Vara queixa-se de “infoexclusão” na prisão. Ex-administrador da CGD garante legalidade no financiamento a Vale do Lobo
Armando Vara começou a sua intervenção no Parlamento queixando-se do "sistema" por promover a "infoexclusão" por não poder aceder a computadores com ligação externa.
Armando Vara começou a sua intervenção na comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD) queixando-se da “infoexclusão” que o sistema prisional promove e que o impediu de se preparar adequadamente para a audição. Apesar de ter dito que não iria responder ao tema de Vale do Lobo, o antigo administrador do banco disse que tudo foi legal.
“Deixo claro que não irei responder a perguntas relacionadas com o financiamento de Vale do Lobo. Todos os procedimentos regulares e legais foram cumpridos”, disse Armando Vara esta sexta-feira aos deputados, de regresso à comissão de inquérito à Caixa. A operação foi aprovada “com agrado geral e sem objeções“, acrescentou. Foram as únicas palavras sobre esta operação, dado que a concessão de crédito faz parte da Operação Marquês.
“Para salvaguarda do meu direito, não devo pronunciar-me mais sobre o financiamento de Vale do Lobo até que caso esteja resolvido”, disse.
Pouco depois, Vara tentou sensibilizar os deputados para outro aspeto. Detido na prisão de Évora (confessou que essa situação tem “brutal impacto”), o gestor disse que essa circunstância inviabilizou a sua preparação para a audição. “Não tenho acesso a nenhuma base de dados, nenhuma ligação ao exterior”, contou, dizendo sentir-se infoexcluído. “Não disponho das condições para responder de forma informada. Não se pode ignorar que estão em causa factos ocorridos há mais de dez anos”, frisou ainda.
Foi neste momento em que se queixou do atual “sistema” em Portugal, que classificou de “absurdo” por dificultar a reintegração dos presidiários quando devia promover o contrário. “Dificilmente poderão ter alguma hipótese quando saírem”, notou.
Armando Vara encontra-se detido desde janeiro deste ano após condenação no processo Face Oculta — foi nomeado administrador da CGD em 2006, para a equipa presidida por Carlos Santos Ferreira, tendo ambos depois transitado para o BCP em 2008. É também um dos 28 arguidos da Operação Marquês.
Já tinha vindo ao Parlamento no dia 22 de março de 2017, razão pela qual argumentou não ter mais nada a acrescentar.
“Sistema prisional não é digno”
Já na sua última intervenção, Armando Vara quis deixar um desabafo aos deputados sobre as condições das prisões em Portugal.
“Eu, hoje, tenho uma coisa que considero muito importante: conheço o sistema do ponto de vista do utilizador e isto é dramático. É dramático”, disse. “O requerimento que vos dirigi foi mais para chamar a atenção no sistema prisional. (…) Merece um olhar atento da decisão política”, reclamou.
“Enche-se a boca com reinserção, reinserção, reinserção, mas não há reinserção nenhuma. O sistema não é digno de um país como o nosso“, desabafou. Foram estas as últimas palavras antes de regressar a Évora, onde está detido.
(Notícia atualizada às 20h12)
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