Sede da EDP e Terminal de Cruzeiros são os prémios Valmor de 2017
O Prémio Valmor de Arquitetura 2017 foi atribuído ao arquiteto Aires Mateus, pelo edifício sede da EDP, e ao arquiteto Carrilho da Graça, pelo terminal de cruzeiros.
O Prémio Valmor de Arquitetura 2017 foi esta quinta-feira atribuído ao arquiteto Aires Mateus, pelo edifício sede da EDP, e ao arquiteto Carrilho da Graça, pelo terminal de cruzeiros, anunciou a Câmara Municipal de Lisboa, responsável pela distinção.
A sede da EDP foi concebida como “um edifício que quis construir cidade, que quis dialogar com a cidade”, disse à Lusa Manuel Aires Mateus, considerando, por isso, que se trata de uma “distinção importante”. O edifício de terminal de cruzeiros foi pensado por João Luís Carrilho da Graça além da funcionalidade, “do ponto de vista da cidade e das pessoas”, uma preocupação materializada no parque urbano arborizado e na cobertura concebida para ser um “espaço público acessível”.
Além dos dois prémios, foram atribuídas quatro menções honrosas: a reabilitação do palácio de Santa Catarina, da arquiteta Maria Teresa Magalhães Nunes da Ponte, o Edifício Lisbon Stone Block, do arquiteto Alberto Souza Oliveira, a ampliação de um edifício de habitação em Alfama, do arquiteto Pedro Gameiro, e a requalificação do Largo de Santos e vias adjacentes, uma obra da Câmara concebida pelo ateliê 92 Arquitetos, de João Almeida e Luís Torgal, com o arquiteto paisagista Victor Beiramar Diniz.
“O que é muito interessante nos prémios Valmor é que é um prémio dado ao autor e ao promotor”, salientou Aires Mateus, que concebeu a sede da EDP, onde trabalham 750 pessoas, como um edifício “transparente e perpendicular entre a colina e o rio”. Trata-se de um “edifício que quer criar a primeira praça sombreada da cidade”, constituindo também “um espaço de arejamento da rua D. Luís”.
“É uma tradição que vem desde o Bairro Alto, que foi claramente desenvolvida na cidade iluminista, com a Baixa, em que tudo são enfiamentos perpendiculares ao rio, exatamente para privilegiar essa relação entre a cidade e o rio. Agarrámos nesse princípio que a cidade sempre consagrou e transformámo-lo, numa escala com outra dimensão”, explicou à Lusa.
Carrilho da Graça encarou o “sítio bastante delicado” que é a frente ribeirinha em Alfama e propôs um “diálogo entre aquele espaço, que é como se fosse uma espécie de anfiteatro no edifício, concavo, e o grande anfiteatro que é Alfama a olhar para o rio”. “Desde o princípio pensei que o terminal poderia ter um programa funcional impecável — já teve um prémio pela sua funcionalidade –, mas, sendo parte da cidade, quis sempre pensá-lo do ponto de vista da cidade e das pessoas que cá vivem e visitam”, contou o arquiteto à Lusa.
Essa preocupação concretizou-se através do parque urbano arborizado ao longo do rio, que foi projetado com o arquiteto paisagista João Gomes da Silva, e também pela visita à cobertura do terminal, de onde se vê Alfama e o mar da Palha. A inovação nos materiais foi um produto das circunstâncias. Carrilho da Graça imaginou que o edifício teria “uma certa densidade, como se fosse, além de construído, esculpido”, e, com esse objetivo, pensou que as fachadas seriam em betão, mas os engenheiros comunicaram-lhe que o sistema de fundações, pré-existente ao concurso, estava no limite da capacidade de suporte.
Desta contrariedade, nasceu o betão com cortiça, desenvolvido com o apoio da SECIL, da Amorim, e do laboratório de engenharia de Coimbra ITECons, que tem “menos 40% de densidade e é um betão estrutural com grande capacidade de resistência”. Este é o quarto Valmor atribuído a Carrilho a Graça e o terceiro atribuído a Aires Mateus.
Aires Mateus já tinha recebido o prémio Valmor em 2002, pelo edifício da reitoria da Universidade Nova de Lisboa, em co-autoria, e em 2013, igualmente uma coautoria, pela cobertura da ETAR de Alcântara, e Carrilho da Graça recebeu a distinção em 1998, pelo Pavilhão do Conhecimento, bem como em 2008, pela Escola Superior de Música, e em 2010 pelo projeto de alteração de um edifício de habitação na calçada do Combro.
O júri que atribuiu o prémio Valmor de 2017 foi composto pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto (em representação do presidente da Câmara de Lisboa), pelo arquiteto Jorge Catarino (CML), arquiteto Alberto Souza Oliveira (personalidade convidada), arquiteto Francisco Berger (Academia Nacional de Belas Artes), arquiteto Chuva Gomes (Ordem dos Arquitetos) e arquiteto João Pardal Monteiro (Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa). O prémio Valmor é anual, mas houve “um atraso entre 2013 e 2016”, que está agora “a ser recuperado”, referiu à Lusa fonte oficial da autarquia.
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