Desequilíbrio externo 15 vezes maior que há um ano
Défice da balança corrente e de capital agravou-se de 78 para 1.231 milhões de euros entre janeiro e março. Queda na venda de combustíveis e agravamento das importações ditou agravamento.
Portugal começou o ano com um desequilíbrio externo 15 vezes superior ao que se verificava nos três primeiros meses de 2018, com a economia a continuar a importar bens de equipamento e bens intermédios dos seus principais parceiros económicos, seja na Europa ou no resto do mundo, mas estes a não corresponderem. Exportações de combustível ficaram 30% abaixo do verificado há um ano.
De acordo com os dados divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal, o défice acumulado da balança corrente e de capital atingiu os 1.231 milhões de euros, o equivalente a 2,5% do PIB, no primeiro trimestre deste ano. Há um ano este desequilíbrio não ultrapassava dos 78 milhões de euros.
A maior parte deste aumento deve-se a um desequilíbrio entre as exportações e as importações de bens de equipamento (importações cresceram 30% e as exportações apenas 6%) e de bens intermédios (importações cresceram do dobro das exportações).
Outro grande desfasamento que afeta estas contas é a exportação de combustíveis. Devido à refinaria de Sines, o produto que Portugal mais exporta são combustíveis (também acaba por ser um dos que mais importa pela mesma razão), mas no primeiro trimestre do ano Portugal exportou menos 20% de combustíveis que no mesmo período de 2018, mas ainda importou mais 5%.
Mesmo retirando os combustíveis destas contas, as importações de bens cresceram 14% entre janeiro e março, enquanto as importações cresceram apenas 6%.
Boa parte deste mau resultado deve-se a um aumento significativo das importações de países como Alemanha, Espanha, Reino Unido e especialmente França, quando estes abrandaram o nível de compras para ritmos muito inferiores aos das nossas importações de bens oriundos dos mesmos. Só a Itália aumentou as suas compras a Portugal a um nível superior ao das vendas.
Angola e China são outros dois casos muito particulares que levam ao agravamento do défice externo do país. No caso de Angola, o país africano continua a reduzir a sua exposição à economia portuguesa e cortou novamente nas importações oriundas de Portugal, importando menos 17,3% de bens no primeiro trimestre deste ano. No entanto, Portugal aumentou o nível de compras de produtos angolanos em 88,3% entre janeiro e março deste ano.
A China, um país com o qual a economia portuguesa já apresenta um défice comercial expressivo, reduziu as suas importações oriundas de Portugal em 4,5%, mas aumentou as suas exportações para o nosso país em 43,7%.
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