Metade da dívida da Zona Euro está com juros negativos. Valor não era tão elevado desde 2016
Fuga dos investidores para as obrigações está a levar as yields para terreno negativo. Em maio, o montante de dívida emitida por países da moeda única com juro negativo atingiu 3,71 biliões de euros.
Há três anos que não havia tanta dívida pública da Zona Euro com juros negativos. A volatilidade nos mercados, exacerbada pela guerra comercial entre EUA e China, a par das preocupações com o travão da economia tem levado a uma fuga dos investidores das ações para as obrigações. Também a política acomodatícia do Banco Central Europeu (BCE) tem beneficiado os países.
O universo de obrigações emitidas por países da moeda única com yields negativas atingiu os 3,71 biliões de euros, em maio. O valor aumentou 7,8% em comparação com os 3,44 biliões de euros de abril, segundo dados da Tradeweb citados pela Reuters.
O montante de dívida em que são os investidores a pagar juros (em vez dos emitentes) representa 48% do total de 7,69 biliões de euros em títulos vivos. É a proporção mais elevada desde setembro de 2016, quando os riscos de deflação e preocupações com o crescimento levaram a uma queda significativa nas yields.
Desta vez, as preocupações com o crescimento económico contribuíram, tal como a volatilidade nos mercados. Após 2018 ter sido um ano de perdas generalizadas nas bolsas, 2019 arrancou em recuperação, animando os investidores. No entanto, o sentimento positivo não transitou para o segundo trimestre. Por exemplo, o índice pan-europeu Stoxx 600 acumula uma perda de 6,13% este mês e o português PSI-20 de 6,97%.
Como alternativa às ações, os investidores têm procurado refúgio nas obrigações. É o caso das Bunds alemãs, cuja yield tocou esta sexta-feira -0,205%, em mínimos de sempre, enquanto o juro da Holanda a 10 anos entrou em terreno negativo pela primeira vez desde 2016.
Mesmo os países em que os juros da dívida não estão em terreno negativo têm beneficiado de diminuição nas yields. No caso de Portugal, os títulos a 10 anos também tem renovado mínimos históricos, tendo negociado esta sexta-feira nos 0,804%. O juro da Grécia caiu abaixo de 3% pela primeira vez.
Além da instabilidade acionista, o mercado de dívida beneficia ainda da política expansionista do BCE. O banco central liderado por Mario Draghi terminou, em dezembro do ano passado, o programa de compra líquida de ativos, mas entrou numa nova fase em que reinveste o montante das obrigações que atingem as maturidades. Não havendo perspetivas sobre o momento em que o BCE começará a subir taxas de juro de referência e deixará de estar no mercado como comprador de dívida, os soberanos têm beneficiado desta rede de segurança.
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