decisões.

Com este acordo, o Reino Unido dirige-se para o “fracasso”, já que cede a “sua voz, voto e veto”, sustentou. “O Reino Unido acabará pior, deixa de fazer as regras para obedecer”, escreveu o político, alertando que se trata de “um défice democrático” e “uma perda de soberania” que os cidadãos “nunca aceitarão”.

Esta é a sétima baixa no Governo britânico devido ao acordo, aprovado no último domingo pelos países da UE, que regulamenta a saída do Reino Unido do bloco europeu e define o futuro relacionamento bilateral.

Theresa May, que está a participar na cimeira do G20 na Argentina, tem a confiança de que irá conseguir apoio suficiente para o pacto, criticado tanto por apoiantes quanto por detratores do ‘Brexit’, antes de ser votado na Câmara dos Comuns a 11 de dezembro.

A chefe de Governo não revelou se tem um plano alternativo caso o texto seja rejeitado, o que abriria uma crise política com consequências imprevisíveis.

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Segurança Social falhou na análise das denúncias sobre a Raríssimas, diz relatório

  • ECO
  • 1 Dezembro 2018

Os inspetores concluíram que vários organismos do Ministério do Trabalho falharam na análise das denúncias que foram chegando entre 2014 e 2017 sobre a Raríssimas.

O relatório da Inspeção-Geral do Ministério do Trabalho e Segurança Social sobre o polémico caso Raríssimas concluiu que houve falhas de vários organismos dependentes do Ministério de Vieira da Silva na forma como lidaram com as denúncias sobre a instituição, recebidas entre 2014 e 2017. O conteúdo do documento foi revelado no programa da RTP Sexta às Nove e é, este sábado, citado pelo Público (acesso condicionado).

De acordo com o relatório inspetivo, na maior parte dos casos, os serviços pautaram por “critérios de adequabilidade e celeridade”, mas algumas das situações analisadas revelam o contrário. De notar que o Instituto de Segurança Social não fechou ainda a sua intervenção em algumas destas queixas, o que é está a ser agora dificultado pela investigação em curso pelo Ministério Público.

Foi a 10 de dezembro do ano passado que uma investigação da TVI revelou que a presidente da Raríssimas terá usado subsídios públicos em proveito próprio. Em causa está o alegado pagamento de despesas pessoais mensais de milhares de euros através de fundos da associação sem fins lucrativos. A investigação da TVI mostrou deslocações fictícias, a compra de vestidos de alta-costura, gastos pessoais em supermercados.

A primeira queixa sobre esta instituição tinha já chegado vários anos antes à Segurança Social, em março de 2014, datando as restantes denúncias já de 2017. No relatório agora divulgado pela tutela, os inspetores referem que, numa dessas situações, os serviços “foram morosos na resposta ao interessado e insuficientes na verificação e controlo da informação pedida à Raríssimas sobre a matéria, que se veio a revelar incorreta, com consequências lesivas para a fidedignidade da resposta dada”.

A Inspeção Geral nota também que a Segurança Social não revelou preocupação com o facto da Raríssimas não disponibilizar o seu relatório e contas no seu site, violando a lei, e de disponibilizar apenas parcialmente esse documento.

Sobre as despesas efetuadas pela Raríssimas, os inspetores concluem que a Segurança Social devia ter usado os instrumentos disponíveis para esclarecer o caso, uma vez que já tinha recebido várias queixas que apontavam para a ausência de justificação para esses gastos.

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Início do ano letivo leva a diminuição de quatro mil funcionários públicos

Em julho, havia 671.082 funcionários públicos. Administração central cortou, enquanto os municípios contrataram no terceiro trimestre do ano.

O emprego nas administrações públicas caiu para 671.082 postos de trabalho, no fim do terceiro trimestre do ano. A mudança do ano letivo é a razão para a quebra de mais de quatro mil de funcionários públicos, em comparação com o segundo trimestre de 2018. Esta é a primeira diminuição no número total em mais de um ano e três meses.

Em comparação com o final de junho, o emprego nas administrações públicas diminuiu 4.045 postos de trabalho, ou seja 0,6%, “em resultado da quebra do emprego da Administração Central (menos 6.505 postos de trabalho correspondente a uma variação de -1,3%)”, de acordo com a Síntese Estatística do Emprego Público (SIEP), divulgada esta sexta-feira.

Os Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior apresentam o maior contributo para a quebra de emprego (menos 7.050 postos de trabalho no conjunto), “refletindo a atividade de mudança de ano letivo com os processos de colocação dos docentes contratados nos estabelecimentos de ensino básico e secundário e de ensino superior e dos técnicos superiores para as atividades de enriquecimento curricular (AEC) no ensino básico e secundário, geralmente ainda a decorrer no final do terceiro trimestre”.

Administração Local contratou mais

Já no Ministério da Saúde, a redução no emprego refletiu a mudança de estatuto do Centro Hospitalar do Oeste, que passou de Instituto Público para Entidade Pública Empresarial integrada no conjunto do Setor Empresarial do Estado.

Em sentido contrário, verificou-se um aumento trimestral do emprego na Administração Local (2,1%). Os municípios empregaram mais 1.878 funcionários, devido essencialmente ao crescimento dos “postos de trabalho ocorrido nas carreiras de assistente operacional, assistente técnico e técnico superior, em consequência do processo de regularização extraordinária de vínculos precários na Administração Local”.

Face ao período homólogo, o emprego no setor das Administrações Públicas aumentou cerca de 1,6%, o que representa um aumento de 10.365 postos de trabalho.

Remuneração média nos 1.710 euros

O valor da remuneração base média mensal dos trabalhadores a tempo completo no setor das administrações públicas situava-se em cerca de 1.461,6 euros. O montante corresponde a uma variação global média de menos 0,2% em relação ao mês de referência do trimestre precedente (abril).

Na comparação homóloga, registou-se uma subida de 0,2%, “por efeito conjugado da entrada e saída de trabalhadores com diferentes níveis remuneratórios, da atualização do valor da Retribuição Mínima Mensal Garantida e da aplicação do processo faseado de descongelamento de carreiras, progressões e promoções”, de acordo com a síntese.

O ganho médio mensal nas administrações públicas foi estimado em 1.710,1 euros, indiciando uma variação global no trimestre de 0,3%, e uma variação homóloga de 1,4%, pelos mesmos motivos referidos para a remuneração base média mensal, a que acresce o aumento do subsídio de refeição.

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CMVM faz mira a jogadores do Sporting. Atletas têm de provar investimento

  • ECO
  • 1 Dezembro 2018

O regulador do mercado está a verificar se os jogadores que apelaram à participação no empréstimo obrigacionista do Sporting efetuaram mesmo as compras que mencionaram.

Os jogadores e ex-jogadores leoninos que anunciaram o seu apoio público e subscrição de obrigações na Oferta Pública de Subscrição “Sporting SAD 2018-2021” vão ter de provar que concretizaram efetivamente esse investimento. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está a verificar se os atletas que apelaram à compra realizaram a aquisição em causa, sob pena de o regulador poder considerar estar em causa “manipulação de mercado”, avança o Expresso (acesso pago), este sábado.

Este é um procedimento normal, que procura garantir a coerência entre o apoio público e a realidade. Entre os atletas que se colocaram na mira da CMVM, estão Jefferson, Nani, Rui Patrício e William Carvalho.

Além destes, contam-se ainda outros jogadores, ex-jogadores e figuras públicas que assinaram um manifesto apelando à participação no empréstimo obrigacionista, que ficou marcado pelo lema “o Sporting precisa de todos”.

Para verificar a coincidência desses apelos com a realidade, basta agora à CMVM passar a pente fino o registo das subscrições concretizadas, uma vez concluída a oferta (terminou a 22 de novembro). Caso esteja em causa uma infração, o regulador pode, no limite, punir os visados aplicando uma pena de prisão ou multa.

Recorde-se que o período de subscrição desse empréstimo obrigacionista arrancou a 12 e terminou a 22 de novembro. Com esta operação, o clube de Alvalade encaixou 25,9 milhões de euros, montante que serviu para reembolsar uma outra emissão, que venceu a 26 de novembro.

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Energia, banca, saúde e imobiliário têm sido apostas de Pequim em Lisboa

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2018

Da saúde à banca, passando pela energia e pelo imobiliário, os empresários sínicos têm feito múltipas apostas no mercado português, usando o país como porta de entrada para a Europa.

As empresas chinesas aproveitaram o arranque das privatizações em Portugal para investir em setores como energia, banca, seguros ou imobiliário, com o país a servir de porta de entrada para a Europa e países de língua oficial portuguesa.

A primeira privatização a arrancar, durante o governo de Pedro Passos Coelho, foi a da EDP, em dezembro de 2011, com o anúncio da venda de 21,35% da elétrica portuguesa à China Three Gorges (CTG), por 2,69 mil milhões de euros. Entretanto, este ano, em 11 de maio, a CTG anunciou uma oferta pública de aquisição (OPA) voluntária sobre o capital da EDP, processo que ainda está em curso.

No entanto, a administração da EDP, liderada por António Mexia, tem recomendado aos acionistas que não aceitem a oferta – de 3,26 euros por ação –, por considerar que esta não reflete adequadamente o valor da elétrica.

Depois da EDP, em fevereiro de 2012, foi a vez da venda da REN, com os chineses da State Grid a ficarem com 25% do capital, pagando 387 milhões de euros pela posição na empresa gestora das redes energéticas nacionais.

Posteriormente, a chinesa Fosun comprou a seguradora Fidelidade e a Luz Saúde (antiga Espírito Santo Saúde), alargando os seus investimentos à banca portuguesa. Atualmente, é acionista de referência do BCP, detendo 27,06% da instituição financeira.

Também na banca, destaque para o Haitong Bank, que em 2015 concluiu a compra do banco de investimento português BESI, e, mais recentemente, o Banif – Banco de Investimento foi comprado pela Bison Capital Financial Holdings (Hong Kong) Limited, passando a chamar-se Bison Bank.

Na aviação, o conglomerado chinês HNA detém uma participação na Atlantic Gateway, consórcio que detém 45% da TAP. O Estado português é dono de 50% da companhia, estando os restantes 5% do capital nas mãos dos trabalhadores.

O investimento chinês também está presente nos media, nomeadamente na Global Media (GMG), dona do Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), TSF e Dinheiro Vivo, entre outros.

Em novembro do ano passado, o empresário de Macau Kevin Ho, através da KNJ Investment, concretizou a entrada na GMG, passando a deter uma posição de 30%, num investimento de 15 milhões de euros.

Entre outros investimentos chineses em Portugal, destaca-se a inauguração, em fevereiro de 2012, do centro tecnológico da Huawei (empresa de telecomunicações) em Lisboa, que representou um investimento de 10 milhões de euros, que se juntou aos 40 milhões de euros que a multinacional chinesa tinha investido no mercado português.

Além disso, também no início de 2012 o Banco Internacional e Comercial da China (ICBC) abriu o seu primeiro escritório em Portugal, mais precisamente em Lisboa.

Um ano depois, foi a vez do Bank of China escolher a capital portuguesa para abrir um escritório e um balcão de atendimento.

O setor imobiliário é igualmente uma aposta da China, com os chineses a liderarem, por nacionalidades, os vistos gold em Portugal.

Em seis anos – desde que o programa de Autorização de Residência para atividade de Investimento (ARI) foi lançado, em outubro de 2012, até ao mês passado – foram atribuídos 3.981 vistos ‘gold’ a cidadãos chineses.

O investimento de origem chinesa também se estende ao mundo desportivo, nomeadamente clubes de futebol.

O Presidente chinês, Xi Jinping, realiza uma visita oficial a Portugal entre 04 e 05 de dezembro, após participar na cimeira do G20.

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Pequim lidera obtenção de vistos gold

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2018

A China é, de longe, o país que mais tem utilizado os vistos gold para investir por cá. Nos últimos seis anos, Portugal captou por esta via 2.281 milhões de euros.

O investimento chinês captado em seis anos de atribuição de vistos gold totalizou em outubro 2.281 milhões de euros, mais de metade do total angariado no período, de acordo com dados dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Em seis anos – o programa ARI foi lançado em outubro de 2012 –, o investimento acumulado totalizou 4.078.353.443,74 euros, com a aquisição de bens imóveis a somar 3.697.685.750,26 euros. A transferência de capital totalizou 380.667.693,48 euros.

Neste período, o investimento oriundo da China totalizou 2.281.276.471,49 euros, ou seja, mais de metade (55%) do total, tendo sido atribuídas 3.981 Autorizações de Residência para atividade de Investimento (ARI).

A China é, de longe, o país que mais tem utilizado este instrumento para investir em Portugal, seguida do Brasil, que em seis anos investiu 497.119.466,60 euros, num total de 608 vistos gold.

O investimento sul-africano ocupa o terceiro lugar, no ‘ranking’ por nacionalidades, com 165.469.876,59 euros, tendo sido atribuídos 265 ARI.

A Rússia, com um investimento de quase 160 milhões de euros (232 ARI), e a Turquia, com 144 milhões de euros (264 vistos), ocupam o quarto e quinto lugar, respetivamente.

Já nos primeiros 10 meses deste ano, o investimento chinês totalizou quase 220 milhões de euros (393 ARI), o brasileiro somou 110 milhões de euros (135 ARI), a Turquia investiu quase 83 milhões de euros (157), seguida da África do Sul (26 milhões de euros e 47 vistos) e do Vietname (22 milhões de euros e 44 ARI).

Desde a criação deste instrumento, que visa a captação de investimento, foram atribuídos 6.687 ARI: dois em 2012, 494 em 2013, 1.526 em 2014, 766 em 2015, 1.414 em 2016, 1.351 em 2017 e 1.134 em 2018.

Até outubro, em termos acumulados, foram atribuídos 6.320 vistos ‘dourados’ por via da compra de imóveis, dos quais 215 tendo em vista a reabilitação urbana. Por requisito da transferência de capital, os vistos concedidos totalizam 355 e foram atribuídos 12 por via da criação de, pelo menos, 10 postos de trabalho.

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Maior acionista do BCP “muito satisfeito” com atividade em Lisboa e otimista sobre desenvolvimento do país

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2018

“A Fosun é e será sempre otimista em relação ao desenvolvimento económico e social” de Portugal, diz o responsável do principal acionista do BCP.

O grupo chinês Fosun, que em Portugal detém a Fidelidade e é o principal acionista do BCP, promete continuar a potenciar recursos para o seu portfólio de empresas portuguesas e está otimista em relação ao desenvolvimento do país.

Em declarações escritas à agência Lusa em vésperas da visita do Presidente chinês a Portugal, o senior vice-president do grupo Fosun afirmou que a “Fosun é e será sempre otimista em relação ao desenvolvimento económico e social” de Portugal.

Li Haifeng disse que, quatro anos e meio depois do seu primeiro investimento em Portugal (a seguradora Fidelidade), a Fosun “está muito satisfeita com a sua atividade” no país.

“A Fidelidade está a ter um bom desempenho, especialmente no que diz respeito a indicadores-chave, como a quota de mercado, os ativos líquidos, o retorno de investimento e os negócios internacionais. No caso do Millennium BCP [onde detém 27,06% do capital], a sua capitalização bolsista aumentou aproximadamente 85% em menos de dois anos e, graças ao apoio da Fosun, o banco assinou um acordo com a UnionPay International, tornando-se o primeiro distribuidor não-chinês de cartões UnionPay na Europa (com exceção da Rússia)”, detalhou.

O responsável disse também que o investimento da Fidelidade na Luz Saúde “está a correr bem, com uma contínua expansão da empresa e a consolidação da sua liderança nos sistemas de saúde privados”.

A Fosun “é um investidor de longo-prazo e continuará a apoiar as empresas do seu portfólio com o crescimento da China e os seus recursos globais”, disse o ‘senior vice-president’ do grupo.

Questionado pela Lusa sobre a estratégia do grupo para o futuro em Portugal, Li Haifeng afirmou que a Fosun “continuará a potenciar recursos para o seu portfólio de empresas Portuguesas, abrindo-lhes a porta a oportunidades globais”, sem concretizar.

O responsável salientou que o facto de a Fosun ter estabelecido uma relação com o país quando este “passou por momentos difíceis, demonstra” que “é e será sempre otimista em relação ao desenvolvimento económico e social do país”.

“A Fosun está também confiante no que diz respeito ao papel positivo dos investidores chineses no futuro de Portugal”, disse, salientando que o grupo “é um investidor de longo-prazo e continuará a apoiar as empresas do seu portfólio com o crescimento da China e os seus recursos globais”.

A Fosun tem sede em Xangai e investimentos em múltiplos setores, como saúde, turismo, moda, imobiliário e banca. Destaca-se a propriedade de empresas reconhecidas como Club Med, Thomas Cook e Cirque du Soleil.

O Presidente chinês, Xi Jinping, realiza uma visita oficial a Portugal entre 04 e 05 de dezembro.

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Empresa familiar de mármores já vende 3 milhões por ano para Pequim

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2018

O mercado chinês representa cerca de 30% do volume de negócios da Mocapor, valor que a empresa espera vir a superar em 2019.

A Mocapor, empresa familiar de mármores de Alcanede, entrou na China em 1998, mercado que atualmente representa 30% do volume de faturação, o equivalente a três milhões de euros, disse à Lusa o responsável pela área de gestão.

“O mercado chinês representa cerca de três milhões de euros por ano. É um mercado no qual nós, se quiséssemos, conseguiríamos crescer […] Não queremos estar completamente concentrados neste mercado. Vendemos aquilo que queremos para o mercado chinês”, disse o responsável pela gestão e área comercial da empresa de mármores, Francisco Luís, em declarações à Lusa.

A relação da empresa do distrito de Santarém com o mercado chinês data de 1998, ano em que foi abordada pelos próprios empresários asiáticos. “Já tinham visto os nossos materiais. Existe uma feira anual em Verona [Itália] onde as empresas estão expostas. Paris é a capital da moda, assim como Itália é a capital da moda da pedra”, contou.

Porém, segundo o responsável, apesar de a China não ser um mercado fácil, está atento à concorrência. “Se um potencial cliente vir um produto novo, não é fácil fazer com que ele compre, mas se eu disser: ‘atenção que está aqui uma outra empresa que também me está a comprar’, então é mais fácil de convencer o cliente”, exemplificou.

O mercado chinês representa cerca de 30% do volume de negócios da Mocapor, valor que a empresa espera vir a superar em 2019. “Tem havido a procura de alguns produtos que, até este momento, não eram tradicionais para o mercado chinês, o que me deixa antever que o próximo ano vai ser de igual crescimento e até pode vir a atingir valores superiores aos registados, porque as condições económicas e as perspetivas de trabalho [na China] são, francamente, positivas”, referiu.

Em causa, está a compra de mármores em tons mais escuros, tendência que era, tradicionalmente, reservada aos mercados europeu e americano.

Criada há mais de 30 anos, a empresa de génese familiar está também presente em países como a Austrália, França, Itália, Alemanha, Estados Unidos, Colômbia, Brasil e Rússia. Atualmente a Mocapor tem sete explorações próprias, desenvolvendo o processamento e transformação da matéria-prima até ao produto final.

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Exportações de bens portugueses para Pequim caíram 17% até setembro

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2018

Nos primeiros nove meses do ano, as exportações portuguesas para a China encolheram 17%, fixando-se nos 512,7 milhões de euros. A contrastar, as importações de bens chineses subiram 11,9%.

As exportações de bens portugueses para a China caíram 17% até setembro, face a igual período de 2017, para 512,7 milhões de euros, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Em igual período, as importações de bens chineses subiram 11,9%, para 1.737,3 milhões de euros, o que corresponde a um saldo da balança comercial negativo para Portugal em 1.224,6 milhões de euros. No final de setembro, a China era a 13.ª cliente de Portugal e a sexta fornecedora.

No ano passado, as exportações de bens para Pequim totalizaram 841,7 milhões de euros, uma subida de mais de 24% face ao ano anterior, com as importações a aumentarem 12,7% para 2.051 milhões de euros.

Em 2017, o número de empresas exportadoras portuguesas para Pequim totalizava 1.451, mais 71 do que um ano antes. Em 2013 havia 1.111 operadores económicos portugueses a vender bens para aquele mercado. Segundo dados do ano passado, Portugal era o 58.º cliente da China e o seu 63.º fornecedor.

Os cinco principais produtos vendidos para a China até setembro foram: veículos e outro material de transporte; minerais e minérios; pastas celulósicas e papel; máquinas e aparelhos; e alimentares.

Nos primeiros nove meses deste ano, as exportações de veículos e outro material de transporte caíram 30% para 114,3 milhões de euros, representando 28,2% do total das vendas a Pequim.

As exportações de minerais e minérios recuaram 22,6% (para 54,7 milhões de euros), as de pastas celulósicas e papel diminuíram 29,2% (54,3 milhões de euros), as de máquinas e aparelhos desceram 7,5% (52,3 milhões de euros) e as alimentares baixaram 28,8% (43,7 milhões de euros).

Em igual período, os principais produtos importados da China foram máquinas e aparelhos (peso de 35,4%), metais comuns (8,9%), materiais têxteis (8%), químicos (6,2%) e agrícolas (5,3%).

Até setembro, as compras de máquinas e aparelhos provenientes de Pequim totalizaram 615,4 milhões de euros, uma subida de 9,4%, seguida dos metais comuns, que aumentaram 12,2% para 155,4 milhões de euros, e as de materiais têxteis, que cresceram 27% para 139,2 milhões de euros.

As importações de químicos cresceram 17,7% para 107,6 milhões de euros, enquanto as de produtos agrícolas recuaram 3,5% para 91,7 milhões de euros.

No que respeita à balança comercial de serviços de Portugal com a China, as exportações alcançaram no ano passado 229,7 milhões de euros, uma subida de 16,6% face ao ano anterior, e as importações avançaram 15% para 300,6 milhões de euros, o que representou um saldo da balança negativo de 70,9 milhões de euros para Lisboa.

Em 2017, as exportações de bens e serviços de Portugal para a China totalizaram 1.057 milhões de euros, uma subida de 22,9% face ao ano anterior, e as importações aumentaram 13,6% para 1.982 milhões de euros, um saldo da balança negativo para Lisboa em 925 milhões de euros.

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Eduardo Catroga: “A consolidação orçamental é de fraca qualidade em termos estruturais”

O antigo ministro das Finanças do PSD considera que a consolidação orçamental que está a ser levado a cabo pelo atual Governo é de fraca qualidade e assente num sistema fiscal cheio de "remendos".

Eduardo Catroga lançou “farpas” ao processo de consolidação orçamental levado a cabo pelo atual Governo. O antigo ministro das Finanças do terceiro e último governo de Cavaco Silva, considera tratar-se de um processo “de fraca qualidade em termos estruturais” e assente numa política fiscal cheia de “remendos”.

A posição do antigo governante foi defendida no ECOfin, um ECO Talks especial dedicado ao segundo aniversário do ECO, que contou ainda com a presença de dois outros antigos ministros das Finanças como oradores — Jorge Braga de Macedo e Fernando Teixeira dos Santos — num evento que teve como objetivo debater o atual estado do país e as opções de política económica e orçamental, bem como as oportunidades e desafios de Portugal no contexto europeu.

Eduardo Catroga foi um dos oradores presente no ECOfin especial que se realizou na Nova SBEHugo Amaral/ECO

Questionado sobre o processo de consolidação orçamental que decorre em Portugal, Eduardo Catroga diz que “o grande esforço de consolidação orçamental foi feito entre 2011 e 2015“, ocasião em que Pedro Passos Coelho liderava os destinos do país. Refere ainda que aquilo que está a ser levado a cabo pelo atual governo socialista é “uma reconsolidação orçamental” para a qual aponta várias críticas.

“É evidente que tem havido um processo de ajustamento orçamental que era necessário”, começa por reconhecer, acrescentando que “foi positivo o ministro das Finanças, Mário Centeno, ter interiorizado que tinha de cumprir a trajetória imposta pelos mercados e pelos parceiros, no âmbito das obrigações orçamentais do país”.

"Apesar de estarmos a caminho de um défice zero, a receita total sobe mais de 4%, a despesa pública total sobe cerca de 3,5% e aumenta-se a despesa pública corrente primária em 2.500 milhões de euros, é à custa de um maior agravamento de impostos e de receitas não recorrentes: dividendos do Banco de Portugal, receitas extraordinárias, etc.”

Eduardo Catroga diz, no entanto, que o atual Governo está a levar a cabo “uma consolidação orçamental de fraca qualidade em termos estruturais”. E prevê que tal “vai refletir-se na competitividade futura”.

E explica: “apesar de estarmos a caminho de um défice zero, a receita total sobe mais de 4%, a despesa pública total sobe cerca de 3,5% e aumenta-se a despesa pública corrente primária em 2.500 milhões de euros, é à custa de um maior agravamento de impostos e de receitas não recorrentes: dividendos do Banco de Portugal, receitas extraordinárias, etc”.

“Ou seja, à custa de receitas não recorrentes está-se a criar despesa fixa corrente. A prazo isso vai-se refletir na taxa potencial de crescimento económico”, alerta.

No que respeita à política fiscal, gerida por Mário Centeno, Eduardo Catroga diz ser “um sistema fiscal cada vez mais objeto de remendos“, que é gerido “mais no sentido de conseguir arrecadar receitas para fazer face a um determinado nível de despesa”.

"Continuamos com uma política orçamental demasiado expansionista para a situação de excesso de endividamento público, de excesso de carga fiscal e de excesso de despesa pública.”

O antigo ministro das Finanças diz ainda que a despesa pública, tem estado a “crescer ao dobro da taxa de inflação”, algo que considera preocupante. “Continuamos com uma política orçamental demasiado expansionista para a situação de excesso de endividamento público, de excesso de carga fiscal e de excesso de despesa pública. Portanto, no fundo, mais preocupada com o curto prazo e menos com as variáveis da competitividade de médio e longo prazo, remata Eduardo Catroga.

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