Patrão de Mário Lino detido após negócios suspeitos de venda de pernil à Venezuela
Administradores da Iguarivarius são suspeitos de fuga ao Fisco em negócio milionário de venda de carne de porco à Venezuela. Cavalleri, patrão da empresa, terá sido apanhado com arma de fogo.
Alexandre Cavalleri, líder da empresa alimentar Iguarivarius, foi detido esta quarta-feira por posse de arma de fogo ilegal na sequência da Operação Navidad, uma investigação das autoridades a negócios de venda de pernil de porco a uma empresa estatal da Venezuela. A notícia foi avançada pelo Correio da Manhã (acesso pago).
Em causa, dez buscas domiciliárias e não domiciliárias levadas a cabo pela Polícia Judiciária, através da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais e da Unidade Nacional de Combate à Corrupção. Sob suspeita estão negócios entre a Iguarivarius e o Comité Local de Abastecimentos e Produção da Venezuela, no valor de 60 milhões de euros, que levaram à constituição como arguidos de outros dois administradores da empresa e de três sociedades instrumentais, segundo o mesmo jornal.
As autoridades suspeitam de uma fraude fiscal de sete milhões de euros em comissões avultadas recebidas pelos arguidos e que foram enviadas para sociedades offshore, prejudicando o Estado em sede de IRC e IRS.
Até final de 2018, a empresa teve como administradores o ex-chefe de gabinete de Paulo Portas quando este era ministro da Defesa de Durão Barroso, Manuel Mendes Brandão, e também Mário Lino, que foi ministro do Equipamento num dos governos de José Sócrates, e que integrou a missão empresarial à Venezuela onde foi iniciada a venda de pernil, no âmbito do acordo entre o Estado português e a Venezuela — a Galp comprava petróleo à PDVSA, o dinheiro era colocado numa conta caucionada da CGD e servia para pagar as empresas portuguesas que vendiam os seus produtos às empresas venezuelanas, de modo a evitar atrasos nos pagamentos. Mário Lino, contactado pelo Correio da Manhã, garantiu nunca ter suspeitado “de nada”.
A Iguarivarius foi uma das empresas envolvidas no incidente do pernil de porco em 2017. Nesse ano, Nicolás Maduro reclamou que as milhares de toneladas de pernil de porco importado de Portugal não chegaram antes do Natal, como era suposto, tendo acusado Portugal de “sabotagem”. Nessa altura, as empresas portuguesas exportadoras de pernil, entre as quais a Iguarivarius, tinham créditos de cerca de 40 milhões junto do Estado venezuelano.
O pernil de porco assado é uma das iguarias apreciadas pelos venezuelanos na época natalícia. No regime de Nicolás Maduro, cada família venezuelana tem direito a cinco quilos de carne por ocasião desta quadra, apesar da grave crise política, social e financeira a que o país tem estado sujeito.
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