FMI revê em baixa projeções para o preço do petróleo. Deverá ficar abaixo dos 60 dólares até 2023
Fundo reviu em baixa projeções para para o preço da matéria-prima tanto em 2019 como em 2020. O impacto da desaceleração económica na procura e os conflitos políticos são as maiores dúvidas.
O preço do petróleo deverá fechar o ano com uma desvalorização de 13,4%. A projeção é do Fundo Monetário Internacional (FMI), que reviu em baixa o valor da matéria-prima esperado em 2019 e 2020, apesar da incerteza política no mercado. Antecipa que o barril atinja os 60 dólares apenas em 2023.
“Com base nos contratos de futuros de petróleo, o preço médio do petróleo é projetado em 59,2 dólares em 2019 e 59 dólares em 2020 (abaixo dos 68,8 dólares e 65,7 dólares, respetivamente, no WEO de outubro de 2018)”, refere o World Economic Outlook do FMI, divulgado esta terça-feira. O valor compara com os 64 dólares em que o crude WTI norte-americano negoceia atualmente e com os 68,33 dólares em que fechou o ano passado.
Assim, a organização de Bretton Woods projeta uma desvalorização de 13,4% em 2019 e de 0,2% em 2020. “Os preços do petróleo deverão manter-se no mesmo intervalo, atingindo os 60 dólares por barril em 2023 (valor inalterado face ao WEO de outubro de 2018), em linha com as perspetivas de diminuição da procura a médio prazo e ajustamentos da produção para evitar excedente de oferta”, aponta.
A “montanha russa” dos preços do petróleo
Desaceleração económica e incerteza política vão determinar preços
O preço da matéria-prima ultrapassou os 80 dólares por barril em outubro do ano passado, atingindo o valor mais elevado desde novembro de 2014 devido aos receios com as sanções petrolíferas dos EUA ao Irão. No entanto, a maior economia do mundo acabou por abrir exceções e permitir que grandes importadores continuassem a fazer negócio com o Irão. Além disso, países como os EUA, Canadá, Iraque, Rússia e Arábia Saudita produziram mais petróleo que o esperado, levando a uma forte quebra nos preços no final do ano passado.
Em dezembro, os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e um grupo de outros países fora do cartel (incluindo a Rússia) prolongaram o acordo de cortes na produção para diminuir o excesso de oferta e causar um aumento gradual dos preços.
A recuperação foi conseguida (e ajudada por eventos pontuais como a crise na Venezuela), com o barril de WTI a ultrapassar os 60 dólares em fevereiro. Desde o início do ano já valorizou 19%, enquanto o Brent negociado em Londres já acumula um ganho de 17,3% para mais de 70 dólares. Mas o fundo antecipa que o acumulado do ano irá revelar uma realidade diferente. “Apesar de um equilíbrio nos riscos, há uma incerteza substancial em torno das projeções para os preços do petróleo devido à elevada incerteza política”, sublinhou o FMI.
“Os riscos para uma subida dos preços a curto prazo incluem eventos geopolíticos no Médio Oriente, distúrbios civis na Venezuela, uma postura mais dura dos EUA contra o Irão ou a Venezuela e um crescimento da produção norte-americano mais lento do que o esperado. Os riscos negativos incluem tanto produção dos EUA como não-cumprimento dos países da OPEP e não-OPEP mais fortes que o esperado. As tensões comerciais e outros riscos para o crescimento global também podem afetar ainda mais a atividade global e respetivas perspetivas, reduzindo a procura por petróleo“, acrescentou.
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