Depósitos de clientes institucionais do BPI caem 63% após criação de comissão
Desde fim de julho que o BPI aplica comissão sobre depósitos dos clientes institucionais, visando contornar proibição a juros negativos. "O que está a acontecer é o objetivo que tínhamos", diz Forero.
A aplicação de uma comissão sobre os depósitos dos grandes clientes, com vista a minimizar o impacto dos juros negativos do BCE, já está a surtir efeitos no BPI. Desde o início do ano que o banco liderado por Pablo Forero já conseguiu baixar em mais de 60% o montante aplicado pelos investidores institucionais e financeiros nos seus depósitos.
“Os depósitos de investidores institucionais e financeiros diminuem 63% desde o início do ano, o que resulta de uma política ativa do BPI de redução destes depósitos com o objetivo de otimizar os rácios de liquidez”, diz esta segunda-feira o BPI no comunicado de apresentação de contas relativas ao último trimestre.
“Recebemos autorização do Banco de Portugal para utilizar esta comissão no final do ano passado e aqui está o resultado”, disse Pablo Forero relativamente a essa redução durante a apresentação de resultados trimestrais do BPI. “O que está a acontecer é o objetivo que tínhamos: reduzir os depósitos de investidores institucionais”, acrescentou.
Segundo as contas do BPI, no final de 2018, os investidores institucionais e financeiros tinham depositados nos cofres do banco 945 milhões de euros, correspondentes a 4,48% dos depósitos totais de clientes. No seguimento da quebra observada, esse valor encolheu para 350 milhões de euros no final de setembro, passando a representar 1,56% do total dos depósitos de clientes, que até cresceram 5,8%, para 22.336 milhões de euros.
A redução das quantias aplicadas por grandes clientes insere-se no âmbito de uma estratégia do BPI que pretende minimizar os efeitos negativos sobre as suas contas resultante dos juros negativos do BCE. A aplicação de uma comissão sobre os depósitos desses clientes foi a medida mais recente adotada pelo banco.
No final de julho, o banco liderado por Pablo Forero começou a taxas as quantias depositadas pelos investidores institucionais. Mais em concreto, a aplicação de uma comissão de 0,3% por ano nas contas de clientes institucionais de natureza financeira, à qual acresce o Imposto do Selo (IS) de 4%. As empresas do setor financeiro e segurador, bem como os fundos de pensões são o alvo deste custo.
O que acontece atualmente é que, por causa da política monetária do BCE, o excesso de liquidez das instituições financeiras que fica depositado na conta do banco central é penalizado com uma taxa negativa que pode ir até -0,5%. E quem paga a fatura é o banco. Ao contrário de outros países, em Portugal é proibido aplicar taxas negativas nos depósitos.
Os banqueiros têm revelado preocupações quanto ao impacto de não poderem aplicar taxas de juro negativas nos depósitos bancários. Recentemente, os maiores bancos portugueses disseram pretender pedir ao Governo que mudasse a lei com vista a poderem cobrar taxas de juros negativas nos depósitos bancários dos grandes clientes institucionais.
Entretanto, o Governo já veio negar essa possibilidade. Ao ECO, fonte oficial do Ministério das Finanças rejeitou qualquer alteração no quadro em vigor, porque isso poderia minar a confiança dos aforradores. “O atual quadro jurídico não permite a cobrança de taxas de juro nos depósitos. O Governo não pondera nenhuma alteração legislativa que modifique este quadro”, salientou.
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