Merlin traz de Espanha bons dividendos para a bolsa de Lisboa
Sociedade de investimento em imobiliário espanhola apresenta-se esta terça-feira na Euronext Lisbon e começa na próxima sessão a negociar. É a primeira entrada em bolsa desde 2018.
Diz a sabedoria popular que de Espanha nem bom vento nem bom casamento. E os aforradores portugueses preparam-se para testar uma nova versão do ditado: será que de Espanha vêm bons investimentos? Depois de Madrid, Barcelona, Bilbau e Valência, as ações da Merlin Properties chegam à bolsa de Lisboa esta quarta-feira, com a imobiliária espanhola de olho num reforço do posicionamento no mercado português.
Apesar de ter decidido não adotar o estatuto de sociedade de investimento e gestão imobiliária (SIGI) em Portugal — tem a categoria equivalente em Espanha, ou seja, de SOCIMI –, a Merlin poderá dar, de qualquer forma, aos investidores portugueses o melhor que esse regime tem: os dividendos atrativos.
“A empresa considera Portugal como um dos seus mercados core. Ser cotada na Euronext Lisbon salienta a intenção da Merlin de reforçar a posição no mercado português e o valor estratégico de Portugal para a empresa”, refere a empresa liderada por Ismael Clemente, no documento em que apresenta a entrada na bolsa de Lisboa.
“A empresa espera aumentar a visibilidade, reputação e perceção da marca” em Portugal e “expandir e diversificar a base de investidores“, explica. O maior acionista da Merlin é o Santander (com 22,3% do capital), sendo que a BlackRock (3,14%) e a Invesco (1,014%) também têm participações.
"O listing irá dar aos investidores portugueses acesso mais direto a uma das empresas de imobiliário líderes na Europa, envolvendo-se na aquisição (direta e indireta), gestão ativa, rotação operacional e seletiva de ativos de propriedade comercial.”
A SOCIMI Merlin Properties estreia-se após a operação de dual listing, ou seja, as mesmas ações que negoceiam nos quatro índices espanhóis passarão a negociar também em Lisboa. As ações deverão entrar com o mesmo valor que têm em Espanha: 12,34 euros por cada um dos 469,8 milhões de títulos, o que lhe dá uma capitalização bolsista de 5,8 mil milhões de euros. É a partir desta data que a bolsa nacional passará a ter uma cotada especializada no setor imobiliário.
“O listing irá dar aos investidores portugueses acesso mais direto a uma das empresas de imobiliário líderes na Europa, envolvendo-se na aquisição (direta e indireta), gestão ativa, rotação operacional e seletiva de ativos de propriedade comercial nos segmentos core e core plus, admitidos à negociação na Bolsa de Valores de Espanha (IBEX 35)”, promete a empresa.
Merlin está avaliada em Espanha em 5,8 mil milhões
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Dividendos cresceram 8,7% nos últimos dois anos
A Merlin investe em imóveis comerciais (especialmente escritórios, retalho e logística) principalmente em Espanha, mas também em Portugal (num máximo de 25% da carteira). Em setembro do ano passado, o total de ativos atingia os 12.899 milhões de euros.
No terceiro trimestre de 2019, a empresa lucrou 316,2 milhões de euros, o que representa uma quebra de 37% face ao período homólogo. Ainda não são conhecidos os dados finais do ano, mas os lucros caíram entre 2017 (ano em que superaram os mil milhões de euros) e 2018 (em que ficaram pelos 855 milhões). Apesar disso, não impediu a gestão de aumentar a remuneração dos acionistas.
Por lei, as SOCIMI têm de distribuir pelo menos 50% dos lucros de transação de imóveis e ganhos com ações, bem como reinvestir o restante nos três anos seguintes. Têm de dar 100% dos lucros com dividendos de subsidiárias e, pelo menos 80%, dos restantes ganhos.
No ano passado, nas três categorias, os acionistas receberam um total de 0,50 euros por ação (referentes a 2018), mais 8,7% que os 0,46 euros recebidos no ano anterior. Referente ao ano de 2019, os acionistas já receberam um dividendo intercalar de 0,20 euros, mas ficam a faltar o dividendo final e a distribuição de ganhos acionistas.
E estes poderão ser já recebidos por investidores portugueses já que “os acionistas registados à data da assembleia geral de acionistas” são “elegíveis” para esta remuneração. “A empresa mantém uma política de dividendos que tem em consideração níveis sustentáveis e espelha a perspetiva da empresa de obter recorrentemente lucros”, acrescenta.
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