Marcelo regressa a uma nova Angola em crescimento económico
Depois de o Governo ter lançado várias reformas para acelerar a diversificação económica e dinamizar a economia em recessão desde 2016, Angola deverá voltar a crescer este ano, estimam os analistas.
Angola deve voltar a crescer este ano, depois de o Governo ter lançado várias reformas para acelerar a diversificação económica e dinamizar a economia em recessão desde 2016, fruto da queda do preço do petróleo.
Os analistas ouvidos pela Lusa nas últimas semanas concordam que o país está em mudança, mas alertam que ainda há muitos desequilíbrios que justificam que a consultora de risco Coface, por exemplo, tenha melhorado o risco do país, que ainda assim continua no penúltimo pior nível. “A produção de petróleo deve crescer ano, sustentando o regresso ao crescimento económico, a depreciação da taxa de câmbio oficial deve abrandar e as reformas das médias e pequenas empresas para melhorar o clima de negócios aceleraram”, lê-se na última análise desta consultora francesa à economia angolana.
Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve presente na tomada de posse de João Lourenço, em 2017, deverá aterrar em Luanda numa altura em que o país já deverá registar um crescimento económico, depois das recessões de 2,6% em 2016 e 0,1% em 2017, já apoiado na ajuda financeira e na credibilidade internacional sustentada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O Presidente português chega a Luanda na terça-feira para uma visita de quatro dias a Angola, onde irá estar na capital e nas províncias de Benguela e Huíla.
Marcelo Rebelo de Sousa estará acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, bem como pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, e por uma delegação parlamentar.
A maior parte dos analistas, assim como as instituições financeiras internacionais, antecipam um regresso ao crescimento económico, depois de três anos de recessão motivada pelo impacto da descida dos preços do petróleo na economia, que o Governo estima ter feito o PIB retrair-se 1,7% no ano passado.
Também a agência de notação financeira Fitch, que manteve a análise da qualidade do crédito em “B”, antecipa um crescimento este ano: “O rating no nível B reflete a diminuição das reservas externas e orçamentais, o elevado peso da dívida pública e as frequentes revisões em baixa do PIB, tudo isto pesado contra as substanciais receitas em moeda externa devido à produção de hidrocarbonetos, a capacidade do Governo em fazer significativos ajustamentos orçamentais e o recente acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI)”, diz a Fitch.
Na revisão do rating, que mantém em B, ou seja, abaixo do nível de recomendação de investimento, ou junk, como é geralmente designado, com Perspetiva de Evolução Estável, os analistas da Fitch antecipam também uma recessão económica de 1,1% no ano passado e um crescimento de 2,5% este ano, com o cenário base das previsões a apontar para um “crescimento moderado do setor não petrolífero devido aos efeitos do aumento da liquidez de moeda externa” e para um crescimento de 3% a médio prazo.
A situação económica de Angola é sintetizada à Lusa pelo analista da Standard & Poor’s que segue Angola, explicando que o impacto do programa com o FMI só vai ter efeito a médio prazo, porque agora a economia enfrenta dificuldades que justificam uma Previsão de Evolução Negativa. “Angola tem problemas sistemáticos e que tiveram um forte impacto no ano passado, como o preço baixo do petróleo, as dificuldades de produção dos blocos petrolíferos, tudo desaguou nesta grande recessão, mas é verdade que, ao mesmo tempo, há uma mudança positiva que equilibra estes fatores negativos, mas cujos efeitos só vão sentir-se mais à frente, dentro de alguns anos“, explicou Ravi Bathia.
Certo é que, apesar das dificuldades, há outros analistas que apostam em Angola como um país à parte no panorama africano: “Dados os recentes ataques terroristas do Al-Shebab no Quénia, a atual instabilidade no Zimbabué e as eleições nas duas maiores economias africanas, os investidores estão a fazer uma pausa quando olham para a região, mas Angola está a sobressair como um ponto brilhante onde, após anos de crise económica, uma recuperação em 2019 está no horizonte“, diz a analista Aubrey Hruby, do centro de pesquisa norte-americano Atlantic Council.
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