Receios de recessão nos EUA e zona euro em 2019 são “demasiado pessimistas”, diz S&P
Para Sylvain Broyer, economista-chefe da S&P para a Europa, Médio Oriente e África, o principal risco para o crescimento económico é “a escalada das tensões comerciais”.
A Standard & Poor’s (S&P) prevê uma desaceleração do crescimento da zona euro, dos Estados Unidos e da China este ano, mas não considera justificados os receios de uma recessão, que considera “demasiado pessimistas”, de acordo com a EFE.
Sylvain Broyer, economista-chefe da S&P para a Europa, Médio Oriente e África, considera que, apesar do abrandamento do crescimento dos Estados Unidos, da zona euro e da China, previsto para 2019, os receios de uma recessão manifestados pelos mercados lhe parecem “demasiado pessimistas”. O economista falava numa apresentação à imprensa, reconhecendo que o principal risco é “a escalada das tensões comerciais”.
Sylvain Broyer afirmou, citado pela agência EFE, que o presidente norte-americano Donald Trump “tem uma forma de negociar muito particular”, mas até agora tem-se mantido, sobretudo, nas ameaças, já que o aumento das tarifas aplicado efetivamente é residual, e tem sido amplamente compensado no comércio mundial pela iniciativa chinesa de uma nova rota da seda.
A S&P prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos de 2,3% este ano e de 1,8% em 2020, depois de uma expansão de 2,9% em 2018. O economista-chefe admitiu que existem alguns indicadores do ciclo financeiro que podem apontar para uma recessão, mas outros indicadores económicos são “bastante reconfortantes”.
No seu entender, o risco poderá vir do nível de endividamento das empresas num contexto de subida das taxas de juro, mas estas não vão subir tanto e, ao mesmo tempo, “não se prevê um colapso dos lucros das empresas norte-americanas”.
Para a zona euro, a S&P prevê um crescimento de 1,6% este ano e no próximo, depois de uma expansão de 1,9% em 2018, e também “não se espera uma recessão”. De acordo com o economista-chefe, o emprego deverá crescer cerca de 1%, com um aumento dos salários e uma inflação mais baixa a aumentar o poder de compra, o que deverá impulsionar o consumo.
Relativamente ao ‘Brexit’, Sylvain Broyer manteve como hipótese de base uma saída do Reino Unido da União Europeia com acordo, apesar de reconhecer que aumentou a possibilidade de se concretizar uma saída sem acordo.
Nesse cenário, haveria “consequências graves” para vários países, começando pelo Reino Unido (o impacto negativo para o PIB poderá superar os 1,8 pontos percentuais [p.p.]), mas também para a economia de Malta (com um efeito de mais de 1,4 p.p.), Irlanda (1 p.p.), Noruega (0,7 p.p.) e Holanda (cerca de 0,4 p.p.).
Em França, o economista chefe destacou que, além da crise dos “coletes amarelos”, a subida de 2% dos salários num contexto de menor inflação terá como efeito um aumento do poder de compra entre 1,2% e 1,6% este ano, o que deverá ser canalizado para o consumo.
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