António Ramalho diz que Novo Banco precisará de mais capital público mas não adianta valor
O presidente do Novo Banco recusa indicar qual o valor que será requerido, mas garante que os acionistas do banco, incluindo o Fundo de Resolução, "conhecem bem as necessidades de capital".
O presidente do Novo Banco, António Ramalho, admitiu, esta quinta-feira, que serão necessárias mais injeções de capital pelo Fundo de Resolução na instituição, mas não adiantou qual o valor que poderá ser necessário referente a 2018.
“Estavam previstas as injeções de capital e essas injeções de capital terão lugar. Criar uma expectativa errada sobre o tema é um erro, devemos ser claros”, disse António Ramalho aos jornalistas, à margem do Fórum Capitalizar, organizado em Lisboa pelo Jornal Económico e Novo Banco.
O gestor recusou, contudo, a indicar qual o valor que será requerido junto do Fundo de Resolução, uma vez que as contas de 2018 ainda não estão fechadas e só serão públicas em 1 de março. “A recapitalização do banco é determinada depois de auditadas as contas e em função do que é o nosso projeto, completamente acordado entre todas as partes, no sentido de reforçar a instituição que tinha um processo de resolver legados que queremos que seja o mais rápido possível”, disse António Ramalho, acrescentando que, desse modo, o Novo Banco será “mais eficiente para o sistema financeiro português” e cumprirá melhor o seu papel de banco de empresas.
Contudo, indicou, os acionistas do Novo Banco conhecem as necessidades de capital: “Os nossos dois acionistas, quer a Lone Star quer o Fundo de Resolução, conhecem bem as necessidades de capital que serão essenciais à instituição”, afirmou.
O Novo Banco, que ficou com parte da atividade bancária do Banco Espírito Santo (BES) – resgatado no verão de 2014 -, é desde outubro de 2017 detido em 75% pelo fundo norte-americano Lone Star, sendo os restantes 25% propriedade do Fundo de Resolução bancário (entidade da esfera pública gerida pelo Banco de Portugal).
A Lone Star não pagou qualquer preço, tendo acordado injetar 1.000 milhões de euros no Novo Banco, e negociou um mecanismo que prevê que, durante oito anos, o Fundo de Resolução injete até 3,89 mil milhões de euros no Novo Banco por perdas que venha a registar num conjunto de ativos tóxicos e alienações de operações não estratégicas (caso ponham em causa os rácios de capital da instituição).
Em 2017, perante prejuízos recorde de 1.395,4 milhões de euros (num ano em que constituiu mais de 2.000 milhões de euros de provisões), o Novo Banco ativou esse mecanismo e o Fundo de Resolução recapitalizou-o em 792 milhões de euros. Para isso, uma vez que o Fundo de Resolução não tinha todo o dinheiro necessário, o Tesouro público emprestou 430 milhões de euros.
Sobre o ano de 2018 apenas são conhecidos os resultados até setembro, período em que teve prejuízos de 419,6 milhões de euros, que comparam com os 419,2 milhões de euros do período homólogo de 2017.
Já no final do ano, o Novo Banco acordou a venda de carteira de crédito malparado de 2.150 milhões de euros a fundos de investimento, sem divulgar o preço do negócio. Apesar do impacto positivo desta venda no balanço, tal pode ter impacto negativo nos resultados do banco caso haja necessidade de suprir a diferença a que os créditos estão registados no balanço e o valor a que são vendidos. António Ramalho disse esta quinta-feira que esta venda de crédito malparado será registada nas contas de 2018 e que teve “um prejuízo inferior a 6%”.
O Orçamento do Estado de 2019 prevê no cálculo do défice público despesa de 400 milhões de euros com uma provável nova injeção de capital no Novo Banco, contudo, não é certo o valor que será necessário o Fundo de Resolução aplicar no banco.
Cerca de 450 trabalhadores saíram do Novo Banco em 2018
Durante o evento desta quinta-feira, António Ramalho adiantou também que, no ano passado, saíram cerca de 450 trabalhadores do Novo Banco.
“Fechámos o ano com 5.093 trabalhadores, o que significa que estamos praticamente naquilo que eram os objetivos de 2021 negociados com a Comissão Europeia”, disse o banqueiro.
O gestor disse que, tendo em conta os funcionários que agora o grupo bancário detém, “não é de esperar [este ano] nenhum movimento excecional do ponto de vista da necessidade de redução de quadros”.
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