Vídeo: De Luanda, a Lisboa e ao Dubai. Por onde andaram os milhões de dólares que saíram da Sonangol para o universo de Isabel dos Santos
São 115 milhões de dólares que saíram das contas da petrolífera alegadamente desviados por Isabel dos Santos, segundo um consórcio de jornalismo de investigação. Por onde andou este dinheiro?
Mais de 115 milhões de dólares terão sido desviados da empresa estatal angolana Sonangol em cerca de seis meses, em 2017. Um consórcio internacional de jornalismo de investigação revelou este domingo mais de 715 mil documentos — os Luanda Leaks –, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido Sindika Dokolo, sendo o principal o alegado desvio de dinheiro da petrolífera que a empresária liderou nesse período.
A filha do ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos tornou-se presidente executiva da Sonangol em 2016, através de um decreto presidencial assinado pelo pai. Em setembro de 2017, o então presidente deixou o poder ao fim de 38 anos, tendo sido substituído por João Lourenço.
Apesar de ser do mesmo partido, Lourenço afastou Isabel dos Santos da Sonangol logo após chegar à presidência, a 15 de novembro desse ano. E é no dia seguinte que foram feitas a maior parte das saídas de dinheiros: três ao longo do dia num total de 57,8 milhões de dólares, através da subsidiária britânica Sonangol UK, que já seria liderada por Maria Rodrigues (que alega nunca ter sequer chegado a entrar no gabinete).
A investigação, liderada em Portugal pelo Expresso e pela SIC, indica que as transferências foram feitas para a Matter Business Solutions, com sede no paraíso fiscal do Dubai. Esta empresa teria ficado com um contrato inicialmente atribuído à Holding Wise Intelligence Solutions, com sede em Malta e detida por Isabel dos Santos, para assessorar o Estado angolano na reestruturação do setor petrolífero.
A Matter Business Solutions — que é detida pela amiga de Isabel dos Santos, Paula Oliveira, e tem como diretor o sócio Mário Leite da Silva — enviou à Sonangol uma série de faturas no dia em que a empresária angolana foi exonerada da petrolífera pública de Angola, cobrando montantes elevados por alegadas prestações de serviços, com descritivos vagos.
Estas (no valor de 57,8 milhões de dólares) juntam-se a outras 63 faturas emitidas pela Ironsea (antiga designação da Matter) em nome da Sonangol Limited e aprovadas entre 29 de maio a 8 de junho de 2017. De 6 de junho a 25 de outubro de 2017, estas faturas foram pagas com 58,98 milhões de dólares, através de 15 ordens emitidas a partir da conta da Sonangol no EuroBic, em Lisboa.
O total ultrapassa os 115 milhões de dólares. Numa carta enviada por Isabel dos Santos ao ICIJ, Expresso e SIC a 14 de janeiro, através do escritório de advogados Carter-Ruck, justificou: “O custo total do projeto de reestruturação durante um período de 18 meses, cobrindo o custo de todos os consultores, de junho de 2016 a novembro de 2017, foi de cerca de 115 milhões de dólares”.
O rasto do dinheiro perdido passa, assim, por cinco localizações chave: além de Malta (casa dos primeiros offshores), as principais decisões terão sido tomadas entre Luanda e Londres, enquanto foi de Lisboa (sede do banco EuroBic onde estavam sediadas as contas bancárias) que o dinheiro saiu em direção ao Dubai (onde chegou até à empresa Matter).
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