Estado injetou 1.800 milhões em 17 aumentos de capital na CP nos últimos três anos

  • ECO
  • 16 Outubro 2019

Nem todos os reforços de capital na CP foram em dinheiro e boa parte das operações serviu para pagar dívidas da transportadora ferroviária a outras empresas e ao próprio Estado.

O Estado já injetou 1.800 milhões de euros na CP através de 17 aumentos de capital realizados ao longo dos últimos três anos. Nem todos os reforços de capital foram em dinheiro e uma boa parte destas operações serviu para que a transportadora ferroviária pudesse pagar dívidas a empresas privadas e ao próprio Estado.

O Observador (acesso livre) fez o levantamento do número de aumentos de capital realizados pelo Estado desde 2016, isto depois do último reforço de capital de 500 milhões de euros anunciado esta semana e que servirá para a CP proceder ao reembolso de obrigações a vencer este mês.

Segundo o jornal digital, apesar dos sucessivos aumentos para reforçar o capital, a operadora ferroviária continua em falência técnica, apresentando capitais próprios negativos de mais de dois mil milhões de euros. Por outro lado, também não tem sido capaz de gerar recursos que permitem pagar os custos, sobretudo os encargos financeiros (juros e capital) com a dívida. Ainda assim, nota o jornal, a dívida remunerada da empresa caiu cerca de 40% nos últimos quatro anos, com a CP a reduzir bastante o endividamento junto de entidades fora do Estado, o que permitirá baixar a fatura com juros da dívida.

Dos cerca de 1.800 milhões injetados desde 2016, apenas metade do montante correspondeu a reforços em numerário, isto é, em entradas de dinheiro por parte do acionista. Outros 900 milhões de euros corresponderam a reforços feitos através da conversão de créditos em capital.

Entre o final de 2015 e 2018, a transportadora ferroviária reduziu a dívida financeira de 3,5 mil milhões de euros para cerca de dois mil milhões de euros.

O Observador explica ainda que parte da elevada dívida da empresa vem do tempo em que a rede ferroviária e os investimentos associados ainda estavam na CP. Outra parte tem a ver com investimentos que a CP fez já depois de ter sido criada a Refer — Rede Ferroviária Nacional, entretanto integrada na Infraestruturas de Portugal — por exemplo, na compra e reabilitação de comboios. Neste caso, a CP realizou os investimentos sem ter sido dotada pelo acionista para esse efeito, recorrendo a capital alheio. A dívida da CP resulta ainda da necessidade de financiar sucessivos défices operacionais e prejuízos.

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