Centeno à Folha de S. Paulo: “Redução do papel do Estado foi longe demais. Isso levou ao populismo”
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Mário Centeno diz que a geringonça pode ter surpreendido muita gente, mas não a ele. Frisa que Portugal é hoje referência de estabilidade na Europa.
“Diria que o fosso entre os ricos e os pobres e a concentração do poder em poucas empresas sugere que a redução do papel do Estado foi longe demais nas últimas décadas. Isso abriu o caminho ao populismo radical“, afirmou Mário Centeno, ministro das Finanças, em entrevista ao jornal brasileiro Folha de S. Paulo (acesso livre).
Centeno, questionado sobre a importância do papel do Estado na economia, referiu que cabe ao Estado usar os “mecanismos de mercado, não se pode deixar usar por estes”.
“Os governos devem garantir a concorrência efetiva, assegurar a igualdade de oportunidades e substituir o mercado quando este falha. (…) A preponderância do Estado em certas áreas é justificada em qualquer circunstância. A saúde e a edução são exemplos. Há ainda a questão ambiental. O Estado deve acelerar a mudança energética”, disse o ministro ao jornal brasileiro, que o apelida de “um dos pais da geringonça, a improvável aliança de partidos de esquerda”.
Sobre essa “aliança”, Centeno diz que pode ter surpreendido muita gente, mas não a ele. Um dos resultados mais significativos da geringonça “foi a devolução de um sentimento de confiança aos portugueses”, que torna hoje em dia Portugal “uma referência de estabilidade política e económica numa Europa minada pela implosão do centro político”. “Esta realidade única surpreendeu muita gente, mas no plano económico não me surpreendeu“, assinala o ministro.
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Centeno contou que a geringonça nasceu porque “era preciso virar a página da austeridade e das políticas pró-cíclicas para reconquistar a confiança dos cidadãos” e ainda para “fazer as reformas necessárias para ganhar a confiança dos investidores, incluindo uma consolidação orçamental com credibilidade, que cumprisse as metas”.
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