Turismo abranda em julho. Nórdicos procuram menos Portugal
Crescimento do alojamento turístico trava com cada vez menos turistas alemães, holandeses, suecos ou dinamarqueses a visitar Portugal, mostram dados do INE. Madeira intensifica quebra na procura.
O setor do alojamento turístico em Portugal contou com 2,8 milhões de hóspedes, responsáveis por 8,2 milhões de dormidas, em julho de 2019, números que representam um crescimento de 5,4% e 2,2%, respetivamente, e que comparam com as evoluções de 10% e 6,1% registadas em junho, segundo dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística esta segunda-feira, com o organismo a salientar o “abrandamento no ritmo de crescimento da atividade de alojamento turístico” no período.
Contabilizando as estadias em hotéis, aparthotéis, apartamentos e aldeamentos turísticos, pousadas, quintas, alojamentos locais ou turismos rurais ao longo do mês de julho, o INE salienta que se registou nesse mês uma redução de 3% na estada média dos turistas, sobretudo à conta dos visitantes não residentes (-3,6%), destacando igualmente uma quebra na taxa líquida de ocupação, que se ficou pelos 60%, menos 1,7 p.p. face a julho de 2018, isto quando em junho a variação homóloga tinha mostrado uma ligeira melhoria de 0,3 p.p..
À boleia do recuo nas estadas médias de turistas, também a evolução dos proveitos abrandou em julho, crescendo 6,2% contra os 11,8% de junho, “atingindo 537,8 milhões de euros”. Com estadas mais curtas e taxas de ocupação mais reduzidas, o “rendimento médio por quarto disponível” e “por quarto ocupado” também sofreram, evoluindo apenas 0,7% no primeiro caso, valor que compara com o salto de quase 7% registado em junho, e 1,2% no segundo caso — contra 6,2% em junho.
Em relação a tipologias, o INE aponta que “as dormidas na hotelaria (82,2% do total) registaram um ligeiro aumento de 0,8% em julho. As dormidas nos estabelecimentos de alojamento local (peso de 14,5% no total) cresceram 11,4% e as de turismo no espaço rural e de habitação (quota de 3,2%) aumentaram 2%”.
Cada vez menos nórdicos em Portugal
Os 2,8 milhões de hóspedes contabilizados nos diversos destinos portugueses no mês de julho representaram um crescimento de 5,4% face a julho de 2018, salto para o qual foram especialmente importantes os visitantes residentes no estrangeiro, que aumentaram 5,8%, ainda que também seja de salientar a subida de residentes em Portugal registados em alojamentos turísticos em julho — cresceram 4,7%.
Mas apesar do crescimento no total de visitantes estrangeiros em julho, os dados do INE evidenciam um crescente desinteresse por parte de alguns mercados europeus face ao ‘destino Portugal’. O mercado alemão, responsável por 10% dos turistas que visitam Portugal, prolongou a tendência de decréscimo em julho, com menos 3,8% de visitantes — alargando a quebra para 6,2% entre janeiro e julho –, sendo também de destacar a quebra de turistas oriundos dos Países Baixos, que se acentuou em julho, para -8,7%, valor que no acumulado do ano está em -7,6%.
Além destes dois mercados emissores, também há cada vez menos turistas belgas a procurar Portugal (-8,1% em julho, -5,4% no total do ano), assim como suíços (-1,9% e -1,7%), suecos (-11,5% e -3,2%) ou dinamarqueses (-7,1% e -2,1%), tudo mercados onde o poder de compra é superior à média europeia.
Em sentido contrário, destaca o INE, evoluíram os mercados brasileiro, norte-americano e chinês. No caso dos dois primeiros, registaram-se subidas de 18,3% e 10,3%, respetivamente, com estes dois países a responderem agora por 5,9% e 5,7% do total, e acumulando subidas de 13% e 19% entre janeiro e julho. “São também de salientar os aumentos em julho nos mercados chinês (+15,6%) e irlandês (+11,7%)”, sublinha o INE.
Norte destaca-se em julho, Madeira intensifica quebra
Em termos regionais, o INE salienta que todas as regiões do país tiveram aumentos na procura de dormidas à exceção da região autónoma da Madeira, onde o total de dormidas em julho caiu 4,1% face ao mesmo mês do ano passado, com o arquipélago a assistir assim a uma intensificação da quebra que já vem sentindo este ano. Em sentido contrário, o Alentejo (+3,3%) e a área metropolitana de Lisboa e a região autónoma dos Açores (ambas com +2,3%) foram quem registou as maiores subidas em julho.
Ao todo, e entre janeiro e julho, Portugal registou 38,7 milhões de dormidas em estabelecimentos de alojamento turístico, mais 4,2% que nos primeiros sete meses de 2018, com todas as regiões a contabilizarem crescimentos na procura à exceção da Madeira, que desde o início do ano acumula uma quebra de 3,4% no total de dormidas, com cada vez menos visitantes não residentes em Portugal — menos 4,4% desde janeiro.
Segundo o INE, no total de dormidas registadas em julho 16,3% concentraram-se em Lisboa, o que denota uma tendência para um menor centralismo da capital nesse mês, já que no total do ano Lisboa concentra 20% das dormidas. Lado a lado com os números da capital fica Albufeira, que em julho respondeu por 15% das dormidas registadas.
Na análise mais global aos sete primeiros meses do ano, o INE aponta que a hotelaria foi o segmento que tem vindo a registar o crescimento mais contido em termos de dormidas, com apenas mais 2,5%, valor que compara com a subida de 15,2% no alojamento local e de 7,5% no turismo rural e de habitação. Já os “designados como hostel“, aponta o instituto, estão a registar um crescimento de 25,4%. Ainda assim, os hotéis ainda respondem por mais de 80% das dormidas de visitantes.
“No segmento do alojamento local, desde o início do ano, a AM Lisboa concentrou 38,7% das dormidas, seguindo-se o Norte (quota de 21,2%). No que respeita ao turismo no espaço rural e de habitação, o Norte concentrou 29,6% das dormidas totais nos primeiros sete meses do ano, seguindo-se o Alentejo (24,3%) e o Centro (20,8%)”, detalha ainda ao INE.
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