EUA recuam. Sanções à Huawei suspensas por 90 dias
Os EUA concederam uma série de exceções temporárias às sanções aplicadas contra o conglomerado chinês Huawei, adiando as medidas mais apertadas por 90 dias.
Os EUA suspenderam por três meses o sancionamento da Huawei, que vai assim poder utilizar componentes e programas informáticos norte-americanos antes da aplicação efetiva das sanções contra o grupo chinês. Na segunda-feira, o Governo norte-americano pareceu querer acalmar a tensão com os chineses, ao decidir este período transitório de 90 dias, que pode ser aproveitado pela Huawei e os seus parceiros comerciais para se adaptarem.
“Esta autorização geral temporária dá [ao setor] tempo para se reorganizar e ao Departamento [do Comércio] a possibilidade de determinar as medidas apropriadas a longo prazo para as empresas de telecomunicações norte-americanas e estrangeiras, que hoje se servem dos equipamentos da Huawei para alguns serviços essenciais”, indicou o secretário do Comércio, Wilbur Ross, em comunicado. Em resumo, esta decisão vai permitir aos utilizadores de equipamentos Huawei que continuem a utilizá-los.
Em contexto de guerra comercial entre Pequim e Washington, o Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu na semana passada interditar as exportações de produtos tecnológicos norte-americanos para algumas empresas consideradas “de risco” para a segurança nacional. O conglomerado Huawei encontrou-se assim na lista negra de Washington.
A Google, cujo sistema Android equipa a imensa maioria dos smartphones no mundo, anunciou no domingo que ia cortar as ligações com a Huawei, o que teria por resultado impedir o grupo chinês de aceder a alguns serviços do Android e das suas aplicações Gmail ou Google Maps. Esta decisão afetaria uma série de empresas norte-americanas, das vendedoras de programas informáticos às produtoras de semicondutores que fornecem a Huawei.
O grupo chinês é não apenas o número dois dos smartphones mas também um dos líderes dos equipamentos das redes de telecomunicações. Presente em 170 países, o grupo é suspeito pelos EUA de espionagem em proveito de Pequim, que teria largamente contribuído para a sua ascensão internacional. Washington já tinha proibido aos seus militares a utilização de equipamentos Huawei, a qual desmente firmemente qualquer espionagem.
Washington receia que o grupo seja um “cavalo de Troia” da China, devido designadamente ao passado militar do seu patrão. E, em especial, a uma lei, votada em 2017, que obriga as grandes empresas chinesas a cooperarem com os serviços de informações do país.
Huawei em discussão com Google
A Huawei está em negociações com a Google para tentar encontrar uma solução às restrições impostas pela administração norte-americana, anunciou o fundador da gigante de telecomunicações chinesa.
“A Google é uma boa empresa e altamente responsável. A Google e a Huawei estão em discussão para tentar encontrar uma resposta”, disse Ren Zhengfei aos jornalistas, num encontro com a imprensa local em Pequim.
O fundador da Huawei afirmou também que os Estados Unidos “subestimaram a força” da gigante chinesa de telecomunicações e prometeu que o desenvolvimento da rede 5G não será afetado pelas recentes medidas de Washington contra o grupo.
“A equipa política americana, pela maneira atual de fazer as coisas, mostra que subestima a nossa força”, declarou Ren Zhengfei, numa entrevista à estação estatal chinesa CCTV.
“O 5G da Huawei não será afetado” prometeu Zhengfei, acrescentando que “nem daqui a dois ou três anos” outras empresas vão conseguir competir com a gigante chinesa no que diz respeito à quinta geração móvel.
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