O poder de atração dos mercados abastecedores
A nova plataforma logística de Braga é uma espécie de parceria público-privada, junta a Bosch e a Rangel no espaço do mercado abastecedor da região, controlado pela SIMAB.
Podemos dizer que todos os caminhos vão dar a Braga quando a temática é logística industrial e mercados abastecedores. Sob o imperativo da expansão e do regresso aos resultados positivos, os mercados abastecedores estão apostados em atrair capital nacional e estrangeiro. O Mercado Abastecedor da Região de Braga (MARB) é a prova disso mesmo através da construção da nova plataforma de logística industrial, que tem a Rangel Logistics Solutions como responsável e a Bosch como cliente. Um investimento de 8,5 milhões de euros a cinco anos num pólo industrial com mais de seis mil metros quadrados.
“Os mercados abastecedores devem partir de uma base local e tornarem-se globais. Há que potenciar isso. O que temos aqui em Braga é uma parceria público-privada das boas e queremos ter mais no resto do país”, atirou Rui Paulo Figueiredo, presidente do grupo SIMAB, a rede pública de mercados abastecedores (o MARL, em Lisboa, o MARB, em Braga, o MARÉ, em Évora e o MARF, em Faro), durante o debate “Infraestruturas logísticas industriais enquanto factor der atração de investimento”, realizado no MARB, em Braga.
“Às vezes é mais importante ajudar regiões e empresas a crescer lá fora do que diminuir a dívida e aumentar resultados”, continuou Rui Paulo Figueiredo. Mesmo assim, sempre foi dizendo que “daqui a seis, sete anos o grupo SIMAB terá zero de dívida”.
O SIMAB tem como objetivo diminuir o endividamento, sendo que em 2017 obteve os melhores resultados líquidos de sempre e 2018 “não foi diferente”. É que “há muito investimento privado a ser feito nos mercados abastecedores”. Rui Paulo Figueiredo termina agora o mandato, mas não quis antecipar se vai continuar em funções nesta empresa de capital público.
Depois de “elogiar o facto de terem sido cumpridos os prazos e sem desvios financeiros”, Rui Paulo Figueiredo, provocado pelo diretor do ECO, António Costa, que foi o moderador do debate, concluiu: “Conseguimos o que é raro nas obras públicas porque os poderes públicos remaram todos para o mesmo lado”.
Entre os elogiados estava o presidente da Câmara Municipal de Braga e da Invest Braga, Ricardo Rio, que enalteceu a feliz articulação entre todos os agentes na concretização do projeto do MARB e da Rangel. E a propósito do seu papel de facilitador aproveitou para dizer que “nos últimos dois, três anos, a Bosch duplicou a capacidade instalada em Braga”.
Do lado do investimento privado, o CEO da Rangel Logistics Solutions, Nuno Rangel, revelou sem falsa modéstia: “Viemos para Braga pela mão da Bosch, que nos confiou a sua operação logística chave. Queremos alargar o projeto. Estamos aqui para ficar e a longo prazo”.
O administrador técnico da Bosch, Carlos Ribas, explicou que “a operação logística da Bosch é muito complexa. A variabilidade do mercado automóvel é muito grande, a Rangel não vai ter a vida fácil”. E Lutz Welling, administrador comercial da Bosch, completou: “A Bosch está em Braga para ficar, duplicámos a fábrica e com isso aumentará a logística. Para nós, foi lógico esta parceria com a Rangel”.
A Rangel Logistics Solutions vai assegurar serviços de receção de importação de matéria-prima e produto acabado dos fornecedores nacionais e internacionais da Bosch, de armazenamento e de abastecimento da fábrica. Lutz Welling explicou que “o desafio principal tem a ver, por um lado, com mais de 150 clientes mundiais da Bosch e, por outro, com os fornecedores, sendo que mais de 50% dos materiais são comprados na Ásia. Os tempos de resposta e a variabilidade constante do mercado automóvel são o grande desafio para a fábrica e para a Rangel”.
Mas Nuno Rangel mostrou-se seguro e otimista: “A Bosch é um corpo humano e a Rangel Logistics Solutions será um pulmão. Estimámos que dentro de cinco anos poderemos estar a falar de uma outra plataforma logística para servir outros parceiros para além da Bosch”.
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