Iberdrola investe mais 200 milhões de euros em Portugal. Quer eólicas no Alto Tâmega
Ao complexo eletroprodutor do Tâmega juntar-se-ão novos projetos renováveis da Iberdrola em Portugal na energia solar e também eólica.
O presidente da Iberdrola, Ignacio Galán, anunciou esta segunda-feira o investimento de 200 milhões de euros em “novos projetos eólicos” na região do Alto Tâmega, que permitirão fornecer energia limpa aos 800 mil clientes da empresa em Portugal.
“Estamos a promover outros novos projetos eólicos nesta mesma área [Alto Tâmega] que significarão um investimento de 200 milhões de euros”, destacou o responsável pela empresa espanhola, citado pela Lusa.
Ignacio Galán falava em Ribeira de Pena, após a visita à barragem de Daivões e sub-estação de Gouvães, no distrito de Vila Real, inseridas no Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET) um dos maiores projetos hidroelétricos na Europa, nos últimos 25 anos, contemplando investimento de 1.500 milhões de euros e da responsabilidade da Iberdrola.
“Os trabalhos, que começaram em 2014, já estão concluídos em dois terços. Estima-se a sua conclusão em 2023, conforme o calendário previsto, sendo que o aproveitamento de Gouvães e Daivões entrarão em operação já em finais de 2021”, anunciou também a empresa em comunicado enviado às redações, sublinhando: “Uma vez concluída, esta infraestrutura renovável terá capacidade de armazenamento suficiente para fornecer energia limpa a dois milhões de casas portuguesas durante um dia inteiro, o que contribuirá para os objetivos de redução de emissões fixados pelo governo português”.
A visita às obras de construção das novas barragens contou também com a presença do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, além dos presidentes das Câmaras Municipais de Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar, Chaves e Cabeceiras de Basto.
De passagem por Portugal, o presidente da Iberdrola explicou ainda que este investimento irá permitir “fornecer energia limpa” aos 800 mil clientes que a empresa tem em Portugal. “A Iberdorla deseja continua a crescer em Portugal e não havia melhor lugar para manifestar este compromisso do que neste SET”, vincou.
Ao complexo do Tâmega juntar-se-ão novos projetos renováveis da Iberdrola em Portugal: a empresa conseguiu, recentemente, capacidade solar para mais do que duplicar a sua potência renovável operativa no país e desenvolver novos projetos de capacidade eólica na região do Tâmega. No final da sua intervenção, Ignacio Galán disse a António Costa: “Pode estar seguro de que continuaremos a impulsionar a transição energética neste país, e com isso a criação de riqueza, emprego e bem-estar para todos os portugueses”.
Recordando que a utilização de energia limpa é a base do modelo da Iberdrola, o responsável lembrou que o SET irá contribuir de forma “muito relevante” para o cumprimento da redução das emissões de carbono do Governo português.
Segundo dados divulgados pela Iberdrola, a barragem do Gouvães encontra-se atualmente 75% concluída, enquanto a de Daivões está em 68% e a do Alto Tâmega em 42%. Prevê-se que em 2023 esteja concluído todo o SET, permitindo acrescentar 1,2 GW de capacidade renovável ao sistema elétrico nacional e garantir a segurança energética. Assim que as novas barragens entrem em funcionamento,o Governo pode avançar com o seu objetivo de encerrar as centrais a carvão do Pego e Sines.
A nova “gigabateria” do Tâmega fornecerá quase 900 MW de capacidade de bombagem para o sistema elétrico português, o que implicará um aumento de 30% em relação aos megawatts de bombagem que Espanha possui atualmente. A bombagem funciona como uma salvaguarda para o sistema elétrico, pois permite que a energia seja armazenada, elevando a água de um reservatório inferior para um localizado numa parte mais alta. Isso significa que uma grande quantidade de eletricidade pode ser gerada rapidamente, turbinando a água até o reservatório inferior, “sem gerar emissão de poluentes na atmosfera”, garante a Iberdrola.
Assim, a energia excedente em períodos de baixo consumo é utilizada para bombear água de um reservatório menor para um maior, obtendo energia que permitirá ajudar a atender às necessidades do mercado durante as horas de maior procura. Dessa forma, a tecnologia de bombagem hidroelétrica é fundamental para garantir a estabilidade do sistema elétrico perante a intermitência das outras fontes de energia renováveis, como eólica ou a solar fotovoltaica, que são chamadas a desempenhar um papel fundamental na transição energética que levará à descarbonização da economia.
A Iberdrola prevê atingir os 90 milhões de quilowatt hora (kWh) em capacidade de armazenamento até 2022, um aumento de quase 30% face a 2018: mais 20 milhões de kWh, equivalentes a 400.000 baterias de carros elétricos ou a 1,4 milhões de baterias para uso residencial.
O projeto hidroelétrico foi apresentado oficialmente em 2009, no ano a seguir perdeu uma das quatro barragens inicialmente previstas por imposição da Declaração de Impacto Ambiental (DIA), as obras começaram em 2014 e devem estar concluídas em 2023.
Ao longo desta década, o empreendimento foi alvo de muita contestação por parte de associações ambientalistas e de moradores dos concelhos afetados. O enchimento das albufeiras de Daivões e de Alto Tâmega vai ter impacto em 52 casas.
As obras do aproveitamento hidroelétrico de Alto Tâmega foram parcialmente suspensas em março, após terem sido identificadas “condições geológicas no local não previstas durante a fase de estudo”, informou em setembro a Iberdrola.
A empresa rescindiu mesmo o contrato com o empreiteiro, um consórcio liderado pela Mota-Engil, alegando “divergências relacionadas com incumprimentos e atrasos não relacionados com a suspensão de trabalhos”.
A Iberdrola disse ainda ter aberto um concurso para a conclusão da central e barragem do Alto Tâmega, um processo que esperam ver concluído durante o primeiro trimestre de 2020.
O empreendimento emprega cerca de 1.800 pessoas, das quais perto de 370 são dos municípios da região, e contará com uma potência instalada de 1.158 megawatts (MW), alcançando uma produção anual de 1.760 gigawatts hora (GWh), ou seja, 6% do consumo elétrico do país.
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